[𝐗]. 𝑶 𝑳𝑨𝑹 𝑫𝑬 𝑩𝑬𝑳𝑳𝑬

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— CERTO — DISSE ANNABETH —, ESTAMOS entrando na Terra dos Mortos e eu não devo ter pensamentos negativos?

— Exato — Belle respondeu prontamente. Já ficando um pouco irritada, na verdade. O Mundo Inferior não era o lugar horrível como faziam parecer. — Então pare . Eu sei o que estou fazendo. Você pode ser filha de Atena, mas a filha de Hades aqui sou eu.

Percy mantinha seu olhar preso nas esferas cor de leite que a nereida o dera em Santa Monica. Talvez – e esperançosamente – um recurso útil para o caso de algo dar errado.

Annabeth pôs a mão em seu ombro.

— Desculpe, Percy. A Bella tem razão, vamos conseguir. Vai dar tudo certo.

Ela deu uma cutucada em Grover.

— Ah, está certo! — concordou ele. — Chegamos até aqui. Vamos encontrar o raio-mestre e salvar sua mãe. Sem problemas.

Percy os olhou com gratidão e então enfiou as pérolas mais uma vez no bolso.

Belle se levantou e seguiu em frente. Já era quase meia-noite, mas o saguão da M.A.C estava iluminado e cheio de gente. Ela se virou para Percy.

— Você ainda tem os dracmas?

Assentindo e revirando sua bolsa, pegou uma bolsinha com dracmas de ouro que havia pegado na loja de Crosta e colocou na mão de Belle, que assentiu. Sim, seria o suficiente. Ela voltou a olhar para os outros três.

— Okay. A partir de agora, eu assumo — ressaltou mais uma vez. — Eu falo e vocês apenas escutam, certo?

Ela entrou no saguão do M.A.C.

Alto-falantes embutidos tocavam uma música ambiente suave. O carpete e as paredes eram cinza-chumbo. Cactos cresciam nos cantos como mãos de esqueletos. Os móveis eram de couro preto, todos os assentos estavam ocupados. Havia gente sentada em sofás, gente em pé, gente olhando pela janela ou aguardando o elevador. Ninguém se mexia, nem falava, não faziam nada. Belle nunca havia entrado no Mundo Inferior por ali, mas havia uma primeira vez para tudo.

Entretanto, a tranquilidade de Belle não parecia estar alcançando os outros. Percy, por exemplo. Para ele, tudo era estranho.

Com o canto do olho, Percy podia ver as presenças muito bem, mas, ao se concentrar em qualquer um em particular, começavam a parecer... Transparentes. Dava para ver através dos seus corpos. Ele se perguntava se Bella podia vê-los com clareza independente de como olhava. Ainda com o canto do olho, conseguia ver que todos os seguiam com o olhar- não, não ele, não Annabeth e não Grover, mas a Bella. Eles a olhavam.

O balcão da segurança ficava em cima de um degrau, portanto tinham de olhar para o alto para falar com o guarda.

Ele era alto e elegante, com pele negra viçosa e cabelo tingido de loiro, cortado em estilo militar. Usava armação de tartaruga e um terno de seda italiano que combinava com o cabelo. Uma rosa preta estava presa à lapela, embaixo de um crachá de prata.

— Olá, Caronte — Belle disse suavemente.

Ele se inclinou por cima da mesa fria. Seu sorriso era doce e frio, como um predador. Normalmente, Belle deveria se sentir bem intimidada, mas sendo sincera, não estava se sentindo outra coisa que não fosse conforto por estar ali.

Estava em casa, afinal.

— Ah, vejam só — ele disse com seu sotaque estranho, que, assim como Belle, pertencia a alguém que falava o inglês como sua segunda língua. — É a senhorita. Escolheu um caminho bem ordinário para vir desta vez, não?

𝐏𝐀𝐑𝐀 𝐎 𝐐𝐔𝐄 𝐄𝐑𝐀𝐌𝐎𝐒 𝐀𝐍𝐓𝐄𝐒 (𝐞 𝐭𝐮𝐝𝐨 𝐝𝐞𝐩𝐨𝐢𝐬)Onde histórias criam vida. Descubra agora