[𝐕𝐈]. 𝑬 𝑭𝑰𝑵𝑨𝑳𝑴𝑬𝑵𝑻𝑬 𝑩𝑬𝑳𝑳𝑬 𝑫𝑰𝒁 𝑵𝑨̃𝑶

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OS MONSTROS CORRIAM FRENÉTICOS de um lado para o outro. Rapidamente reunindo armas, escudos e qualquer outro equipamento contundente que pudesse ser usado na defesa.

Onde essstá? Uma dracaena perguntou a outra enquanto olhava freneticamente ao redor.

Estava escuro e frio. Eles estavam no período mais profundo da noite.

Não sssabemosss! A outra respondeu com igual pânico.  Osss abatedoresss que fizeram contato visssual. Não temosss notíciasss delesss desssde então...

Isso estava acontecendo havia alguns meses. De repente, sem aviso algum, os esconderijos que os monstros estavam usando a fim de se reunirem e se fortalecerem para o dia da ascensão de Cronos passou a ser invadido, um a um, sem ordem específica. Tudo o que se sabia era que uma vez invadido, nada sobrava do lugar.

De repente, um Telquine passou correndo por elas ao mesmo tempo em que gritava  para ninguém em específico  para se reunirem no corredor principal da ala leste, o que foi exatamente o que fizeram. Lestrigões, Hiperbóreos e alguns cães infernais se juntaram. Confiando plenamente de que a quantidade dificilmente seria superada.

Ao chegarem no local de destino, perceberam que todos os braseiros estavam apagados. Apenas a tênue luz da lua que entrava por um buraco no teto  esse que podiam jurar que não estava lá antes  servia como fonte de luz e insuficiente por sinal; além do arco de sustentação que ficava no final do corredor, havia apenas um breu, um vazio. Nem mesmo um som de respiração era presente; mau agouro. Sem esperar por mais, um trio composto por um gigante, um Hiperbóreo e um Lestrigão, marcharam com coragem em frente, passando pelo arco e adentrando no enorme salão que sabiam haver lá.

Vários segundos se passaram, esses que podiam ser muito bem horas e ainda assim, nada era audível. Quer dizer, aquela era uma luta, não fazia sentido algum o silêncio.

Então, a brisa noturna suave soprou ao mesmo tempo em que um barulho de algo bem similar a um bloco de gelo caindo com força no chão ecoou. Todavia, não foi isso que alertou os outros monstros, que ainda estavam em posição de ataque, prontos. Mas sim o fato de que a brisa levou até eles pequenos resquícios de pó dourado  um monstro acabou de ser mandado de volta para o Tártaro.

Como se para não deixar dúvidas, grandes pedaços de gelo que um dia foi o Hiperbóreo  foram mandados deslizando pelo piso até eles, o que apenas serviu para deixá-los ainda mais tensos.

O som de passos ecoou contra o piso de mármore. Não havia pressa neles, mantendo o ritmo constante, calmo e controlado, até que, lentamente, uma figura foi emergindo da escuridão - como se as sombras estivessem lentamente escorrendo por ela e revelando sua presença - sendo iluminada pela suave luz prateada.

Apesar de ser uma presença pequena em estatura, a aura que emanava era gigante. Vestida completamente de preto dos pés à cabeça, a figura apenas ficou parada os observando, não havendo pressa e muito menos temor em sua postura. O capuz preto do casaco não permitia com que seu rosto fosse visto, permitindo apenas um vislumbre de seu maxilar, boca e nariz. Em uma de suas mãos e em um aperto casual, estava uma espada grega completamente preta, com a guarda da arma sendo decorada pelo que parecia ser um cão de três cabeças.

E então, com um arrepio frio, a dracaena e todos os outros monstros perceberam tarde demais que não importava a quantidade deles presente, não havia como escaparem com vida dali.

A sombra da morte...  era um nome que estava ficando rapidamente popular entre eles.

Como se para reafirmar isso, a figura de preto recomeçou o seu caminhar plácido em direção a eles. Lentamente, as sombras atrás dela cresciam e se expandiam, engolindo as paredes, as pilastras, a luz da lua e a brisa noturna. De repente, não havia mais nada ali, só o vazio; só a morte.

𝐏𝐀𝐑𝐀 𝐎 𝐐𝐔𝐄 𝐄𝐑𝐀𝐌𝐎𝐒 𝐀𝐍𝐓𝐄𝐒 (𝐞 𝐭𝐮𝐝𝐨 𝐝𝐞𝐩𝐨𝐢𝐬)Onde histórias criam vida. Descubra agora