[𝐈𝐈𝐈]. 𝑨 𝑭𝑶𝑵𝑻𝑬 𝑫𝑨 𝑰𝑹𝑹𝑰𝑻𝑨𝑪̧𝑨̃𝑶 𝑫𝑬 𝑩𝑬𝑳𝑳𝑬

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ANDAR LIVRE E TRANQUILA POR LUGARES enquanto fazia pequenas tarefas para o pai ao mesmo tempo que aprendia a administrar o Mundo Inferior era um dos hobbies favoritos de Belle.

Com as mãos no bolso do casaco que usava – um que ficava maior do que ela, chegando até a altura das coxas - caminhava calmamente pelo cemitério antigo. Quanto mais rápido terminasse com aquilo, mais rápido poderia voltar para casa.

— Não deveriam estar aqui — disse assim que viu os fantasmas, que se sobressaltaram ao escutar a voz dela. Pareciam surpresos por vê-la ali, o que foi proposital, pois Belle era perfeitamente capaz de ocultar sua presença deles. — Tânatos está procurando por vocês.

— Prin... princesa — um deles disse. — Nós... nós apenas-

De novo essa coisa de "princesa"...

— Poupe seu tempo, por favor. Não estou muito interessada em escutar a mentira que usarão como desculpa — ela rapidamente cortou enquanto erguia uma de suas sobrancelhas. — Faremos assim, vocês três têm duas opções: voltar agora e só ter que escutar um longo discurso de Tânatos, ou eu os mandarei de volta do jeito mais doloroso e difícil. E então? O que vai ser?

— Mas Princesa! Os Julgamentos!

Belle suspirou.

— Não sou eu que faço as regras do Julgamento. As deliberações que receberão advém das vidas que levaram — explicou calmamente pela provável centésima vez naquela semana. — Sei que estão com medo, mas sei também que querem ser permitidos a seguirem em frente, mas para isso, precisam passar pelo Julgamento. Entendem? Meu pai é o Juíz principal, ele é justo. Nada do que receberão será a mais, eu lhes prometo isso.

De fato, seu pai era um dos Juízes. O Senhor dos Mortos. Ser justo e respeitar a morte independente de qual seja era o principal. Mesmo que fosse por pouco tempo, Belle o conhecia por tempo o suficiente para saber que seu pai era do tipo de seguir as regras, de respeitá-las – características essa que pelo visto passara para seus filhos, mesmo que de maneira limitada – então estaria tudo bem- espera. Se o pai dela era justo... Por que Belle existe? O Pacto não especificava que nenhuma criança dos Três Grandes deveria existir? O que ela faz viva e respirando, então?

De repente, a cabeça de Belle pareceu pesada demais para o seu pescoço.

Enquanto isso, os fantasmas se remexiam nervosos.

— Entendemos... — responderam em uníssono. A voz soando igual a de crianças pequenas que acabaram de serem pegas fazendo algo que não deviam.

— Se apesar disso ainda estão com tanto medo assim — Belle começou. Ignorando o que quer que tenha sido aquilo. — Presenciarei o Julgamento de vocês, não serei hábil a fazer grandes interferências, claro, mas posso oferecer sugestões. O que me dizem?

Eles sorriram.

— Tudo bem! — um concordou enquanto o outros assentiram. — Esperaremos a senhorita!

Então eles sumiram. Esperançosamente, estavam indo para as filas do Mundo Inferior.

Noir desceu, pousando sem dificuldade alguma no ombro dela.

"Esses foram mais fáceis."

— Algumas pequenas glórias, afinal — ela se virou para o seu amigo com penas. — Dê as notícias ao meu pai, tudo bem? E fale com Lilian, sim? Quero que ela me informe sobre o resultado da otimização das filas. Quero saber se está dando certo ou se outra melhoria será necessária. O fluxo daquele Pavilhão é sempre intenso, afinal.

"O farei imediatamente, não se preocupe. Enquanto isso, tenha cuidado. Os ataques de monstros estão cada vez mais frequentes."

— É claro — Belle esboçou um sorriso. — Não se preocupe. Você também tome cuidado, Noir.

𝐏𝐀𝐑𝐀 𝐎 𝐐𝐔𝐄 𝐄𝐑𝐀𝐌𝐎𝐒 𝐀𝐍𝐓𝐄𝐒 (𝐞 𝐭𝐮𝐝𝐨 𝐝𝐞𝐩𝐨𝐢𝐬)Onde histórias criam vida. Descubra agora