𝐏𝐀𝐑𝐀 𝐎 𝐐𝐔𝐄 𝐄𝐑𝐀𝐌𝐎𝐒 𝐀𝐍𝐓𝐄𝐒 (𝐞 𝐭𝐮𝐝𝐨 𝐝𝐞𝐩𝐨𝐢𝐬)

[𝐗𝐈𝐈]. 𝑶 𝑫𝑼𝑬𝑳𝑶 𝑫𝑬𝑪𝑰𝑺𝑰𝑽𝑶 𝑵𝑨𝑺 𝑯𝑶𝑹𝑨𝑺 𝑭𝑰𝑵𝑨𝑰𝑺

APÓS TEREM SIDO RESGATADOS POR UM BARCO da Guarda Costeira - que não pôde ficar por muito tempo, já que tinha mais pessoas para salvar graças ao terremoto provocado por Hades – foram deixados no píer.

— Eu não acredito! — disse Annabeth. — A gente passou por tudo aquilo e-

— Foi um truque. Uma estratégia digna de Atena.

— Ei!

— Você entendeu, não é?

Ela baixou os olhos, a raiva murchou.

— Sim. Entendi.

— Bem, eu não entendi! — reclamou Grover. — Será que alguém poderia-

— Percy... — disse Annabeth. — Eu sinto muito pela sua mãe. Sinto tanto...

— A profecia estava certa — disse ele ao invés. Pois se continuasse pensando que deixara sua mãe para trás, iria começar a chorar. —"Você deve ir para o oeste, e enfrentar o deus que se tornou desleal".

Mas não era Hades. O deus não queria guerra entre os Três Grandes. Algum outro executou o roubo. Alguém roubou o raio-mestre de Zeus e o Elmo de Hades, tramou contra Percy e Belle porque um era filho de Poseidon e a outra de Hades. Poseidon seria culpado por ambos os lados e Poseidon culparia Hades. Ao pôr-do-sol de hoje, haveria uma guerra tríplice.

Belle não falaria um "eu avisei" apesar de sua garganta estar queimando para isso. Não precisava adicionar mais lenha à fogueira. Mas talvez em seus olhos aquelas palavras estivessem escritas em letras garrafais, porque assim que Percy a olhara, rapidamente desviou o olhar.

Ou então talvez fosse porque estava difícil segurar a vontade de o acertar com um soco bem em seu rosto.

Grover sacudiu a cabeça, desconsertado.

— Mas quem seria tão fingido? Quem iria querer uma guerra tão ruim?

— Puxa! — disse Percy. — Deixem-me pensar.

Ali estava ele, aguardando pelos quatro, em seu casaco preto de couro, óculos escuros e um bastão de beisebol de alumínio ao ombro. A motocicleta roncava ao seu lado, o farol deixando a areia vermelha.

— Ei, garoto — disse Ares, parecendo genuinamente contente em vê-lo. — Você devia estar morto.

— Você me enganou. Você roubou o Elmo e o Raio-mestre.

Ares arreganhou um sorriso.

— Bem, mas eu não os roubei pessoalmente. Deuses tirando símbolos de poder uns dos outros? Nã-nã-nã, isso é inaceitável. Mas você não é o único herói do mundo sendo o garoto dos recados.

— Quem você usou? Clarisse? Ela estava lá no solstício de inverno.

A ideia pareceu diverti-lo.

— Não importa. A questão, garoto, é que você está impedindo o esforço de guerra. Entenda, você precisa morrer no Mundo Inferior. Então o Velho Alga do Mar vai ficar furioso com Hades por matá-lo. Zeus ficará furioso com O Bafo de Cadáver porque ele ficou com o raio-mestre, que ficará furioso com o Velho Alga do Mar quando ele matar a filhinha dele aqui em retaliação pela sua morte, sem contar que ainda estaria procurando por isto...

Ele tirou do bolso uma balaclava - do tipo que os ladrões de banco usam - e a colocou no meio do guidão da sua moto. A peça se transformou em um elaborado capacete de guerra em bronze.

Belle arregalou os olhos.

(Ao julgar pela expressão dela, Percy tinha a sensação de que a qualquer momento, ela simplesmente pularia em cima do deus para recuperar a arma do pai)