[𝐗𝐈𝐈𝐈]. 𝑶 𝑻𝑹𝑨𝑼𝑴𝑨́𝑻𝑰𝑪𝑶 𝑷𝑶́𝑺-𝑩𝑨𝑻𝑨𝑳𝑯𝑨

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OH NÃO - BELLE DISSE, SEUS OLHOS presos nos corpos sem vida do semideus no chão. Ela conhecia aquelas pessoas. Um nó pareceu se formar em sua garganta e ela teve que respirar fundo algumas dezenas de vezes a fim de evitar com que não se desmanchasse em lágrimas.

— Elle, quem- — a voz de Nico parou abruptamente. — Oh...

— Você poderia... poderia chamar Clarisse La Rue e Silena Beauregard aqui, por favor?

Tudo bem... — Nico apertou uma única vez a mão de Belle e então saiu silenciosamente.

Ainda segurando com força o nó na garganta, Belle se abaixou e começou a arrumar os corpos, limpando a fuligem, a terra e o que podia do sangue.

— O que aconteceu, De La Vie-

Deuses!

Ainda sem se virar para as duas, Belle disse:

— Precisamos de duas mortalhas, uma para a filha de Ares Eloíza Spear e para o filho de Afrodite, Noah Valentine.

Clarisse não disse nada. Apenas assentiu rigidamente e saiu, já Silena estava com os olhos cheios de lágrimas e se apoiou pesadamente em Belle.

Oh, não. Pobre Drew... pobrezinha...

Tal comentário apenas serviu para que o nó apenas aumentasse e ela apertou o braço de Silena, tanto para firmar a si mesma, como também em uma forma de passar conforto. Há alguns meses, para a surpresa de Silena e da própria Belle, Drew e Eloíza começaram a se envolver e a filha de Afrodite até podia negar – com o rosto vermelho como um pimentão –, mas elas sabiam que as duas estavam namorando... ou ao menos, encaminhando para isso.

Ela ainda se lembrava do choque que sentiu ao presenciar as duas se beijando próximo ao lago de canoagem. Belle inclusive tinha feito – novas – ameaças implícitas para a filha de Ares, mas nada muito sério, claro. Se Drew estava feliz, Belle estava disposta a tolerar.

E agora... aqui estava ela. Belle não gostava de Eloíza e nunca fizera questão de esconder aquele fato. Entretanto, se aquela garota fazia Drew feliz... então bem, Belle manteria a lista de críticas que tinha a fazer para a filha de Ares. Por mais que Eloíza tivesse – mais de uma vez – sido malvada com Belle, ela nunca a desejaria a morte e muito menos ficaria feliz com isso. Assim como Cassandra, que mesmo que por muito pouco não a arrancava o olho, não merecia morrer da maneira que morreu, sem ao menos com um corpo para ser entregue à família. Na época até pode ter tido vontade de rir, mas assim que descobriu ser filha de Hades e aprendeu mais sobre vida e morte e tudo o que os heróis são forçados a passar nas mãos indiferentes dos deuses, Belle profundamente se arrependia do que fez.

E ainda tinha o pobre Noah Valentine. Que até podia ser um pouco irritante – de um jeito engraçado – e sempre dando um jeito de deixar subentendido seus sentimentos por Belle, mesmo que ela dissesse que não estava interessada. Faziam apenas alguns meses que descobrira ser um semideus... havia tanto para descobrir e aprender. Ele era um garoto legal, simpático e inteligente – ensinara a Belle boas combinações de cores para suas roupas enquanto estavam no internato - e não merecia de jeito nenhum o destino infligido a ele.

Deuses, o que diria para o pai dele? Afinal, Belle foi apresentada a ele. Como falaria para seu pai que seu filho morreu enfrentando um Telquine, se ele nem ao menos conseguia acreditar que Noah era um semideus?

Enquanto Belle apoiava Silena, ambas observaram os corpos serem levados para o Anfiteatro, que era onde a queima das mortalhas aconteceria - uma grande cerimônia fúnebre. E então seguiram logo atrás.

𝐏𝐀𝐑𝐀 𝐎 𝐐𝐔𝐄 𝐄𝐑𝐀𝐌𝐎𝐒 𝐀𝐍𝐓𝐄𝐒 (𝐞 𝐭𝐮𝐝𝐨 𝐝𝐞𝐩𝐨𝐢𝐬)Onde histórias criam vida. Descubra agora