[𝐒𝐈𝐃𝐄 𝐒𝐓𝐎𝐑𝐘 𝟑]: 𝑨𝑺 𝑷𝑹𝑰𝑴𝑬𝑰𝑹𝑨𝑺 𝑪𝑰𝑪𝑨𝑻𝑹𝑰𝒁𝑬𝑺

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DEUSES GREGOS. ELES ERAM REAIS. BELLE não esperava que as histórias lidas apenas nos livros pudessem ir além das páginas envelhecidas dos milhares de exemplares esquecidos nas estantes.

Mas... se ela era filha de um deus grego, porque tal divindade não ajudou sua mãe? Por que não a fez sobreviver ao acidente de carro? Por que não foi visitá-la no hospital? Por que continua em silêncio não falando nada e a deixando sozinha?

Fungando, Isabelle De La Vie, com quase dez anos de idade, esfrega seus olhos com a manga do casaco de aviador que era maior do que ela.

— ... Por enquanto você ficará no Chalé de Hermes até seu parente divino a reclamar e então será movida para o respectivo Chalé — o homem, ou melhor, o centauro, Quíron, disse em um tom de voz sério e sóbrio, chamando a atenção de Belle.

Chalé de Hermes? — ela perguntou de volta, a voz pequena e frágil. Chorosa.

Quíron a olhou com simpatia.

Sim, criança. Luke a levará lá — ele apontou para o garoto que parecia ter entre dezesseis e dezessete anos, alto e musculoso, com cabelo com cor escura e apesar dos cachos visíveis era bem cortado e um sorriso amigável. Usava uma camiseta regata laranja, calças cortadas, sandálias e um colar de couro com três contas de argila em cores diferentes. A única coisa perturbadora na sua aparência era uma grossa cicatriz branca que corria desde logo abaixo do olho direito até o queixo, parecia recente, ainda estava vermelha e inchada – mas não tinha como ter certeza. Ela estremeceu em simpatia, aquilo deveria ter sido doloroso. — Ele é o Conselheiro Sênior do Chalé.

Apesar da cicatriz intimidante, Luke parecia bem gentil e suave quando olhara para Belle, e mesmo não quase se aguentando de pé de tristeza, mesmo ainda estando confusa e assustada sobre tudo o que estava acontecendo – querendo nada mais que o agora inalcançável colo de sua mãe – se levantou e seguiu à passos pequenos atrás do adolescente, que colocou a mão sobre a cabeça dela, o toque era quente e leve.

Qual é o seu nome, Pequena? — Luke a perguntou após um tempo de caminhada tranquila e silenciosa.

É Isabelle... — respondeu em voz baixa, logo em seguida franziu a testa, confusa. — ... Mas prefiro Belle...

Por alguma razão desconhecida, apenas o pensamento de ter alguém a chamando de 'Isabelle' a dava vontade de chorar. Mesmo que seja esse o nome que está escrito da Certidão de Nascimento dela.

Ele assentiu.

Bem-vinda ao Acampamento Meio-Sangue, Belle — disse ele. — Nós estamos indo ao Chalé Onze agora, que como Quíron disse é o Chalé de Hermes, os deus mensageiro, dos viajantes e dos ladrões.

Mas... aquele... aquele centauro, o Quíron, disse que ninguém sabe quem é meu parente divino... então... então por que eu ficaria no Chalé de Hermes?

É porque como eu disse, Hermes é o deus dos viajantes, então naturalmente todos os recém-chegados devem ser recepcionados por nós.

... Parece problemático...

Para isso, Luke não disse nada, mas o sorriso amargo em seu rosto parecia dizer que concordava com Belle.

O Chalé tinha a aparência de um típico Chalé velho de campo, mas não parecia desconfortável... só lotado demais.

Apesar dos olhares intensos e avaliadores na direção dela, Belle conseguiu se apresentar com louvor. Mesmo que estivesse parcialmente escondida atrás de Luke, conseguiu se apresentar. Também havia conseguido um lugar razoavelmente espaçoso no chão, então não era de todo ruim. Ao menos não estaria ao relento como foi no trajeto em direção ao Acampamento Gleeson Hedge era bem explícito sobre a importância de conhecer a "verdadeira face da natureza", ou o que quer que isso significasse.

𝐏𝐀𝐑𝐀 𝐎 𝐐𝐔𝐄 𝐄𝐑𝐀𝐌𝐎𝐒 𝐀𝐍𝐓𝐄𝐒 (𝐞 𝐭𝐮𝐝𝐨 𝐝𝐞𝐩𝐨𝐢𝐬)Onde histórias criam vida. Descubra agora