[𝐈𝐈]. 𝑨𝑺 𝑷𝑹𝑰𝑴𝑬𝑰𝑹𝑨𝑺 𝑩𝑶𝑹𝑩𝑶𝑳𝑬𝑻𝑨𝑺

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"MON PETIT CHOU... MA VIE... les ombres ne vous feront pas de mal... vous pouvez les traverser... allez-y".

Ao abrir os olhos, Belle se viu olhando para o suntuoso teto do Palácio de Hades... mais especificamente, do quarto dela, do quarto que havia ganhado. O teto possuía lindas pinturas descritivas em preto, cinza e ouro polido, que se desenrolam em um impressionante panorama cinematográfico, realmente. Combinado com entalhes feitos de ouro, prata e outras pedras preciosas. O gigantesco lustre – que pasmem, também era feito de ouro – possuía diamantes, o que criava uns padrões interessantes quando as luzes das velas e das tochas batiam neles.

Um quarto decorado semelhante ao estilo rococó deveria ser o suficiente para melhorar o humor de qualquer um... se a dona dele não fosse uma semideusa que teria que experienciar até o dia da morte os mais diversos sonhos.

Ultimamente, Belle estava tendo sonhos ainda mais estranhos.

"As sombras não vão te machucar... você pode passar por elas... vá em frente."

Que voz era aquela que sempre se referia à Belle usando termos carinhosos? Era um pouco assustador.

O sonho começou enquanto cercada pelo nada, pela completa escuridão. A onde quer que Belle olhasse estava envolta pelas sombras, o que não era ruim. Na verdade, era até bem reconfortante. Entretanto, assim que tentou dar um passo em frente, o corpo inteiro dela doeu, uma dor que começou na espinha e irradiando para o resto de seus membros, penetrando em seus músculos e chegando até os ossos, se enraizando lá – pulsando lancinantemente sem parar. O que não era uma sensação desconhecida, quer dizer, já tinha sentido algo parecido na primeira vez que usara a viagem nas sombras para chegar até o Mundo Inferior, só que era em uma escala ínfima se comparada à de agora.

A escuridão parecia querer entrar dentro dela, querendo se enraizar o mais profundamente possível, criar uma casa em seu espírito, preenchendo todas as lacunas disponíveis e as não disponíveis.

A intensidade disso a assustou de tal maneira, que não conseguiu dar um único passo em frente, com medo do que poderia acontecer, com medo do que poderia encontrar. Tinha a sensação de que uma parte dela seria sacrificada para isso e tal coisa não poderia acontecer. Não quando não tinha quase nada que fazia ela ela disponível.

Os sussurros que pareciam serem igualmente feito de escuridão começaram. Eram absolutamente inteligíveis para Belle... exceto uma.

Flamma Obscura.

Belle não sabia o porquê, mas ao escutar essas palavras, todos os seus pelos se arrepiaram. Uma reverência estranha que não entendia, mas seu corpo e alma aparentemente sim, a julgar pelas reações viscerais que se acometeu.

Apesar disso, continuou não dando um único passo.

Então a voz veio.

Suave e cantante. Reconfortante, como entrar debaixo de um cobertor quente no inverno, como tomar uma boa xícara de chocolate quente com chantilly e exatos quatro marshmallows. Como uma sopa de tomate quentinha acompanhada de queijo grelhado. Como todas as coisas boas que a mente de Belle conseguia imaginar.

Como a voz da mãe dela.

Tinha como ter certeza disso? De jeito nenhum, mas algo dentro dela – talvez a parte minúscula e imperceptível que ainda sobrara desde o acidente de carro que não foi acidente de carro – a dizia que sim.

"Vous devez vous renforcer. C'est l'heure de se réveiller."

Se fortalecer? Contra o quê? Por quê? Era porque a Grande Profecia se aproximava? Não parecia ser isso... precisava acordar? Não parecia estar se referindo ao fato de que começou a dormir, mas sim sobre despertar algo, mas o quê?

𝐏𝐀𝐑𝐀 𝐎 𝐐𝐔𝐄 𝐄𝐑𝐀𝐌𝐎𝐒 𝐀𝐍𝐓𝐄𝐒 (𝐞 𝐭𝐮𝐝𝐨 𝐝𝐞𝐩𝐨𝐢𝐬)Onde histórias criam vida. Descubra agora