PRONTO. AGORA O VISUAL VILANESCO DE Belle estava completo. Diante do espelho que havia no Chalé de Hermes, mantinha o olhar em si mesma, ou melhor, nas mechas grisalhas brotando em seu cabelo preto de azeviche.
Quem diria que o esforço por ter carregado o céu era capaz de fazer isso. Bom, Belle quase morrera esmagada, então em partes, fazia sentido.
E seria bom se esse fosse o único problema.
Belle passou a mão pelo sinal estranho que tinha no lado direito do pescoço, na mancha estranha que mais se assemelhava a uma tentativa infantil de desenho do que um sinal em si – era estranho que não tivesse percebido isso antes. Suspirando, pega a fita de cetim vermelha e a amarra no pulso – já que estava com o cabelo molhado –, logo em seguida, olha para Nico, que ainda dormia profundamente na cama dela – o menino não poderia ser culpado, o dia de ontem havia sido bem exaustivo.
Enquanto isso, Belle que havia acordado mais cedo, foi tomar café da manhã e fazer suas oferendas junto com os outros, aproveitou para falar com Quíron mais uma vez sobre a identidade de Nico – como sempre, nenhuma das crianças de Hades havia sido de fato reclamada igual aos outros – o dizendo que iria ensiná-lo e alertá-lo sobre os perigos que corriam constantemente, mas que por enquanto, era melhor manter sua identidade em segredo. Felizmente, apesar de contrariado, Quíron concordou.
Já do lado de fora do Chalé, começou a caminhar calmamente. Normalmente, estaria na aula de canoagem, mas como realmente não queria mais chegar perto do lago, decidiu apenas não fazer nada e esperar até o começo da aula de arquearia.
Decidida a passar seu tempo precioso em paz, sentou nos campos de morango e puxando um livro – um dos seus trabalhos escolares para serem entregues após o fim das férias de inverno – alternou entre olhar para os textos e para o horizonte. Graças à brisa vinda do mar, o cabelo dela secaria rapidamente. Estava tão distraída em ter que entender o que estava escrito e interpretar de uma maneira que fizesse sentido, que não notou a aproximação, até que:
— Quíron me disse que você achou Nico.
Surpresa, vira rapidamente a cabeça e dá de cara com Percy Jackson. De novo ele. Isso era algum tipo de perseguição? Quer dizer, antigamente, podia jurar que não o encontrava com tanta frequência assim.
— Sim, eu achei. Ou melhor, ele me achou. O estresse o fez acessar seus poderes e ele Viajou nas Sombras, mas ao invés de ter se perdido definitivamente, conseguiu achar o caminho de volta.
— E onde ele está agora?
— Dormindo no Chalé Onze, mas eu não iria lá se fosse você. Duvido que queira te ver nem que seja pintado de ouro — ela deu de ombros.
Apesar de não querer, Percy teve que concordar com isso. Silenciosamente, se sentou ao lado dela enquanto Belle voltava para seu livro.
— Você já está recuperada o suficiente para estar andando pelo Acampamento?
— Claro que já. Fui curada pelo próprio Apolo, afinal. É quase hora de voltar para o mundo mortal, de qualquer maneira.
— Nico vai voltar com você?
— Provável — deu de ombros —, pois tenho que falar com nosso pai primeiro. Apresentar Nico ao Mundo Inferior.
O silêncio voltou a reinar. Belle havia conseguido ler mais três linhas antes de Percy voltar a falar:
— Que estranho te ver lendo. Achei que estaria com aquele seu hobbie de senhora. É tricotar, né? Está lendo sobre o que?
Belle fechou de vez o seu livro, sabia muito bem que não conseguiria mais voltar a ler. Seria simplesmente impossível com a dislexia e o TDAH somada à chatice de Percy. Talvez tivesse sorte com Nico, já que era apenas um único olhar para que ficasse quieto – o mal daquele menino bobinho era sua língua, realmente. Era impossível para ele parar de tagarelar uma vez que começava.
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𝐏𝐀𝐑𝐀 𝐎 𝐐𝐔𝐄 𝐄𝐑𝐀𝐌𝐎𝐒 𝐀𝐍𝐓𝐄𝐒 (𝐞 𝐭𝐮𝐝𝐨 𝐝𝐞𝐩𝐨𝐢𝐬)
Hayran KurguCom a chegada de Percy Jackson no Acampamento Meio-Sangue, Belle De La Vie tem a sensação de que nunca mais conseguiria um único momento de perfeita paz em sua vida. De repente, tendo que lidar com o fato de que há mais sobre seu passado e a históri...