[𝐗𝐕]. 𝑶 𝑷𝑰𝑶𝑹 𝑷𝑹𝑬𝑺𝑬𝑵𝑻𝑬 𝑫𝑬 𝑵𝑨𝑻𝑨𝑳 𝑫𝑶 𝑴𝑼𝑵𝑫𝑶

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BELLE SUSPIROU PESADAMENTE ANTES DE entrar no dormitório em que ela ficava durante o período letivo. Nas mãos dela estavam um sanduíche e um suco que havia comprado no restaurante de lá. Calmamente, ela foi até a cama de sua colega de quarto, mais especificamente, de Jessica.

— Ei — Belle chamou suavemente. — Que tal você comer um pouquinho, hein? Ainda teremos a última aula de EF antes das férias. Você precisa de forças.

Jessica não a respondeu por um bom momento, na verdade, nem se moveu da posição em que estava deitada. Belle estava quase para insistir novamente, até que ela se move e se coloca sentada, pegando das mãos de Belle o sanduíche e em um ritmo moroso, começou a comer.

Belle comprimiu os lábios diante da visão das olheiras profundas sob o rosto da adolescente – ainda mais proeminentes do que as da própria Belle –, era claro que não estava sendo fácil lidar com a morte de Noah Valentine. Devia estar sendo ainda pior para alguém como Jéssica, que sabe apenas o mínimo da causa real de sua morte e que era apaixonada por ele.

Depois que as coisas se acalmaram relativamente no Acampamento, Belle, como uma filha de Hades, se comprometeu em visitar cada uma das famílias dos semideuses caídos em batalha e os comunicar pessoalmente sobre o ocorrido, os confortar da melhor maneira que podia. E foi o que ela fez com o pai de Noah, algo especialmente doloroso, pois foi apresentada a ele pelo próprio filho de Afrodite, que queria um reforço em sua revelação sobre o mundo dos semideuses e deuses e todas essas coisas – além de que, segundo o próprio Noah, Belle era a primeira amiga dele, o que foi meio difícil de acreditar, considerando que ele era muito simpático e bem... um filho de Afrodite.

Doeu ter visto um homem adulto tão calmo e tranquilo quanto o pai de Noah cair de joelhos em uma dor inimaginável ao saber da perda do único filho. Belle gostaria de poder continuar o consolando, mas tinham que correr contra o tempo. Ela se achou horrível, realmente horrível, mas tinham que vir com uma história sobre a morte de Noah e foi o que ela fez. Um acidente de carro em uma área montanhosa. Belle usou a desculpa do fato da família Valentine ser rica o suficiente para justificar a ausência de notícias e informações – até porque, que tipo de pai iria querer ter que ver notícias sobre a morte do próprio filho de 15 anos de idade.

Depois o disso, foi igualmente horrível ter que contar a notícia para os seus colegas de sala. Ter que o informá-los sobre o velório e o enterro – que seria feito com o caixão fechado, pois o corpo há muito foi cremado.

A depressão de Jessica e dos outros foi difícil de presenciar.

Belle era grata pelas outras garotas mostrarem tanto tato e cuidado com Jessica e a levarem para o baile no outono, mesmo que fosse só para se distrair.

— Eu não sei se terei forças para jogar o que quer que seja em EF — a voz de Jessica estava rouca e como era de se esperar, chorosa.

— Acho que hoje é badminton — Belle disse suavemente. — Eu serei sua dupla, então pode ficar parada sem se preocupar com nada. Sou bem boa nesse esporte.

Para Belle, aquele jogo era como lutar com espadas, óbvio que sem o choque de lâminas, mas ela teve que balançar por grande parte da vida dela metal consideravelmente pesado e prestar atenção não só aos seus arredores, mas para onde estava mirando, então não só seu equilíbrio e foco eram bem acima da média – e não só porque ela era uma semideusa –, mas como sua força também.

Ela deu um sorriso aguado.

— Obrigada, Belle. De verdade.

Belle esboçou um sorriso e apertou suavemente o joelho dela antes de a passar o suco.

𝐏𝐀𝐑𝐀 𝐎 𝐐𝐔𝐄 𝐄𝐑𝐀𝐌𝐎𝐒 𝐀𝐍𝐓𝐄𝐒 (𝐞 𝐭𝐮𝐝𝐨 𝐝𝐞𝐩𝐨𝐢𝐬)Onde histórias criam vida. Descubra agora