𝐏𝐀𝐑𝐀 𝐎 𝐐𝐔𝐄 𝐄𝐑𝐀𝐌𝐎𝐒 𝐀𝐍𝐓𝐄𝐒 (𝐞 𝐭𝐮𝐝𝐨 𝐝𝐞𝐩𝐨𝐢𝐬)

[𝐗]. 𝑪𝑶𝑵𝑪𝑳𝑼𝑺𝑶̃𝑬𝑺, 𝑹𝑬𝑽𝑬𝑳𝑨𝑪̧𝑶̃𝑬𝑺 𝑬 𝑻𝑹𝑨𝑰𝑪̧𝑶̃𝑬𝑺... 𝑼𝑴 𝑻𝑰́𝑷𝑰𝑪𝑶 𝑫𝑰𝑨 𝑺𝑬𝑴𝑰𝑫𝑬𝑼𝑺

POR QUESTÕES DE SE RECUPERAREM DE toda a situação da arena, eles decidiram acampar em uma enorme sala. Pegando alguns restos de madeira, Percy as organizou em uma pequena pilha e fez uma fogueira. Já Belle, como ainda estava se recuperando do veneno, apenas continuou sentada presa em um conflito muito silencioso, um interno. Por algum motivo, estava ficando cada vez mais difícil separar seus problemas em pequenas caixinhas de importância, estava ficando cada vez mais difícil não se deixar abalar por elas.

Distraída, Belle passou seu dedo pelo corte agora raso (graças ao Néctar) na cintura. Felizmente, não estava protuberante ao ponto de ser chamada de cicatriz – ao menos, não uma física –  e provavelmente só seria ligeiramente visível diante da luz.

Os olhos dela foram para as sombras que eram projetadas nas colunas, que por causa da chama bruxuleante da fogueira, as faziam dançar. Pela primeira vez, Belle não conseguia achar conforto nelas, ao menos, não quando seu coração estava estranhamente dolorido, a lembrança vívida dos olhares de Ethan na direção dela – como se nunca tivessem sido amigos, como se nem ao menos se conhecessem. Como se desde o início fossem inimigos jurados –, dele dando as costas para ela pela terceira vez sem nem ao menos pensar duas vezes.

"Você não deveria ter me poupado, Bells. Não há lugar para a misericórdia nesta guerra."

Não há lugar para a misericórdia... é? Que pensamento triste para se ter. Era verdade que eles estavam praticamente em guerra, o que tornava lógico que em momentos como esses a misericórdia se fizesse valer, não? Não era assim que funcionava quando tudo o que se havia era conflitos? Afinal, em tempos de paz e quietude, do que valia a misericórdia? Se não havia espaço para ela na guerra, se eram inimigas, como é que haveria um ponto final para os conflitos? Como é que alguém sairia vitorioso disso? Como poderiam serem separados em uma guerra, se eram codependentes?

Belle tinha praticamente puxado uma espada das sombras quando o som de farfalhar da vegetação aumentou e finalmente a pessoa foi revelada.

Belle arregalou os olhos.

O susto foi o suficiente para que o furacão de sentimentos confusos dentro dela dos acontecimentos de minutos atrás fosse rapidamente esquecido.

Era Ethan.

Belle piscou, perplexa. Ele cresceu, isso era óbvio. Seus cabelos escuros estavam maiores, seu rosto mais pálido, mas tirando isso, não parecia tão diferente de suas memórias do passado.

— Ethan... — ela chamou primeiro em voz baixa e lentamente, um sorriso surgiu em seus lábios. — Ethan!

Não era apropriado e normalmente, Belle era uma pessoa muito bem contida, entretanto, foi mais forte do que ela quando correu e praticamente se jogou em Ethan e o abraçou, o que quase derrubou os dois no chão.

— Você está bem! — Belle exclamou e riu, aliviada. — Você está vivo!

— Sim... — ele disse calmamente, seus braços se levantando lentamente antes de retribuir o abraço de Belle. Tal abraço estava exatamente como ela se lembrava, quente e acolhedor. — Eu estou vivo e bem...

Belle se afastou, seus olhos atentos em seu rosto, atrás de qualquer sinal de qualquer machucado.

— Quando você sumiu há alguns anos, todos nós pensamos que algo tinha te acontecido! Ficamos muito preocupados! Alabaster está com você? Você tem alguma notícia dele?

— Ele está comigo sim, Bells. Ele está bem, nós dois estamos bem... — ele disse em voz baixa.

Logo atrás de Belle, empoleirado sobre uma pedra, Noir grasnou alto, batendo as asas com violência.