[𝐈𝐈𝐈]. 𝑶 𝑳𝑨𝑩𝑰𝑹𝑰𝑵𝑻𝑶 𝑫𝑬 𝑫𝑬́𝑫𝑨𝑳𝑶

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APESAR DE ESTAR DE VOLTA AO ACAMPAMENTO, Percy conseguia sentir a tensão no ar, a iminência de algum conflito contra Luke e seu Exército pairava, deixando tudo mais pesado – especialmente para ele. Mesmo que estivesse feliz por estar reunido mais uma vez com seu irmão Tyson, era impossível relaxar completamente, uma prova disso era aquele momento, que mesmo tão tarde da noite, quando todo mundo estava dormindo, Percy não conseguia.

Ficou ali, ouvindo as ondas quebrando distantes na praia, e os uivos dos monstros. Estava com medo de que quando caísse no sono teria pesadelos. Mesmo que sonhos fossem comuns para qualquer outra pessoa, nunca era só isso quando se tratava de um meio-sangue, para eles, sonhos dificilmente eram apenas sonhos, mas sim, na maioria das vezes, mensagens. Viam coisas que aconteciam com seus amigos ou inimigos. Algumas vezes viam até o passado ou o futuro. E no Acampamento, os sonhos de Percy eram sempre mais frequentes e vívidos.

O que resultava em Percy ainda acordado por volta da meia-noite, parado no beliche olhando o teto, com os olhos muito bem abertos.

Até que percebeu algo estranho.

Havia uma luz estranha no quarto. A fonte de água salgada estava brilhando.

Saindo das cobertas, andou receosamente até a fonte. Vapor subia da água quente e salgada, arco-íris o riscavam, mas não havia nenhuma luz no quarto exceto a lua lá fora. Então uma voz feminina pediu educadamente: "Favor, depositar um Dracma".

Olhando para Tyson, notou que ele ainda estava roncando, parecendo um elefante tranquilizado. Percy não sabia o que fazer, nunca tinha resgatado uma mensagem de Íris antes. Um Dracma dourado brilhou no fundo da fonte, o pegando, Percy o jogou no vapor. A moeda desapareceu.

— Ó Íris, Deusa do arco-íris, me mostre... Uh, o que você precisa me mostrar.

O vapor tremulou e a imagem da margem de um rio escuro surgiu. Havia um pouco de névoa na superfície. A margem era de areia e pedra vulcânica. Dois jovens estavam na areia ao lado de uma fogueira, as chamas brilhavam em uma cor azul pouco natural, então Percy viu o rosto deles, o que o fez congelar no lugar. Era Nico Di Angelo e Belle De La Vie. Eles olhavam para cartas – eram cartas de Mitomagia, o jogo que Nico era obcecado – pareciam estar em uma discussão séria.

Essa é uma carta de combinação —Nico disse rindo. — Para usá-la você precisa ter a de Hécate e você não tem essa carta, Elle. Eu ganhei de novo.

Belle bufou e cruzou os braços.

Isso não faz sentido nenhum. Desde quando uma carta de magia precisa estar combinada com algo para ser usada? Magia é magia.

Percy piscou, aturdido. Nico tinha apenas dez anos, talvez onze agora, mas ele parecia mais velho que isso. Seu cabelo estava maior, quase tocava os ombros. Entretanto, sua pele ainda mantinha o bonito tom azeitona. Ele vestia um jeans preto e uma jaqueta de aviador – que era muito maior do que deveria ser – e uma camiseta preta. Seus olhos, apesar de haver um brilho, estavam consideravelmente mais sérios.

E então, mudando o olhar dele, voltou para Bella (ele ignorou a maneira que seu coração acelerara) e Percy notou que Nico não era o único que havia mudado. O cabelo da amiga havia crescido, parecia ter chegado a passar da cintura – talvez fosse por isso que agora estava o deixando preso com a fita de cetim em um rabo de cavalo alto. Embaixo de seus olhos não havia mais as olheiras, tinha a aparência consideravelmente saudável, usava uma camiseta branca comum com um casaco preto de tricô maior do que ela que parecia ter sido feito à mão. Como de praxe, usava calças jeans pretas com rasgos no joelho e suas botas de combate – seus dedos permaneciam cheio de anéis.

𝐏𝐀𝐑𝐀 𝐎 𝐐𝐔𝐄 𝐄𝐑𝐀𝐌𝐎𝐒 𝐀𝐍𝐓𝐄𝐒 (𝐞 𝐭𝐮𝐝𝐨 𝐝𝐞𝐩𝐨𝐢𝐬)Onde histórias criam vida. Descubra agora