Capítulo 41

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Flávia

-Hoje era o dia em que voltaria a minha cidade natal, lugar que me traz lembranças tristes e dolorosas, mas vou acompanhada do "meu marido", coisa estranha dizer isso. Ele insistiu em ir junto, Ogro montou aquela contenção, tudo da forma mais segura para conhecer minha família, diz ele querer saber com quem tá lidando.
-Tô ansiosa e nervosa, quando liguei pra casa e disse que havia conseguido o dinheiro e podiam começar o tratamento passei por um interrogatório. Aí tive que inventar uma paixão fulminante que levou a um casamento rápido e meu marido bem de vida pagaria tudo
Claro que acharam estranho, insistiram para conhecer o mesmo, etc. Meu pai não me julgou, disse que se eu estivesse fazendo isso porque ia me fazer feliz que tinha todo apoio, se não fosse que parasse por ali, parecia que tava lendo minha alma, mas nada mudaria minha decisão. Minha irmã sem noção ficou feliz que fora pagar o tratamento sobraria dinheiro dos 100.000,00 e ela poderia pagar uma faculdade. Eu sei, seria cômico se não fosse trágico!
-Casagrande me chamou pra ir e pegamos a estrada muito cedo, mão suava, ansiedade atacada, tava difícil.

Casagrande: -Qual foi Furacão enfrenta até bandido, tá com esse medo todo por que?- diz pegando na minha mão suada.
Flávia: -É que tu não conhece minha mãe!-fiz careta e ele riu.

-Ele tava sendo bem legal comigo, me dando apoio e dizendo que não tô sozinha. Finalmente chegamos no hospital que minha mãe já está internada e como é particular fácil entramos. Paro na frente do quarto, respiro fundo, Casagrande me abraça, beija minha testa e diz pra não esquecer do combinado que ia ser ele por mim e eu por ele! Me deu forças, bati e entrei.

Flávia: -Boa tarde gente!-falo entrando e puxando Casagrande junto.
Paulo: -Filhaaaa!-correu me abraçar.
Flávia: -Pai, que saudade!-precisava do abraço.
Paulo: -Tá cada vez mais linda! E você deve ser meu genro? Obrigada por cuidar da minha menina! Sou o Paulo-diz gentil e carinhoso.
Casagrande: -Cuido mesmo, senhor pode ficar tranquilo. Sou o Diego.-Diz numa boa.
Débora: -Irmã quanto tempo! Lindo seu marido viu, forte né.-reviro os olhos, nem respondo.
Flávia: -Oi mãe! Não precisa falar muito se for ruim, vai dar tudo certo.-digo ao ver ela meio fraca e magra deitada naquele leito.
Cíntia: -Esse tempo todo na capital e continua sem vaidade Flávia? Essas roupas simples?- já tô acostumada é só críticas.
Casagrande: -Pois eu acho ela linda de qualquer jeito.-fala firme, tá ficando puto.
Cíntia: -E esse casamento relâmpago? Tá grávida?-fala com dificuldade mas a cara de nojo tá lá.
Flávia: -Claro que não mãe!-digo sem acreditar
Cíntia: -Esse rapaz faz o que? Qual profissão aceita alguém parecendo um Gibi?-desfaz
Flávia: -Parou mãe! Já expliquei tudo na vídeo chamada.-falo nervosa.
Cíntia: -Sou boba menina? Empresário nada, todo tatuado, Rio de Janeiro, favelado com dinheiro? É bandido né?-fala irritada.
Paulo: -Que isso Cíntia? O rapaz tá ajudando!
Cíntia: -Vai casar nada Flávia, não vai sujar o sobrenome do seu vô.-que nojo gente.
Flávia: -Já casei mãe! Tarde demais. Como que suja um sobrenome falido?-raiva disso.
Cíntia: -Respeita a memória do seu avô. Um grande advogado!-fala com orgulho.
Casagrande: -Quer saber Dona? Sou bandido mesmo, mas a rua me ensinou a cuidar bem dos meus coisa que tu não fez e não faz pela tua filha.-fala raivoso.
Flávia: -Calma Diego!-peço chorosa.
Casagrande: -Bom o bandido veio aqui pagar teu tratamento , não porque tu merece mas pela filha foda que tu têm! Vai aceitar? -Fala cruzando os braços.
Cíntia: -Vou aceitar pra não morrer mas não quero convivência, a partir de hoje não tenho mais filha. Morro de vergonha do que tu se tornou Flávia.-fala séria e meu mundo desaba.
Paulo: -Cala a boca Cíntia! Tá maluca? Tu não conhece os motivos que ele teve como vai julgar? Flávia sempre foi ótima filha!-diz sério.
Cíntia: -Já falei na minha família não quero mais, meu pai vai se revirar no caixão! Se pudesse te tirava o sobrenome.-diz raivosa.
Casagrande: -E ai Flávia, tu decide. Ainda vai dar a grana?-fala brabo e todos me olham apreensivos.
Flávia: -Pode entregar o dinheiro, não quero ser responsável pela morte dela fisicamente porque pra mim já tá morta!-fala chorosa.
Casagrande: -Vou mandar entregar.
Débora: -Tá maluca?Fala direito com ela Flávia
Flávia: Ahhh vai arrumar um emprego garota! Me tira daqui Diego?-ele assente, me puxa pela mão e saímos.

-No carro eu desabo chorando, Casagrande me puxa para um abraço e fico ali, os dois sem falar nada mas sei que ele se segurou muito pra não fazer merda. Fomos para o hotel, tomo um banho no automático e deito, Diego me puxa para seu peito, faz carinho no meu cabelo e me garante que não estou sozinha. Assim adormeço e só quero dormir e esquecer essa dor, vendi minha alma, mudei minha vida por alguém que nem merece!

À Flor da PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora