Capítulo 90

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Rafaela
Bônus

-Chegueiiiii nessa caralha, até que enfim me deram voz né! Essa sou eu Rafaela coisa mais bela, ruiva de caixinha de farmácia, 24 aninhos de pura curtição, professora por opção,solteira livre, leve e solta.

-Meus pais foram casados um tempo mas meu pai traiu ela e quando descobriu fez aquela brincadeira ela entrou com o pé ele entrou com a bunda!

-Depois que saiu de casa meu pai acabou casando com a amante, em seguida foi embora do Rio, depois teve um filho com ela e quase não aparecia, só depositou a pensão até eu completar a maior idade. Se vejo uma vez no ano é muito e tá tudo bem.

-Minha mãe é mais uma que grita Viva a Sociedade Alternativa! Dona Jane é uma figura, uma mulher madura, inteligente, bem resolvida, sem preconceitos, guerreira e foi com esses valores que ela me criou.

-Foi por ser criada sempre ouvindo que não nasci pra ser capacho de macho que resolvi adotar o mesmo lema da macharada, pego e não me apego.

-Vamos combinar né que é cada oferenda devolvida por Iemanjá que cruza o caminho da gente que desanima a querer relacionamento.

-Tive um rolo com um carinha Marcelo nome dele, coisa mais lindinha, me tratava super bem, mas era um encostado, vivia aqui em casa, comia minha comida, nunca podia pagar nem um dogão, a última dele foi me pedir o cartão de crédito emprestado pois precisava de roupas, na mesma hora mandei catar os panos de bunda dele e cair fora. Olha bem pra mim e me diz se tenho cara de ONG pra macho?

-Minha vó deixou a casa dela na favela pra mim, me criei aqui, minha mãe decidiu morar no asfalto, visito mas não me mudo.

-Tenho uma amiga de muitos anos que é enfermeira no Postinho do Morro, a Bárbara, de resto não me misturo muito porque essas monas daqui são tudo falsa.

-Na escola conheci outras duas professoras a Flávia e a Mari,elas se tornaram minhas irmãs.Amo as três, sofri muito quando nossa Furacão foi sequestrada mas voltou pra gente graças a Deus.

-Agora vou falar do meu crush, o Bravo e olha que têm cada vulgo mas o dele é perfeito. O homem tá sempre carrancudo, posturado e com cara de mal.

-Fofoca rola solta na favela, algumas mulheres que já saíram com ele dizem que ele é bruto , não se preocupa com a parceira e não deixa tocar nele. Resumindo soca, goza e sai fora. Deus me Free.

-Comecei a implicar com ele de zoação, fazia piadinha, dava em cima porque era engraçado, ele ficava todo desconcertado e eu adorava!

-Toda vez que eu o cercava chegava perto, provocava mas nunca encostei nele, seguindo o que as fofocas diziam. Foi aí que parece que ele gostou, começou a expressar reações e o que eu comecei de bobagem foi mudando com o tempo passei a me interessar real.

-Por Flávia e Casagrande serem nossos amigos muitas vezes estamos no mesmo ambiente, isso foi nos aproximando e vi que ele é um cara legal, leal, mas cheio de traumas, fechado para o mundo.

-Ninguém para meu trem, segui com meus contatinhos, vivendo, fazendo o que tenho vontade mas aquele malvadão não sai dos meus pensamentos.

-Um dia vindo da escola encontrei com Bravo num beco e tasquei um beijão e sabe o melhor? Ele retribuiu! Beijo bom demais.

-Depois daquele dia as coisas aconteceram, a gente se pegava de vez em quando, mas tudo com ele é muito difícil sabe? Um passo pra frente, três pra trás.

-Num primeiro momento ele segurava minhas mãos nunca deixava tocá-lo mas depois nós criamos uma conexão incrível, um dia ele me disse que eu trazia luz pra sua escuridão.

-A gente dava uns perdidos no nosso povo e matava o que tava nos matando, a vontade um do outro.

-Quando Flavinha foi sequestrada mais uma vez ele surtou, numa noite ele bebeu muito e foi lá pra casa e falava coisas desconexas,tipo ela não merece sofrer, vão fazer ela passar pelo que já passei, o sofrimento mata a alma, depois que te quebram nunca mais têm concerto. Entendi foi nada, mas cuidei dele e pus pra dormir, no outro dia quando acordei o querido já tinha vazado.

-E mais uma vez Bravo começou a se afastar e colocar barreiras entre nós, fugia de mim como diabo foge da cruz. Passando por um barraco que eles levam as marmitas pra treta eu vi ele entrando com uma.

-Foi aí que parei pra pensar, nunca fui de deitar pra macho, só quando é pra ganhar prazer né, kkkk. Ele mexe comigo mas não vai me fazer de tapete, muito menos de otária.

-Aí você pode dizer ahhh Rafa mas vocês não têm nada serio! Correto, mas acontece que a iniciativa sempre tem que partir de mim, eu que fazia acontecer mas pra ir atrás das outras ele vai rapidinho? Se fuder pra lá!

-Botei meu cavalo pra andar sabe, o que não mata ensina a viver. Eu criada por Dona Jane pra ser uma mulher do caralho vou ficar me sujeitando a isso? Nem mortinha!

-Dei um gelo babado, passava e fazia que nem via, ainda fiz questão de sair com uns gatos da pista mas te falar?Não têm a mesma graça, como que esquece um bruto com um soca fofo? Nem dá filhota.

-No dia do churrasco lá no Casagrande depois da brincadeira que Cerol me fez dançar na boquinha da garrafa para o Bravo e eu fui pois minha mãe não fez uma rata, simplesmente o bonito resolveu tomar uma atitude e me levou de lá, tive uma recaída. Me perdoe mas pequei na pica! Pqp.

-Mas dessa vez quem acordou cedo e meteu o pé fui eu, assim evita constrangimentos e a conversa que precisamos ter mas os dois fogem.

-Nisso tudo estou mais confusa que a Carla Perez dizendo que a letra i é de iscola! Nada melhor que um dia após o outro pois o destino a Deus pertence né? E o nosso tá muito incerto.

À Flor da PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora