Capítulo 120

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Flávia

-Eu achava que aquele sequestro tinha sido a pior coisa da minha vida,algo que ia me mudar e marcar pra sempre. De certa forma até foi.

-Isso até ser mãe, dizem que quando um filho nasce junto com ele nasce uma mãe, agora acredito.

-Pode fazer tudo pra mim, sei me defender, só não faz para os meus bebês, aí sim vão ver quem é a dona do hospício.

-Fui pega na covardia, lutaria até o fim mas a prioridade ali era proteger minha barriga, fiquei sabendo o que Casagrande fez e te falar?Não tive pena, nem senti culpa.

-Tem quem diga que o inferno é na terra, que é aqui que tu paga pelo que fez de errado,Julieta quis fazer mal a dois inocentes,podia terminar de outra forma?

-Já fazem 20 dias que meus bebês estão internados, nesse tempo Bernardo teve uma insuficiência respiratória séria, mas agora está tudo sob controle, Safira teve problema, está com sepse neonatal, uma infecção.

-Meus amores são guerreiros, lutam pra sobreviver, tudo isso está acontecendo devido terem nascido antes do tempo.

-Eu vegeto, pouco fico em casa, a experiência é extremamente exaustiva. Como eu quis amamentá-los e eu não podia, para garantir todas as mamadas deles chego às 7 da manhã e vou embora às 22hs.

-Assim eu conseguia pegar todos os horários do banco de leite para tirar leite e levar pra eles nos horários das mamadas". Fico o dia inteiro ali sentada.

-Vocês devem estar se perguntando como está seu casamento? Nem sei se existe mais, cada um se fechou nas suas dores e culpas.

-De manhã quando saio Diego está dormindo, a noite chego exausta tomo um banho e vou dormir geralmente ele ainda não voltou da rua.

-Me importo? Bem pouco! Tô tão anestesiada vivendo no modo automático, que deixei rolar, ele não fez questão e nem eu.

-Ele vai no hospital duas vezes no dia só me dá um oi e fica olhando os gêmeos pelo vidro, enfia aquele boné na cara e mal se vê as suas reações.

-De resto a gente quase não se vê, mal se fala, me disseram que ele se jogou no "trabalho" e vive naquela boca.

-Resolvi dar um basta nessa situação, gosto das coisas resolvidas, falar cara na cara, ser verdadeiro, empurrar com a barriga é só pra dar merda logo ali.

-Fiz a retirada do leite e deixei para os meus pequenos, sai do hospital rumo a bater de frente com o Todo Poderoso!

-Cheguei na boca, foi toda aquela lenga lenga, Patrão não está pra todo mundo, oxi eu não sou todo mundo.

-Antes que eu desse motivo para meu apelido de Encrequeira e enfiasse um te liga do lado da orelha desse moleque outro vapor avisou ele que eu era a Patroa, pediu desculpas pelo novato e deixou que eu entrasse.

-Meti a mão na porta mesmo sem bater, se pegar mancada é bom que dá mais força pra o que vim fazer.

-Olho pra cara do Diego, olheiras, parece que emagreceu, até cabelo tá nascendo naquela careca,cara de abatido mas manteve a postura de malvadão.

Casagrande: -Flávia!?! Que aconteceu? Veio fazer o que aqui?-pergunta tudo.

Flávia: -Entrevista de emprego? Tudo isso é alegria de me ver?-falo ácida.

Casagrande: -Continua mandada, encreiqueira né Dona Flávia!-diz no deboche.

Flávia: -Reclama mas gosta né? Ou gostava sei lá!-falo meio sem graça, ele fica olhando.

Casagrande: -Não vai me dizer o que te trouxe aqui?-pergunta sério.

Flávia: -Vim conversar, a gente mal tem se visto né, mas não gosto das coisas sem uma solução.-digo séria.

Casagrande: -Namoral? Tenho nem pique pra discutir, tá ligado?-diz e suspira.

Flávia: -Não vim bater boca, vim conversar e alinhar as coisas!-falo firme.

Casagrande: -Tá certo, pode falar!-diz.

Flávia: -Nem sei por onde começar, tudo com a gente foi tão rápido e intenso, acredito que verdadeiro também!-falo.

Casagrande: -Com certeza!-confirma.

Flávia: -Mas as coisas ruins vieram como uma avalanche também né?- pergunto.

Casagrande: -Pra caralho Meu Furacão!- diz e sinto aquela batida mais forte no peito, difícil amar quando tudo conspira contra.

Flávia: -Olha Diego não vim aqui brigar, nem apontar o culpado até porque acho que não tem só um!-falo com um nó na garganta.

Casagrande: -Veio terminar comigo? Solta a voz Flávia!-diz com cara de triste.

Flávia: -Vim pedir um tempo!-falo insegura.

Casagrande: -Tu tá ligada que casou com bandido né? Tem essas porra de tempo não, que nem os playboy que tu era acostumada! -fala visivelmente puto.

Flávia: -Dá pra tentar me entender como Diego pai dos meus filhos e não Casagrande?-falo.

Casagrande: -Já te falei um monte de vezes que tu não entrou no bagulho enganada, uma vez mulher de bandido sempre mulher de bandido.-fala frio.

Flávia: -Cara a gente tá culpando um ao outro, nem se olhando na cara, se evitando, isso é vida?-pergunto já louca pra chorar.

Casagrande: -Tô ligado que tá tudo uma merda e tô puto contigo, comigo, com todo mundo só que não corri por isso!-diz irritado.

Flávia: --Tu fugiu sim! Toda vez que me evitou, que não me apoiou nesse momento difícil pra caramba!-sigo e lágrima já escorreu.

Casagrande: -E eu? Quem se preocupou com o vagabundo aqui? Tu acha que não tá foda pra mim também?-pergunta.

Flávia: -Teu jeito de demonstrar as coisas é bem estranho, sinceramente!-falo sincera.

Casagrande: -Cada um sente da sua forma tendeu?-fala grosso.

Flávia: -Tu tá na defensiva, revoltado, nem aí pra resolver nada. O melhor é a gente se dar um tempo, se afastar, lamber as feridas,depois disso ver se queremos e vale a pena estar juntos, ou se é melhor cada um para o seu lado e só se respeitar pelos nossos filhos. Não acha?-falo sincera e cansada de tudo.

Casagrande: -Jaé então, se é isso que tu quer eu não vou ficar rastejando atrás, já fiz isso demais. Vou pegar umas roupas e ficar num dos meus barracos,dar essa porra de espaço pra tu, mas continua tudo igual, tu é casada, máximo respeito, tua meta vai chegar, meus filhos também vão ter sempre tudo.-diz.

Flávia: -Diego meus filhos estão no hospital lutando pra sobreviver, tu acha que eu tô pensando em homem, baile, essas porra tudo? A única coisa que eu quero é um pouco de paz e colocar a cabeça no lugar pra pensar nos próximos passos depois que eles saírem do hospital.-falo sincera.

Casagrande: -É isso então, deixar rolar e ver no que dá!-diz sério.

Flávia: -Não sou tua inimiga, tu é o amor da minha vida, mas só amor não sustenta essa loucura que virou nossa vida! Posso te dar um abraço Careca Marrento?-falo sorrindo e ele abre os braços.

-Ali eu desabei, como precisava desse abraço, sentir o cheiro dele. Diego fazia carinho no meu cabelo, cheirava meu pescoço, até que diz:

Casagrande: -Te amo Meu Furacão! Tu é a mulher da minha vida,isso não vai mudar.-diz.

À Flor da PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora