Capítulo 68

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Flávia

-Diego fez questão que eu ficasse junto pra conhecer sua filha que é linda por sinal, mas assim que elas entraram na sala minha existência virou nula, me tornei invisível.
-Fiquei ali sentada ouvindo ele fazendo várias perguntas em relação a menina e entendo a empolgação dele, até porque já perdeu 7 meses da vida dela.
-Mas ficar ali estava cada vez mais difícil, se tu olhasse de fora como eu, eles sentados no chão ao redor da Isabela, conversando, rindo e brincando parecia família de comercial de margarina e aquilo foi me consumindo de uma forma que eu só queria que se abrisse um buraco na terra e me engolisse.
-Saí devagarinho e fui pra cozinha tomar uma água. Tu notou minha falta? Nem eles! Fiz um tempo ali pra ver se ele ia me chamar mas quando tive a certeza de que me tornei invisível resolvi ir para o quarto chorar na cama que é lugar quente.
-Pode parecer infantilidade sabe, mas eu não estou com ciúme da criança de maneira alguma. Ela é muito boazinha e nem tem culpa de nada. Acho que ciúme nem é a palavra pra esse caso, talvez, intrusa, deslocada, sejam palavras mais de acordo com a situação.
-Passei a vida inteira ouvindo que eu era pouco, não era o suficiente e por mais que tenha lutado contra isso fica difícil quando vem uma mulher daquelas quase perfeita e ainda com kinder Ovo né, a surpresa têm 7 meses.
-Minha cabeça parece um liquidificador, será que o sentimento que a gente tem um pelo outro vai ser suficiente pra passar por essa fase? Será que eu não deveria retirar meu time de campo e dar vez pra eles serem uma família? É muito e se...
-Acho que nem lágrimas tenho mais, sou chorona e bobona mesmo. Tá doendo, não vou mentir, tô sentindo muito, a sensação é de ver escorrer pelas minhas mãos. Poxa levo uma vida pra encontrar alguém que me trata diferente, cuida de mim, me respeita, me deixa maluca de todas a formas e aí acontece uma dessas? Qual foi universo te fiz o que?
-Adormeço, mas um bom tempo depois sinto braços na minha cintura e ele me puxa ficando de conchinha, me cheira e me aperta e eu faço que estou dormindo e aproveito pois parece que estamos nos despedindo aos poucos.
-No outro dia perco o sono muito cedo e vou levantando pra agir a vida e deixo Diego na cama dormindo. Resolvo ir na padaria pegar algumas coisas porque comida sempre ajuda. Saio de casa, claro que com as minhas sombras juntos, chego na padaria peço tudo que eu quero e ainda coloco na conta do chefe, tô nem aí! Quando vou sair Bravo tá chegando pra tomar café e vem falar comigo.

Bravo: -Bom dia, fala tu Flávia!-sorri

Flávia: -Oi Malvadão, digo Bravo!-sorrio

Bravo: -Qual foi, tá mandada é? Tu tá te misturando muito com o Cerol mina!-me gasta

Flávia: -Só trabalho com fatos e verdades!-ri

Bravo: -Então aproveita e me conta o fato que te deixou com essa carinha triste de verdade!- fala calmo.

Flávia: -Foi nada não Bravo!-minto.

Bravo: -Essa tua cara de bolada tem nome e sobrenome né? Tô ligado que não deve ser fácil toda essa parada aí. -diz sério.

-Não sei o que me deu mas me abri pra ele, contei tudo estava acontecendo e ele me ouviu caladinho.

Bravo: -Pô, meu irmão vacilou legal ontem hein!-reclama.

Flávia: -Só tende a piorar né. Eu entendo a euforia dele mas já é um homem de 35 anos poderia saber equilibrar a situação né?-digo

Bravo: -Tu têm razão Flavinha, vou dar um toque nele. Deixa comigo.-fala sincero.

Flávia: -Obrigada por me ouvir tá? Preciso ir que daqui a pouco dou aula.-me despeço e vou embora.

-Quando chego em casa escuto a voz do Diego mandando procurar até achar alguém. Notando minha presença ele suspende a ordem e vem até mim me abraçando.

Casagrande: -Porra Flávia que susto!-diz

Flávia: -Ué Diego, te assustei por ir na padaria?-falo cínica.

Casagrande: -Achei que tu tinha ido embora sei lá!-diz suspirando.

Flávia: -Teria motivo pra ir embora?-pergunto.

Casagrande: -Pô Meu Furacão, tô ligado que vacilei ontem, mas me entende cara! É tudo novo, tô feliz pra caralho e me empolguei.-diz sincero.

Flávia: -Eu entendo, mas sentada olhando vocês parecendo uma família de comercial de margarina nem tem como não se sentir uma intrusa!-bato a real.

Diego: -Intrusa meu caralho! Família uma porra! Bagulho ali é só minha filha, tá com ciúmes de uma criança?-fala irritadinho.

Flávia: -Tu só pode tá de brincadeira com a minha cara, ciúme da criança? Cresce Diego!- falo irritada também.

Casagrande: -Eu que preciso crescer? Certeza? Tu devia tá feliz por mim, me apoiando e vivendo esse momento comigo. Mas prefere se afastar e ficar de birrinha!-fala.

Flávia: -Tu só pode tá ficando doido, como eu deveria ter feito? Sentado no teu colo e pedido pra participar? Interrompido os pais do ano e obrigar a me incluir? Pois pra vocês ontem eu era invisível!-Já me estressei também.

Casagrande: -Não fiz o bagulho de propósito, só tava empolgado pra caralho, agora tu podia ter entendido mas não Flávia Encreiqueira tem que fazer tudo do jeito mais difícil.

Flávia: -Quer saber? Vai te catar! Não vou ficar aqui perdendo meu tempo com discussão que não vai dar em nada porque tu é um cabeça dura, dono da razão! Se sou tão ruim, fica com a Senhora Perfeição vulgo Laura!-falei mesmo.

Casagrande: -Fica me empurrando mesmo, me dando mulher nesse caralho! Pelo menos ela tá sendo madura e acessível nessa história toda.-diz brabo.

Flávia: -Ótimo então, agora já podem entrar um dentro do outro e se explodir! -falei pegando minha bolsa e saí pra trabalhar batendo a porta.

-Fui pra escola na força do ódio! Todo errado e quer ter razão nessa porra! Isso aí Flávia senta lá e assiste tua vida desmoronar.

À Flor da PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora