Capítulo 66

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Flávia

-Subi aquelas escadas no automático, a cabeça bugou total. Chocada estou, triste também, parece que a tal da felicidade não foi feita pra mim. Nem tem como não passar um filme na mente, ele casou comigo porque precisava de uma Fiel, agora a vida trouxe pra ele o pacote família completo, até herdeira já têm. Quem é a Flávia na fila do pão? Ninguém.
-A tal Laura é linda, educada, estudada, bem sucedida claro que fico com o coração apertado e ainda por cima mãe da filha dele. Eu entendo que tudo aconteceu antes de nós, amo criança e sei que ela não têm culpa de nada, jamais trataria mal, mas a questão é será que pra ele nada vai mudar? Tanta dúvida rondando, a imaginação a mil pelo Brasil.
-Me deito em posição fetal e choro lembrando da minha trajetória, quantas vezes minha mãe levava só a minha irmã pra passear na casa das tias porque segundo ela a menina era linda e magra e eu gorda e desengonçada e ia fazer ela passar vergonha. Festa de 15 anos que ela não deixou fazer pois eu estudava em escola pública e segundo ela meus amigos eram tudo gentinha.
-E o meu ex namorado, segundo minha mãe um príncipe, mal sabe ela que ele mandava eu colocar a mão na frente da boca pra sorrir já que achava meus dentes feios, até o dia que ele marcou e me levou no dentista e os dois decidiram que eu usaria aparelho. Ou algumas vezes quando a gente saía pra comer e ele comprava lanche só pra ele pois eu estava gorda, parecia uma vaca leiteira. Aí tu pergunta, não terminou por quê? Terminei, em casa apanhei da minha mãe, ela dizendo que eu não ia achar ninguém melhor que me quisesse e fui obrigada a voltar pra ele. Fico pensando em tudo até que adormeço, em algum momento sinto a cama afundar, Casagrande me puxa e ficamos de conchinha e ele susurra no meu ouvido eu te amo meu Furacão, achando que eu estava dormindo.
-Acordo com a cama vazia,no meu celular tem mensagem do Diego dizendo que saiu para ir resolver a questão do DNA. Nessa hora tenho certeza que não foi um pesadelo e que a minha vida virou uma incerteza.

(...)

-Dias se passaram e hoje sai o resultado do abençoado Exame de DNA, nem preciso falar que Diego mal dormiu essa noite. Virou um poço de ansiedade esse homem.
-Vou trabalhar, faço tudo igual, na saída as meninas insistem pra gente ir no Açaí tentando me animar, aceito pois é melhor que ir pra casa ficar amargando derrota. Chegamos lá fazemos nosso pedido e sentamos, olho para o lado e Julieta vem entrando, quando me olha a cara é puro deboche e claro sentou na mesa ao lado com mais duas desgraçadinhas.

Julieta: -Ficaram sabendo quem virou papai?
-destila o veneno.

Xxx: -Claro! Na favela não se fala em outra coisa.-reviro os ollhos.

Julieta: -Acho é bom pra baixar a bola de umas e outras que se acham demais.-elas riem.

Xx1: -Amigaaa tu já viu a mãe da filha dele? Linda, posturada, outro nível. Difícil concorrer.

Juileta: -Sabe aquele ditado Mamãe ama, mamãe cuida?-pergunta no puro deboche.

Xxx: -Essa mamãe vai amar é cuidar daquele pai delícia!- riem juntas.

-As meninas me olham como quem diz pra ter calma, sinceramente? Já estou com tantos problemas que não to afim de adicionar na minha lista brigar pela favela. Nem me reconheço, parece que me perdi de mim mesma, insegurança é um câncer, te corrói e nata aos poucos. Levanto me despeço das meninas e vou pra casa chorar na cama que é lugar quente.
-Quando chego diego está sentado na sala com um wisky numa mão e um envelope branco na outra com a logo do laboratório. Meu coração dispara, tem tanto em jogo naquele envelope, respiro fundo e vou até o meu careca que me olha.

Flávia: -Oi meu coroa!-sorrio.
Casagrande: -Oi Meu Furacão! Tava te esperando abre comigo?-pede com cara de cachorro que caiu da mudança,eu só assinto e ele me puxa para o seu colo.

-Meus olhos percorrerem a folha até que param na frase que eu mais temia. "A probabilidade do sr. Diego Casagrande ser o pai biológico de Isabela Bianchi é de 99.9999974%.
-Diego solta um grito de euforia e me sinto uma egoísta pois só tenho vontade de chorar.
Ele começa a falar sem parar, queria estar feliz por ele de coração mas a sensação de que tudo vai desmoronar é maior.

Casagrande: -Amorrr, a gente precisa fazer um quarto pra ela! Tem que decorar,comprar os móveis, roupa também pra deixar aqui. Fralda, leite, eita porra nem sei tudo que um bebê precisa cara!-eufórico fala um coisa em cima da outra e eu dou risada.

Flávia: -Parabéns amor! Acredito que tu vai ser um ótimo pai.-falo a verdade.

Casagrande: -Eiii, nada muda Meu Furacão, ela é minha filha e te peço pra aceitar a vinda dela pra nossa vida, mas é só a criança. Esse careca aqui é todo teu, tu me tem como nenhuma outra mulher teve.-fala sincero eu sorrio e beijo esse bruto que eu amo.

Flávia: -Já passamos por tantas né? Vamos passar por mais essa. A menina sempre será bem vinda e bem tratada.-falo mais pra mim do que pra ele.

Casagrande: -Tu é pica mesmo garota! Agora mais do que nunca vou precisar de tu.-sorri.

Flávia: -Estou aqui meu bem! Só te peço pra ser sincero comigo se no meio do caminho tu quiser tua família completa com a mãe e a filha.-digo triste.

Casagrande: -Porra nenhuma! Minha família é com tu ohhh maluca e agora têm mais a Isabela.-sorri.

-Nem rendo o assunto, ele pega o telefone e vai falar com a Laura pois quer marcar de conhecer a menina. Vamos torcer pra que tudo vá para o seu lugar.



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