Capítulo 91

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Bravo
Bônus

-Não curto falar muito de mim tá ligado, muito menos gosto que sintam pena de mim pela minha história.

-Mas como eu sei que têm uma cambada de curiosas lendo nesse momento fico sem saída né não?

-Não venho de um família de comercial de margarina, tá mais pra filme de drama. Mulher que me pariu porque não dá pra chamar de mãe era uma bêbada viciada, até aí tudo bem.

-Problema é que quando não tinha grana pra consumir os bagulho dela descontava em mim, porrada, queimadura com ponta de cigarro, deixar sem comida, castigo ajoelhado no milho até aquela porra furar a carne e por aí vai. Imaginação ela tinha muita.

-Isso não é o pior quando fiquei maiorzinho ela começou a tocar no meu corpo, fazer umas coisas nojentas e queria que eu fizesse nela ou morria de pancada, eu chorava e implorava mas só conseguia ganhar uns tapas.

-Eu achava aquilo horrível, nojento, não entendia nada. A mãe dos outros cuidava deles tá ligado? Eram amorosas, a minha era doente, só pode. Fora os homens que ela levava pra casa, dava a buceta em troca de droga e muitas vezes me obrigava a assistir pois ela tava me criando pra ser um homem.

-Meu pai? Acho que nem ela sabe quem é! As coisas iam de mal a pior era o que eu achava quando fiz doze anos comecei a sair no tapa com ela, lutava mesmo pra não me encostar. Um dia ela me trancou no quarto e disse que se eu achava ruim com ela ia ficar pior porque apartir daquele dia eu ia ter "clientes" já que eu não servia pra nada ela ia ganhar uma grana comigo.

-Desesperei, nessa idade já tinha uma ideia melhor das coisas e o que fariam comigo. No apavoro pulei a janela que a burra não fechou e fugi. Corri pra caralho, passei a viver na rua, foi lá que conheci Casagrande e depois Cerol.

-Cerol é moleque bom, coração puro, nem era pra tá no crime mas a ocasião faz o ladrão. Ele nos levou pra favela da Rocinha onde morava e Dona Benta vó dele nos abraçou deixava tomar um banho lá, aguava o feijão pra dividir, deixava dormir no barraco dela a mãe que não tive com certeza foi ela.

-Só que era pesado demais pra véia, ela queria muito ajudar mas mal tinha pros dois foi aí que eu e Casagrande entramos pro crime, bem lá por baixo mesmo. Levando umas coisas lá e cá, depois aviãozinho, assim foi.

-Sexo é um assunto complicado pra mim, por mais que não quero ser aquilo que a mulher que me pariu tentou criar, não consigo ser muito melhor.

-Peguei um pavor absurdo ao toque, não gosto que encoste em mim. Então aprendi a viver do jeito que dá. Pego alguma marmita já mando logo a letra faço o que têm que fazer porque o saco dói se tu não faz nada pago e meto o pé.

-Tava tudo "bem" até uma certa ruiva linda pra caralho, dos olhão claro cismar comigo. No início me irritava muito, tá ligado? Já tive muitas vezes louco pra mandar passar a zero na cabeça da abusada mas não conseguia fazer nada contra ela.

-Mas o que me chamou atenção pra valer foi que parece que ela conhecia meus limites e respeitava. Ela provocava, jogava piada, chegava perto mas não encostava.

-Um dia tava fazendo a ronda e a maluca deu de cara comigo num beco, filha da mãe me tascou um beijo bom pra porra e meteu o pé, fiquei até sem rumo. Quem entra no beco? Cerol é claro, conto tudo e aí aguenta aquele palhaço enchendo meu saco, depois juntou com o Casagrande piorou.

-Meu irmão que é muito ligado me perguntou se eu tinha gostado, foi isso que me deixou puto pois gostei demais, Casagrande me diz quem sabe ela não vai ser o caminho da tua cura, fiquei pensativo com aquilo.

-Com a relação da Furacão e Casagrande todo mundo se aproximou, eu e ela também, mina é maneira, porra louca, parceira, como diz Dona Benta Rafaela é um espírito livre meu filho.

-Rolou da gente dar uns beijos aqui outros ali, até que num baile a gente saiu de lá, levei pra minha casa coisa que nunca tinha feito mas tô ligado que a mina é diferente.

-Irmão achei que ia ser um bagulho estranho como sempre é com todas, tenho que fechar os olhos às vezes e pensar em outras coisas porque me lembro da minha mãe com aqueles homens fazendo caras e bicas de atriz pornô gemendo que nem um animal agonizando.

-Quebrei a cara, negócio foi que nem ela diz uma conexão foda. Ela me olhou e disse que imaginava os meus limites, ia respeitar mas queria muito que eu confiasse nela, se não quisesse algo, se não me sentisse confortável era pra falar e tava tudo tranquilo.

-A coisa foi acontecendo debuma forma leve, do meu jeito mas com o jeitinho dela, tava maneiro demais, tudo nela é diferenciado, até o gemido, gostei de ouvir. Fechei os olhos e ela mandou abrir e focar nos olhos dela, que ali era só nós dois no bagulho porra, primeira vez na vida que gostei real de sexo. Falei pra ela tu é minha luz no meio da escuridão. Senti um prazer tão grande que depois me deu até culpa, achei que era errado gostar tanto daquilo porque era o que minha mãe queria.

-Mente bugava, eu fugia dela, aquela ruiva mexeu com todas as minhas cabeças, uma luta interna do caralho. Chamei uma puta pro abate tinha que esquecer da Rafa, felicidade não é pra mim sou todo quebrado, mas não rolou. Senti nada!

-No churrasco do Casagrande parti pra cima, ela tava me dando um gelo e eu louco de saudade daquela doida, saímo de fininho pra minha casa e no outro dia quando acordei a doida já tinha partido.

-Às vezes acho que vou pirar, tá tudo confuso demais dentro de mim, foda demais o que alguém que devia te proteger te marca e ferra teu passado, presente e futuro.


À Flor da PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora