Capítulo 79

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Flávia

-Sabe quando dá a sensação que você tá fora do corpo de expectadora da sua vida? Vendo tudo que acontece e apática a situação

-Até aqui sobrevivi mas fico pensando se valeu a pena sendo que por dentro estou tão destruída. Parece que meus sentimentos tão congelados ou adormecidos, sei lá.

-Vivo no modo automático, já não brigo mais, não debato, não luto, só obedeço e fico no meu cantinho.

-Depressão? Talvez! Mas se você tivesse vivendo como um animal conseguiria manter a sanidade mental? Pois eu não, pode me chamar de fraca.

-Antes eu vivia cheia de esperança, todo barulho achava que era o Diego chegando pra me resgatar, mas ele nunca veio. Será que me esqueceu? Eu me deixaria de lado também se fosse ele, todo mundo sempre deixou. Vai ver não tenho nada de bom a oferecer.

-Hoje acordei disposta a colocar um fim em tudo, preservei tanto a minha vida, fiz as vontades dessa louca pra não morrer, mas isso que tô vivendo não vale a pena, melhor dar um final mesmo que infeliz.

-Nunca reajo, não respondo mais, só aceito o que me e imposto mas hoje decidi que eles podem me matar mas essa doida vai comigo.

-Depois que eu atacar ela claro que os soldadinhos vão me fuzilar, mas quer saber? Tô nem aí! Tudo acaba nesse dia e tá tudo bem.

-O mais engraçado é que me coloquei nesse tipo de situação casando com o Diego pra salvar a mulher que me pariu e depois me mandou pra puta que pariu!

-Agora uma coisa eu digo, se eu sobreviver vai nascer uma nova Flávia, as pessoas vão ter de mim exatamente o que merecem nada a mais. A monga boazinha morreu. A dor ensina a gemer diz o ditado.

-Ouço a voz da louca lá na sala, já chega gritando por mim. Ela é sádica só pode. O bom de ter realmente virado a cachorra dela é que ela baixou a guarda comigo pois não tenho nenhuma reação, só faço o que ela manda enquanto a mesma ri e se diverte com a minha desgraça.

-Como têm sido ultimamente ela entra na peça que estou sozinha, diz ela que ninguém está mais procurando por mim então reduziu um pouco os homens que fazem a segurança.

-Para que não desconfie de nada já me ajoelho e baixo a cabeça, virei a submissa dessa fdp. A mesma já entra rindo da minha cara, com aquela arrogância só dela.

Grazi: -Oiii cadela suja! Como sou boazinha, vou te levar pra passear lá fora e depois vou te dar um banho de mangueira. Agradeça.-diz

Flávia: -Obrigada senhora.-é assim que devo chamar a doida.

-Quando ela se aproxima pra soltar a corrente da barra de ferro ouvimos um estouro que vem lá da frente do terreno e nessa distração pego a corrente e passo no pescoço dela com toda força que me resta, Grazi se debate enquanto ouço tiros lá fora. Não pode ser! Deus é ele?

-Tem uma guerra lá fora e outra aqui dentro, poia eu não largo a corrente, sinto que ela está enfraquecendo mas não consigo largar, têm muito ódio em mim, toda humilhação passa na minha cabeça e mais eu seguro. Até que os tiros diminuem e alguém mete o pé na porta.

Casagrande: -Meu Furacão! Sou eu amor!-ele fala e acreditem eu vejo lágrimas nele.

Flávia: -Você veio!-é só o que consigo falar.

Casagrande: -Larga ela amor! Tu não é assassina Flávia, deixa que eu resolvo.-diz.

Flávia: -Nãooooo! Ela tem que pagar, ela me matou em vida.-digo e choro.

Casagrande: -Princesa olha pra mim, olha pro teu careca!-sorrio. -Larga ela, tu não vai viver bem sabendo que matou alguém, vamos levar ela e fazer pagar por tudo, tá bem?-disse e foi puxando meus braços pra soltar a vaca.

-Nisso Ogro entrou no quarto e Casagrande mandou amarrar e levar para o morro pois ia para a casa da tortura. Pergunto pelos outros que me fizeram mal, infelizmente morreram.

-Um tiroteio daqueles lado não ia sobreviver, a morte foi pouco mas pelo menos pagaram com a vida. Diego me solta da coleira, vejo que está emocionado, dói meu pescoço, tá bem machucado.

Casagrande: -Finalmente te achei Meu Furacão! Achei que ia ficar maluco.-diz me abraçando forte e fazendo carinho

Flávia: -Achei que tinha desistido de mim!-falo abraçando de volta, me julguem mas ele em passa segurança

Casagrande: -Nunca, tá ouvindo? Nunca vou desistir de tu! Te amo princesa, tu é a mulher da minha vida!-eu baixo a cabeça e fico quieta.

-Amar? Claro que amo gente! Mas tô machucada, magoada e destruída,ninguém vai passar uma borracha em tudo que rolou e voltar tudo ao normal.

-Se me ama tanto vai ter que fazer por me merecer, quando a gente fica perto da morte a mente ilumina. Mas por enquanto eu aproveito esse abraço, esse cheiro que me dá sensação de lar.

-Estou fraca, acho que a força pra atacar a Grazi veio da raiva, da fúria, mas passada a adrenalina fiquei bamba. Fui levantar e tudo rodou e foi escurecendo, ouvi Diego me chamando e me entreguei ao cansaço. Agora tinha quem cuidasse de mim.

(...)

-Acordo num quarto branco, braço com soro, vou abrindo os olhos devagar, minha cabeça e corpo doem bastante.

-Quando vejo ao meu redor estão minhas amigas e os meninos, ali eu choro de novo. Estou salva, nem acredito.

Todas: -Amigaaaa!-me abraçam e gemi de dor.

Flávia: -Calma gente, que saudade!-digo.

Bravo: -Bom te ter de volta Flávia!-diz sem jeito

Cerol: -Nossa Flavinha voltou porra!-diz alegre.

Flávia: -Vocês são demais, mas tudo que eu quero é sair desse hospital, fazer coisa de gente normal sabe? Banho de chuveiro, comer numa mesa comida boa, dormir numa cama.- digo triste lembrando como estava vivendo.

Casagrande: -Assim que tu tiver alta agente vai pra casa e tu vai fazer o que quiser, se tu pedir a lua eu trago.-diz sorrindo pra mim.

Flávia: -Eu quero ir pra casa da Rafa! É lá que eu quero ficar!-digo sincera e o sorriso dele morre na hora.

À Flor da PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora