Capítulo 113

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Flávia

-Depois que o pai do Diego resolveu aparecer foram dias difíceis, ele se fechou bastante,não deve ser fácil relembrar uma vida sofrida.

-Tentei me aproximar, animar, ajudar, mas ele me disse que só precisava organizar as ideias e no momento só queria ficar comigo não se sentir sozinho mas sem conversar a respeito.

-Assim foi, Diego chegava me abraçava,ficava com a cabeça perto da minha barriga,primeiro dia ele ficou calado, no segundo chorou, já no terceiro começou a conversar com os gêmeos na barriga.

-Dei todo apoio e espaço que ele precisava pra processar tudo que ouviu e sentiu, alguns dias depois ele foi voltando ao normal, disse que precisava achar uma forma de enterrar isso tudo dentro dele.

-Tive a ideia de fazer um churrasco lá em casa como a gente fazia antes, com todos pra ele sentir o que é família e que nunca mais será abandonado.

-Aí começou a minha dificuldade na missão pois juntar todos incluía Mari e Cerol sem a Débora, como eu ia fazer isso? Não faço ideia.

-Fui na minha consulta de rotina hoje, estou entrando no oitavo mês de gestação, pude ouvir o coração dos meus amores, segundo a médica estão ótimos, saudáveis, escutar os corações deles me energiza.

-A médica me alertou que por ser gravidez de gêmeos e eu ter entrado na reta final pode acontecer deles virem antes, então todo cuidado agora.

-Mari veio comigo, Diego tinha uma reunião do Comando, como era consulta de rotina sem problemas, sempre que pode ele vai junto.

-Aproveitando já puxei o assunto com ela pra ir no churrasco, o loira cabeça dura, não queria ir de jeito nenhum, ela não conta em detalhes o que Cerol fez mas deve ter sido grave pelo tanto de raiva e mágoa que ela carrega.

-Tive que apelar pro lado emocional da minha loira teimosa, explicando a situação, dizendo que era preciso juntar toda a "família" pelo bem do nosso grandão.

-Depois de mil desculpas, dez xingamentos e muito resistir Mari disse que iria sim pois foi acolhida por nós e amava essa família maluca que formamos.

-Fiquei bem feliz, um lado já tinha ido agora ia faltar o mais complicado, Cerol tá afastado de nós, sem contar que mudou muito,tá revoltado e rebelde.

-Sem contar que deve ter merda na cabeça pra assumir a Serpente da minha ex irmã,pra mim aquilo não é mais nada meu, um encosto só.

-Com certeza aquela oferenda devolvida por Iemanjá, vulgo Débora deve aproveitar que o moleque tá com a cabeça fraca e plantar mil neuroses pra deixar ele longe de nós.

-Aquilo ali não dá ponto sem nó, mas eu nem desisto fácil, ela não conhece a nova Flávia e vai ter que aprender no amor ou na dor que a vida não é um morango.

-Chegamos no Morro, Caveira deixa Mari em casa, Rafaela agora anda mais ocupada divide com Bravo a criação do Hiago.

-Menino é um amor e bem aos pouquinhos tá pegando confiança e se soltando com a gente. Tudo no seu tempo é claro, tem dias que está calado, dias que está falante, aí é fantástico, esperto, inteligente e engraçado três características dele em dias bons.

-Convenço Caveira a passar um rádio e descobrir onde Cerol está e me levar na boca onde o mesmo foi resolver um problema.

-Primeiro meu "segurança" da xilique que o Patrão vai ficar puto por eu estar em boca mas tô nem aí, com Casagrande me resolve depois.

-Já no local digo que vou até a sala onde tá Cerol e os meninos me deixam passar tranquilamente por saberem quem sou, bato na porta e vou entrando.

Cerol: -Ué tá fazendo o quê aqui?-diz arisco.

Flávia: -Vim falar com o padrinho do meu filho, não pode?-pergunto debochada.

Cerol: -Claro que pode Flávia, mas aconteceu alguma coisa?-pergunta sério.

Flávia: -Aconteceram muitas coisas, mas quero saber de você o motivo dessa guerra toda.- digo calma.

Cerol: -Guerra nenhuma,só onde minha mulher não é bem vinda eu também não vou-fala.

Flávia: -Tua "mulher" não é bem vinda porque deu em cima do meu marido dentro da minha casa no dia do Chá de bebê dos meus filhos,tá pouco ou quer mais?-falo irritada.

Cerol:-Ela me disse que foi um mal entendido, que tu é muito ciumenta e confundiu tudo.-diz.

Flávia: -E tu comprou essa mentira? Anota o que vou te dizer, aquela ali mente como respira, não vale a calcinha suja que usa, mas isso vou deixar tu quebrar a cara e descobrir sozinho.-digo firme.

Cerol: -Tu veio aqui pra falar mal dela?-diz.

Flávia: -Não Lúcio, eu vim aqui por você, pelo cara gente boa, divertido, que me recebeu de braços abertos nessa favela, do cara que não saiu do meu lado na barra que passei depois do sequestro, daquele que abria os olhos do Casagrande quando ele fazia cagada, vim pelo meu amigo.

Cerol: -Porra Flavinha!-diz emocionado.

Flávia: -Sinto de verdade que você e a Mari não deram certo, apesar de achar tudo estranho e mal explicado mas a gente é família, aquela que o coração escolheu, faça suas escolhas, viva sua vida, mas não deixe de lado quem faria qualquer coisa por você.- falo séria.

Cerol: -Namoral? Me sinto perdido.-fala.

Flávia: -A gente vai tá aqui pra te ajudar no que você precisar, agora a pergunta é você vai estar aqui pra gente? Eu te escolhi como o padrinho do meu filho porque sabia que em ti ele teria um amigo, um segundo pai se a gente faltar, um exemplo de coração bom,errei?-digo.

Cerol: -Tu é foda Furacão! Tô ligado que andei vacilando real!-diz pensativo.

Flávia: -Como diria Diego...pra caralho!-rimos.

Cerol: -Vocês nunca vão deixar de ser minha família!-diz.

Flávia: -Assim espero, Diego tá precisando de nós pra virar essa página da vida que o pai trouxe à tona.-explico.

Cerol: -Tô ligado nessa fita!-diz.

Flávia: Então amanhã vou fazer um churrasco lá em casa só pra nós, os de sempre e espero sinceramente que você vá e sozinho. Vai ter que aprender a separar as coisas Cerolzinho, primeira lição, aprende comigo enquanto sou viva!-digo rindo.

Cerol: -Falou a experiente!-fala rindo.

Flávia: -Era isso então, vou indo!Tenho certeza que tu não vai nos decepcionar e vai estar lá, te cuida amigo, te amo!-falo e saio,minha parte eu fiz.


À Flor da PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora