Capítulo 98

1.2K 120 21
                                    

Casagrande

-Gêmeos caralhoooo! Tá maluco, dois de uma vez só é uma responsa enorme mas nada me coloca medo,missão dada é missão cumprida.

-Minha Magali tá cada vez mais linda, agora a barriga tá grandinha,parece que foi só Furacão Mirim se mostrar que a barriga deu um pulo.

-Minha Bela já vai fazer 1 ano, Laura enchendo minha paciência querendo ajuda pra fazer a festa, grana eu dou, amo minha cria mas vim querer falar de decoração comigo aí ferrou.

-Laura tá bem animada com o Professor,andou até falando que tá pensando em morar na favela dele, pra quem não queria de jeito nenhum sair da Gávea né? Digo nada!

-Falando em decoração Flávia tá empolgada em fazer o quartinho dos gêmeos, a gente bateu cabeça pra caralho até decidir o nome da nossa dupla do barulho: Bernardo e Safira.

-Hoje já acordei numa sensação estranha, não tem como pensar em ser pai e não lembrar do meu,da merda de vida que tive tudo aquilo que não quero pros meus filhos.

-Eu amo a Bela, aquela princesa já dominou o bandido aqui, mas é diferente porque ela chegou tipo "pronta", não sei explicar direito. Mas não participei de nada, nem passei pelas experiências e medos de pai, pois quando ela apareceu foi euforia e confusão, só incluí ela na minha vida e já era.

-Agora bagulho que bate neurose real ter duas princesas pros vagabundos ficarem de olho grande pra cima, vou estocar munição porra!

-Meu moleco vai ser Pique Don Juan que tô ligado, têm quem puxar. Já vou logo ensinar a lutar pra correr os urubus de cima das irmãs.

-Hoje resolvi ficar por casa, Bravo e Cerol tão no comando pra eu dar uma atenção legal pra minha morena que anda manhosa. Aproveitar né porque têm dias que a mulher tá com o cão no corpo mano, queria da logo um socão em quem inventou essas porra de hormônios.

-Tô aqui na laje colocando um pra subir tendo a vista do caralho da minha comunidade,mas a mente tá a mil, parece que todo meus demônios resolveram me visitar.

-Ouço passos, na hora já sinto o perfume dela, nada muito doce, marcante, único que nem o Meu Furacão! Sinto mãos nos meus ombros e beijo no rosto, sorrio.

Flávia: -Oi meu bem!-falei que hoje tá no amor.

Casagrande: -Fala minha Deusa, como tá essa dupla aí? Dando trabalho?-pergunto.

Flávia: -Parecem estar calminhos, nem enjoos tive hoje, acredita?-diz e acaricia a barriga.

Casagrande: -E aí meus cria, pai tá louco pra ver vocês mas eu espero pô! Fiquem de boa aí no forninho da mãe de vocês, principalmente tu Safira, tenha pressa não!-falo agachado e beijo a barriga.

Flávia: -Que você têm hoje hein? Tava aí todo pensativo, quieto.-diz me analisando.

Casagrande: -Tava pensando nas nossas crias, na Bela, na vida que gostaria de dar pra eles, entende?-pergunto.

Flávia: -Claro que entendo, tenho meus medos também.Bernardo vai poder escolher o próprio caminho?-questiona.

Casagrande: -Ele vai ser meu herdeiro, se quiser tu sabe que o cargo é dele mas não desejo isso pra nenhum deles. Vamos fazer o melhor por eles e deixar as escolhas virem. - digo.

Flávia: -Não vou ser hipócrita, não gostaria que eles seguissem esse caminho. É tudo muito lindo em fanfic do wattpad mas na vida real é difícil, sobra dinheiro,mas falta sossego, paz, segurança, liberdade. O medo constante da pessoa sair e voltar num caixão.-diz sincera.

Casagrande: -Tô ligado pô, errada não tá! Não te contei da minha infância e como fui parar no tráfico né?-pergunto.

Flávia: -Só por cima, algumas coisas, nunca perguntei porque vejo que mexe contigo, achei que quando sentisse vontade contaria.-fala.

Casagrande: -Tu é diferenciada mesmo! Te amo pra caralho Meu Furacão, que veio pra mudar toda minha vida.-falo sincero.

Flávia: -Também te amo Meu Careca! Se não te fizer bem nem precisa contar mas se ajudar falar estou aqui pra te ouvir.-fala sorrindo.

Casagrande: -Minha família era humilde mas o básico a gente tinha, comida nunca faltou,uma casinha pra morar mas era alugada, minha mãe Dona Leda era uma pessoa doce, gentil, carinhosa, boa mesmo. Não tinha quem não gostasse dela sacou, se virava como podia lavava e passava roupa pra fora, esfregava na mão fardamento inteiro do time do bairro. -ela assente.

Casagrande: -Meu pai era ruim, deve ser irmão do Hitler, tratava a gente que nem bicho, tudo era grito e porrada, trancava os armários, tinha dias que só deixava fazer uma refeição, banho era dia sim e dia não, se desobedecer porrada. Lembro que minha felicidade era ir pra escola e comer o que serviam lá. Ele trabalhava numa oficina, a pior parte era quando bebia, aí virava o próprio capeta mano.Papo de apagar cigarro em mim, pegar minha mãe a força, se trancar no quarto, só ouvia os gritos. Era foda!-falo e sinto o nó na garganta.

Flávia: -Se quiser não precisa continuar amor! -fala segurando minha mão, já tá com os olhos cheio de lágrimas.

Casagrande: -Eu quero falar, confio em tu.Tens o direito de saber de onde veio o pai dos teus filhos. Resumo da história uma noite Vilmar vulgo meu pai chegou muito louco dizendo que minha mãe traía ele com o técnico do tal time de futebol e encheu ela de porrada, eu gritava, pedia pra ele parar mas o que um moleque de 12 anos pode fazer contra um homem adulto? Nada! Naquela noite ela apanhou até morrer eu assisti sem poder fazer porra nenhuma.-falo e Flávia chora.

Casagrande: -Calma pô! Já passou. Naquela mesma noite ele abriu a porta e me colocou pra fora de casa, disse que não ia sustentar outro ingrato. Saí só com a roupa do corpo,fui parar na rua, ninguém me ajudou, nenhum vizinho.

Casagrande: -Na rua vivi muita merda, apanhei pra caralho, passei fome, fugi de polícia, numa vez que três covarde iam me matar a porrada Bravo apareceu, me ajudou, ali a gente fechou junto e virou irmão. Depois chegou Cerol que vendia bala no farol, moleque bom nos trouxe pra favela e contou nossa história pra Dona Benta que nos ajudava como podia.

Casagrande: -Mas tinha que fazer algo pra tocar minha vida, sem estudo fui pedir uma chance na boca, comecei de baixo mesmo, sempre fui sagaz, Paquetá o antigo dono me deu moral, fui crescendo, virei braço direito dele, fiz meu nome no crime, não vou entrar em detalhes, numa invasão ele morreu e eu assumi.

Casagrande: -Dei o nome, levantei essa favela, comecei a ser o cabeça de muita coisa que trazia grana pra caralho a facção, quando o cabeça do comando ficou doente me indicou, fui votado pra liderar e tô aqui até hoje.-conto.

Flávia: -Ual! Cara tu foi forte demais, apesar da vida errada que você leva e não sou juíza nem tenho moral pra apontar dedo, eu te admiro muito.-diz e me abraça.

Casagrande: -Obrigado por me ouvir, é nós por nós até o fim minha morena!-abraço ela que é minha paz.

À Flor da PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora