Capítulo 116

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Flávia

Aniversário Bela Parte II

Continuação...

-Sai daquele salão de fininho, a última coisa que eu iria querer na vida é estragar a festa da Bela, só precisava respirar um pouco sabe?

-Eu entendo que Diego e Laura são os pais da Isabela, sempre apoio e incentivo a presença dele na vida da menina, amo ela, cuido sempre que vai lá pra casa, meu denguinho.

-Ajudei em tudo que precisou pra festa pois o Casagrande não leva jeito e me pediu, já que elas estão morando no morro do Professor eu já ia organizando e deixando as coisas por aqui mesmo.

-Mas sou humana, eles na porta recebendo as pessoas como um casal a mente trai, imagino se Diego não pensa que deveria ter ficado com ela e dado a filha uma família.

-Aí pra completar a minha neura mental chega um aliado na mesa que estava todos nossos amigos e parabeniza Casagrande pela família linda apontando pra onde Laura está com Bela no colo, um puta desconforto, silêncio total,até o bonito do meu marido falar que ela era só a mãe da filha e a Fiel era a planta aqui sentada, Professor só disse a mulher é minha, ficou um climão, o homem pediu desculpas e saiu todo sem graça, rapidinho inventou que precisava resolver algo e meteu o pé.

-Eu fiquei ali firme, não fiz barraco, nem cara feia, só abstrai e finge demência como manda o figurino, mas falar que é fácil não tem como.

-Professor já tinha fumar pela milésima vez ou tá muito puto ou tá tentando acabar com toda maconha do mundo, só pode.

-Sabe quando o clima tá estranho, todo mundo cuidando o que fala, como dizia a minha vó parece que estão pisando em ovos.

-Parecia que tava o povo todo em alerta talvez esperando a Flávia Quebra Barraco baixar,nem pensar que faria isso mas tudo que acontecia as meninas mesmo já logo me olhavam. Tava foda e nem era no bom sentido.

-Na real nem acho que eles estavam fazendo por mal, só agiam como pais da aniversariante claro que Laura desfilava como a dona da festa que ela era mesmo,com aquela pontinha de superioridade que ela ainda não tinha perdido.

-Casagrande fica tão envolvido em fazer a parte dele, recompensar a ausência, suprir as necessidades que faz tudo no automático não se dá conta da situação incomoda que fiquei.

-Mas na hora do Parabéns ficou demais pra mim, cheguei no meu limite de estar ali, me arrependi se não ter usado a gravidez como desculpa e ficado em casa.

-Dizem o que os olhos não veem o coração não sente mas os meus estavam vendo tudo que me magoava a cada minuto.

-Laura chamou Diego para ficar na mesa com elas durante o Parabéns ele pegou a filha no colo e Bela na sua inocência passou um braço no pescoço da mãe e o outro no do pai, assim eles ficaram ali os três unidos, bem próximos enquanto todos cantavam e batiam palmas.

-Sei que é errado sair sem segurança, mas as coisas tem estado tranquilas, não sairia da favela, se alguém fosse comigo passaria um rádio para o Diego, não queria isso, ia só pegar um ar, me recuperar e voltar.

-Dei perdido mesmo e sai andando devagar com essa barriga que pesa como se eu carregasse toda torcida do Flamengo dentro, fui olhando as casas, as pessoas, alguns faziam churrasco, outros sentados com os amigos tomando uma gelada e ouvindo um batidão, me sentia em casa aqui.

-Em seguida já estava em frente a sorveteria, a Dona era uma senhorinha da igreja já com mais idade, de cabelos grisalhos preso num coque sempre, ela mesma fazia os sorvetes e era muito saboroso, tinha a filha e a neta que trabalhavam junto e a ajudavam,Dona Arlete.

-Resolvo entrar pegar um sorvetinho pra adoçar minha vida que hoje amargurou total, sento bem plena me esparramando na cadeira e como olhando pro nada e pensando em tudo até que ouço passos.

Arlete: -Minha filha que tá fazendo aqui não tinha festança hoje?-diz sorridente.

Flávia: -Sim Dona Arlete, só vim tomar um ar e já volto.

Arlete: -Menina minha mãe já dizia... o que é do homem o bicho não come!-fala simpática.

Flávia: -Insegurança é um bichinho que rói o coração da gente!-falo triste.

Arlete: -Escuta o que vou te dizer, a gente não controla o destino minha filha, ele a Deus que pertence, coisas ruins acontecem para que o necessário aconteça depois já que nós só aprendemos na dor ou no amor! Mas nunca perca a fé, o senhor está cuidando dos seus anjinhos.-fala e me arrepio toda.

Flávia: -Preciso voltar antes que alguém sinta minha falta lá, tchau Dona Arlete.

-Eu hein, que papo estranho, fiquei até com um aperto no peito, sensação tão ruim,coisa doida fiz o mesmo processo da ida, cortando pelos becos até que entro em um e dou de cara com a Julieta, não posso me estressar mais então volto mas tem duas amigas dela fechando o beco, ali eu vi que ia dar ruim, ela já vem na minha direção.

Julieta: -Agora é eu e você Patroa!-debocha.

Flávia: -Tá maluca garota? Quer o que comigo? -pergunto sem mostrar o medo que tô pelos meus filhos.

Julieta: -Tô bem doida mesmo, desde que tu roubou o MEU HOMEM, eu era pra ser a Patroa da porra toda e esses ramelentos aí eram pra ser meu e dele.-fala desiquilibrada.

Flávia: -Julieta pensa bem no que você vai fazer, Casagrande nunca vai deixar passar barato se tu machucar os filhos dele.-digo.

Juileta: -Quem disse que ele vai saber que fui eu querida?-fala com ódio.

-Só senti um soco na cara,melado já escorreu na hora, eu não tinha como brigar carregando uma barriga de 8 meses, tentei fugir mas as piranhas me seguraram e jogaram de volta pra ela, depois disso foi tapa na cara, soco, chute, a mulher tava insana, olhei pro lado, vi Débora passando pensei que ia me ajudar mas virou a cara e seguiu reto, a única coisa que consegui fazer foi abraçar a barriga e tentar proteger meus bebês, a última coisa que ouvi foi um grito e desmaiei.

À Flor da PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora