Capítulo 88

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Mariela
Bônus

-Vou contar um pouquinho da minha história pra vocês me entenderem melhor. Meus pais foram criados em famílias muito religiosas,até onde sei meu avô obrigou minha mãe a casar com meu pai, não tinha amor mas ele achava que era o melhor pra ela casar com um homem de bem.

-Só conheço a parte da versão do meu pai e algumas coisas que ouvi de terceiros, mas parece que minha mãe era bem infeliz e foi então que conheceu outra pessoa, apaixonou e foi embora com ele me deixando pra trás.

-Meu pai se tornou um homem rancoroso, frio, amargo, nunca mais casou de novo. Foi ele quem me criou, proibiu qualquer contato com a família da minha mãe.

-Sou grata por tudo que ele fez e faz por mim mas não foi igual aos outros pais. Nunca podia nada, tudo era errado e pecado, teve um tempo que nem o cabelo deixava eu cortar.

-Não podia ter vaidade, nunca pude comprar um batom, roupas sempre largas e compridas. Pra ter um celular tive que comprar escondido e deixo na Rafa antes de voltar pra casa.

-Ele detesta minhas amizades,diz que são tudo umas perdidas mas foi a primeira vez que bati de frente e não aceitei, delas não abro mão, foi algo muito bom que aconteceu na minha vida, nem me sinto mais sozinha.

-Sou professora de séries iniciais, amo minhas crianças, o carinho que recebo deixa o coração quentinho.

-Sempre evitei contato masculino a mando do meu pai, principalmente dos envolvidos. Até porque a maioria debocha das minhas roupas, do meu jeito, já tô acostumada, mas magoa.

-Quando passava Cerol sempre vinha me dar um oi, oferecia pra carregar meu material até em casa, eu sempre agradecia e dispensava.

-Ele é bonito? Muito!!! Um pretinho lindo da cor do pecado, mas sou nova pra morrer porque meu pai me mata.

-Acontece que Cerol é brasileiro e não desiste nunca, tava sempre me cercando, elogiando, fazendo graça, sendo fofo e gentil, como que resiste?

-Pra dificultar meu lado mais ainda ele é um dos melhores amigos do marido da minha amiga Flávia, ou seja, ele tá em muitos lugares que a gente vai.

-Numa dessas saídas conheci o álcool, que me dá coragem de ser, fazer e falar o que eu quiser. Como dizem as meninas, minha outra eu Mari Cachaça como elas chamam.kkkkk.

-Acontece que Mari Cachaça ama dar uns pegas com Cerol, kkkkk, foi assim que as coisas foram nascendo. Um dia ele me cercou num beco, eu disse pra ele esquecer tudo pois era culpa da bebida e eu nem lembrava de quase nada, o que era mentira.

-Cerol não acreditou em mim e disse que só ia desistir depois de ter certeza que eu não queria ele, me deu um beijão daqueles, nem tive o que fazer e correspondi. Que delícia de beijo, foi meu primeiro mas aquilo era bom.

-Problema é que ninguém sabe mas isso foi se tornando comum, era proibido mas muito gostoso. Entre um beco e outro a gente se pegava como dizem minhas amigas, nunca tive coragem de contar pois me sentia tão errada sabe?

-Chegou nos ouvidos do meu pai que fui vista no baile e apesar da idade que tenho e trabalhar apanhei feio dele. Fiquei dias por casa, dei uma afastada mas quando Flávia foi sequestrada eu não quis saber de nada, ficava bastante na casa da Rafa tentando ajudar de alguma forma.

-Foi aí que eu e Cerol nos aproximamos muito mais, não vou mentir que comecei a gostar dele, nem tinha como não. Comigo ele é um doce, faz tudo pra me agradar, me faz rir, me chama de minha loira, minha princesa, fico fraquinha.

-Uma noite ficamos sozinhos na casa da Rafa e as coisas esquentaram mas não me sentia pronta ainda, mas ele fez um oral em mim e pela primeira vez na vida tive um orgasmo.

-Não contei pra ninguém porque morria de vergonha de estar fazendo tudo que ouvi a vida toda ser errado, que será que pensariam de mim? Meu pai no dia da surra disse que não ia deixar eu ser igual minha mãe.

-Mas as coisas começaram a ficar difíceis entre nós já que ele queria dar um passo maior, namorar, se assumir, essas coisas.

-Expliquei a situação pra ele, pedi um tempo pois meu pai tem os erros dele mas é tudo que me sobrou, entendem?

-No começo ele aceitou, disse que ia me dar um tempo mas quando esse tempo virou muito e viu que eu não tinha coragem de enfrentar meu pai as brigas e cobranças vieram fortes.

-Um dia tava em casa e meu pai chegou falando que não dava mais nem pra ir na Pensão comprar quentinha porque era uma pouca vergonha os mavambos com as putas no colo quase comendo lá mesmo e disse que o moreno debochado da boca, vulgo Cerol era o pior que tava com uma loira no beco.

-Meu mundo desabou, eu tava disposta correr o risco do meu pai me colocar até pra fora de casa pra ficar com ele e o bonito curtindo com todas, pelo visto gosta de loira né?

-Dali pra frente comecei a ignorar mesmo, tratar ele mal, mandei esquecer. Me obrigou a conversar quando joguei tudo na cara disse que era mentira que eu tava inventando isso pra não ter que confrontar meu pai pra ficar com ele, até de covarde me chamou.

-Foi um bate boca feio, eu chamei ele des escroto pra baixo, até que ele me disse que não tinha feito mada mas apartir de agora eu ia ver ele com as outras já que não gostava o suficiente pra ficar com ele.

-Prometeu e cumpriu já vi mulher na garupa dele e não tem como não sofrer. Seguiu bem rápido pelo visto, fui tentando transformar o sentimento em raiva e aquele dia explodi no churrasco. Acho que acabou de vez aquilo que nem começou.

À Flor da PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora