Capítulo 107

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Casagrande

-A vida é um bagulho louco irmão num dia tu dorme tá tudo maneiro e quando acorda é só pica atrás de pica.

-Eu achava que por finalmente ter conhecido alguém que mexeu comigo a ponto de fazer eu acreditar no tal do amor ia ser só sucesso.

-Me enganei legal mano, porque eu e Flávia não temos paz muito tempo, toda hora vem gritaria e dedo no cú.

-Tô ligado que já errei com ela pra caralho, na época que a Bela surgiu na minha vida deixei ela de lado, ela foi sequestrada por uma doida que gostava de mim e até hoje sinto a culpa de tudo que ela passou.

-Mas é foda mano ver tua mulher toda hora de papinho com outro cara, empolgada com tudo que ele faz. Conheço o caráter dela, sei que tá na intenção de amizade mesmo, às vezes preciso me lembrar que Flávia tem 22 anos só e que às vezes falta maturidade e sobra a tal da ingenuidade.

-Só que ela também precisa lembrar que não casou com playboy, aqui é bandido e não tô aí pra ficar passando atestado de trouxa perante a favela.

-Aí tu pode dizer ahhh mas se preocupa com o que os outros pensam e falam? Pra caralho!Eu tenho que manter uma postura, tu respeita um cara que te parece um otário? Pois é!!!

-Outro bagulho que me deixou boladão foi essa história de sair do morro, acabei falando merda pra ela e tô ligado nisso, mas conheceu assim e crime não é creme. Não posso chegar e dar o aviso prévio que vou sair dar baixa na carteira e tudo bem, mais fácil darem baixa no meu CPF.

-Agora depois que a raiva passou e bati um papo com meu mano Bravo me coloquei no lugar da mina um pouco também.

-Fácil sei que não é, o que mais têm nesse morro é mina que eu já peguei, pegava ou que iam curtir muito tá como Patroa da Porra Toda!

-Tenho noção das piadinhas, provocações, até mensagem essas infeliz mandam cara. Claro que quando pego deixo como exemplo mas não é o suficiente.

-Te falar que não chego pensar uma vida fora daqui, mais "normal", ia tá mentindo, ia ser da hora criar meu filhos num lugar calmo sem guerra e perigos.

-Mas isso não é possível, sei demais, colecionei inimigos, fora das barreiras do morro aí que nossa segurança estaria ameaçada.

-Já pensei na possibilidade de dar um tempo, mandar de longe por um período, mas logo agora Cerol resolveu bancar o revoltado como vou deixar tudo nas costas do Bravo?

-Agora uma coisa é real, eu tinha ficado bem cachorrinho da Flávia, só faltava latir e abanar o rabo que tô ligado.

-Nem é orgulho mas dessa vez não vai partir de mim aproximação pra gente resolver essa treta, quando eu pisei na bola corri atrás pra consertar agora é a vez dela.

-Nunca tive um relacionamento, apesar da minha idade, tudo é novidade pra mim também. Mas sei bem que não se faz pros outros o que não gostaria que fizesse pra gente.

-Não tinha ideia de como era uma gravidez já que nem acompanhei a da Laura, só ouvia os cria falando que tava sofrendo mão da mulher grávida e eu ria ainda.

-Irmão quem inventou esses bagulho de hormônios e as porra toda devida levar uma bala na testa.

-A mulher grávida vai de 8 a 80 em minutos, te ama, daqui a pouco te odeia, uns desejos bem malucos, fica sensível, o melhor de tudo é que fica num fogo e eu me faço de bombeiro e tá tudo certo,kkkk.

(...)

-Tô tranquilo aqui na boca acertando uns negócios, fazendo uns contatos com uns aliados e entra um vapor ofegante com uma cara de apavorado.

Casagrande: -Que foi Tiriça? Sabe bater não?- falo bolado.

Tiriça: -Foi mal Patrão! Mas tamo precisando do senhor lá no Açaí perto da Praça.-diz.

Casagrande: -Ué mas por quê?-pergunto.

Tiriça: -Pô chefe, tá dando uma briga feia lá na Praça!-diz ainda ofegante.

Casagrande: -E não foram lá terminar com essa palhaçada por quê?-falo irritado já.

Tiriça: -Nois tento tá ligado, mas não tá fácil viu. Mano Cerol caiu na porrada com o tal do Professor de Capoeira que tava beijando a Mari, daí a Fiel do Cerol chegou e quis bater na loira, a Rafa não deixou e elas caíram na porrada também.-fala sem parar.

Casagrande: -Pqp! Bora lá logo!-falo pegando a chave da moto e partindo.

-Chego lá tá um tumulto, cheio de gente,bando de fofoqueiro. Dei logo um tiro pra cima povo já foi dispersando, dei logo um trava em quem tava filmando, tmnc.

-Quando o povo saiu pude ver a merda que tava rolando, Rafaela com uma mão agarrada no cabelo da Débora sendo segurada por um vapor e minha cunhada por outro enquanto uma rosnava pra outra, Mari chorando sendo abraçada pela Flávia.

-Do outro lado Cerol sendo segurado por dois vapor porque o mano tava possuído e o tal Léo também sendo segurado e o melado já tava escorrendo nariz abaixo, enquanto tentavam se soltar e xingavam sem parar.

Cerol: -Vem fdp! Vou quebrar esses teus dentes quero ver beijar a mulher dos outros!- gritava.

Léo: -Pode soltar tenho medo de homem não!- diz furioso.

Mari: -Você tá maluco Cerol? Tua mulher é aquela cobra ali.Não te reconheço!-grita.

Débora: -Cala essa boca sua água de salsicha, tá merecendo perder esses cabelos de palha pra aprender a não ficar cercando o homem dos outros.-grita irritada.

Cerol: -Cala essa boca Débora, passa pra casa! E tu Mariela que decepção hein, se agarrando com qualquer! Mas tá certo, ele teu pai deve "aceitar".-diz com rancor.

Mari: -Tu tá me confundindo com a talarica da tua mulher! Tu me respeita seu cretino! Bem vindo ao Clube dos Decepcionados mas entra na fila porque a ficha 01 é minha!-diz triste.

Casagrande: -Quero saber se vai acabar essa putaria agora ou vai todo mundo desenrolar lá na boca?-pergunto cruzando os braços.

Cerol: -Foi mal irmão, me descontrolei. Vou levar essa sem noção pra casa e depois a gente conversa, já é?-diz e eu assinto.

Casagrande: -Bora todo mundo pra casa! E tu "Léo" fica ligado que as leis na favela são outras.-dei meu recado, subi na moto e voltei pra boca.

-Pra bom entendedor meia palavra basta!

À Flor da PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora