Capítulo 108

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Flávia

-Depois daquela confusão no Açaí Diego virou as costas e foi embora sem nem falar comigo, fiquei triste nem vou negar mas entendo o lado dele também.

-Léo foi no Postinho porque o nariz não parava de sangrar e depois iria embora, melhor assim pra evitar mais confusão.

-Mari tava bem nervosa, numa crise de choro, achamos melhor levar ela pra casa da Rafa e tentar acalmar e conversar com a nossa loira.

-Chegando lá Mari foi tomar um banho, Rafa fez um chá de camomila pra ela,era bonito de ver o cuidado que Rafaela tinha com a gente, parecia irmã mais velha sabe?

A loira volta pra sala de cabelo molhado, rosto vermelho, inchado e a carinha de triste que dá dó. Rafa entrega o chá e ela começa a tomar quieta e pensativa.

Flávia: -Melhorou um pouquinho amiga?-falo.

Mari: -Um pouco, mas a tristeza parece que não vai embora.-fala baixinho.

Rafa: -Vontade de encher aquele palhaço de madeirada!-fala bufando e dou risada.

Mari: -Gente que vergonha passei, essa altura já chegou fofoca nos ouvidos do meu pai!-diz e chora de novo.

Flávia: -Calma amiga, tu não teve culpa de nada! Cerol que tá perdido, surtando!-falo sincera.

Rafa: -Olha vai me desculpar Flávia mas a tua irmã é uma peçonhenta da pior espécie!-fala.

Flávia: -Aquilo não vale nem a peruca que tá usando, só meu pai mesmo que nunca desiste dela porque eu não quero nem respirando o mesmo ar!-digo firme.

Mari: -Agora me diz por que logo ela gente?Já era ruim ver ele com outras, mas essa bruxa é demais,bonita por fora mas podre por dentro.- fala triste.

Flávia: -Realmente Cerol vem decepcionando demais! Mas o que aconteceu entre vocês pra tudo chegar nesse ponto?-pergunto.

Mari: -Ai aconteceu tanta coisa que nunca contei pra vocês né?-começou a contar a história toda.

Rafa: -Ihhhh Mari,me desculpa,mas tu acredita nesse teu pai ainda?Isso tá fedendo se mexer vai encontrar merda!-fala desconfiada.

Mari: -Tá doida Rafaela? Meu pai nem faz ideia que eu tava me envolvendo com Cerol!-diz.

Flávia: -Será mesmo amiga?Logo nessa favela que parece até Big Brother, sempre tem um te espiando!- falo sincera.

Rafa: -Não tô defendendo as atitudes escrotas do moreno não,mas do teu pai Mari se pode esperar qualquer loucura.-diz na lata.

Mari: -Agora foi que deu mesmo, Cerol é um cretino e a culpa é do meu pai que me alertou sem querer, que nem sabe de nada? Quer saber vou pra casa, tô afim de discutir com vocês duas hoje não!-fala furiosa e sai porta a fora indo embora sem deixar a gente falar.

(...)

-Fui pra casa decidida a fazer uma janta pra nós dois, levantar a bandeira da paz e conversar.

-O que não dá mais é pra ficar nessa situação, não faz bem pra ninguém e meus bebês não merecem nascer nesse clima ruim.

-Fiz a comida favorita do Diego, carne assada com batatas, farofa, arroz e feijão. Ainda deu tempo pra fazer o pudim que ele adora.

-Uma pessoa de barriga cheia não quer guerra com ninguém, não é mesmo? Deixo as luzes apagadas depois de colocar a mesa, quando ouço o barulho da moto acendo as velas.

-A porta abre e fecha, escuto os passos, na sala deixei só um abajur acesso. Rápido ele chega na mesa de jantar onde estou, olha tudo bem surpreso, acho que entendendo nada!

Casagrande: -Boa noite! Qual o motivo disso tudo?-pergunta sério.

Flávia: -Proposta de paz!?!-digo calma.

Casagrande: -Hum, entendi!-fala firme.

Flávia: -Achei que a gente podia jantar na paz e ter um conversa de adultos,é possível?-falo.

Casagrande: -Claro pô, já te disse pra resolver os bagulho conversando!-diz ficando mais relaxado.

Flávia: -Vamos comer então?- digo sorrindo.

Casagrande: -Vou só jogar uma água no corpo rapidão, beleza?-diz e eu confirmo.

-Ele sobe para o quarto em seguida volta bem cheiroso, meus hormônios já se atiçam, sou louca por esse homem. Jantamos na paz mas sem muita conversa, fora os elogios dele por ter gostado bastante. Resolvo começar a falar.

Flávia: -Queria te pedir desculpas se em algum momento dei a entender interesse no Léo,nem por um minuto isso aconteceu. Eu amo você Diego e nada mudou!-digo olhando nos olhos dele e o mesmo respira fundo.

Casagrande: -Me diz se tu ia curtir que eu ficasse pra lá e pra cá de papinho com outra mina?-pergunta sério.

Flávia: -Claro que não! Pensei muito e me coloquei no teu lugar por isso tô aqui de peito aberto pra conversar na sinceridade.

Casagrande: -Tua sorte que eu virei um otário na tua mão mesmo, porque tu esquece que casou com bandido e se eu te cobrasse?-diz.

Flávia: -Não tem o que cobrar, nunca fiquei sozinha com ele, Rafa ou Mari sempre estavam junto participando da conversa.-digo sincera.

Casagrande: -Mas a única casada ali é tu Flávia, tem que pensar como tal.-fala firme.

Flávia: -Tu me conhece Diego, acha que eu seria capaz, ainda com dois filhos teus na barriga?-pergunto triste.

Casagrande: -Cara acho que até sem os filhos tu não faria, mas tu esquece quem eu sou.Não
é questão de preocupar com aparência mas meu crias vão me respeitar se acharem que sou corno?-diz bolado.

Flávia: -Como eu disse entendo e vou cuidar mais isso, mas pra mim sempre foi comum ter amizade com homem por quê sei da minha postura e não dou ideia, assim como não tenho maldade nele. Mas também fiquei triste por você não confiar e ficar querendo mandar em mim.-falo calmo.

Casagrande: -Se eu não confiasse em tu nem aqui eu tava entende?-pergunta e eu afirmo com a cabeça.-Então pensa mais antes de agir certo!?!-diz calmo.

Flávia: Entendi! Mas tu também deve pensar antes de fazer.-falo calma também .

Casagrande: -Errada no tá!-diz abrindo um sorriso.

Flávia: -Eu nunca te pedi pra largar o tráfico, te conheci assim, sempre tive gratidão por toda ajuda, mas o que falo é que dentro da Rocinha não tenho paz, entende? Minha gravidez toda foi agitada, essa mulherada perturbando, bate boca, só queria um pouco de paz pra ter meus filhos. Depois de tudo que passei claro que tenho medo por eles, são alvos só por terem teu sangue. Entendo tuas responsabilidades mas queria que você visse meu lado também. Que a gente pudesse conversar como gente grande, sem tua explosão e sem meus hormônios interferindo.-falo calma.

Casagrande: -Mas eu entendo teu lado só que têm coisas que não dependem só de escolhas, saca?-diz.

Flávia: -Dá pra compreender sim, mas gostaria só que você pensasse na possibilidade de se afastar um pouco. Nem precisa responder agora, só avalia e pensa bem,tá?-ele confirma.
-Vou subir tomar um banho.-digo beijando seu rosto.



À Flor da PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora