Capítulo 111

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Especial Bravo

-Eu sou todo fechado, desconfiado, frio muitas vezes, mas criança pra mim é um bagulho sagrado tá ligado?

-Sei bem o que é nunca receber algo de bom de quem deveria te proteger e amar,mas só te dá dor e desgosto.

-Sou todo estragado, não sei se um dia vou conseguir sair da minha escuridão, achei que a Rafa era minha luz mas até ela cansou e me largou de mão.

-Não culpo ela, nem sou de me abrir, então ela não sabe de nada do meu passado, desconfia que tenho algum trauma, mas no geral pensa que só não faço questão de ter algo com ela.

-Mas a verdade é que sou amarradão naquela doida de cabeça de fogo, a merda é o medo de não poder ser o que ela merece ter.

-Casagrande já tinha me dado um salve pra descobrir sobre o tal moleque mas só com o nome ficou difícil.

-Quando Flávia e Rafa chegaram na boca, achei que tinha acontecido algo com elas já fiquei alerta, a Furacão já é da família, ganhou geral e Rafa mexe comigo.

-Agora o que chamou minha atenção foi a reação e a ligação da minha Pimentinha com o pivete. Não é que tinha dado ruim mesmo e ela sentiu, caralho mano chega fiquei nervoso.

-Chegamo no barraco brotou vizinho até da terra pra contar as coisas mas pra ajudar o moleque nenhum se mexeu, isso me enche de ódio, namoral.

-Cansei de papinho furado, arrombei a porra daquela porta, tô nem aí, mas quando olhei no meio da sala cheguei a dar um grito que veio todo mundo ver o que tinha acontecido.

-Irmão quando vi aquele moleque desmaiado, cheio de marca, todo ensanguentado, caído por cima de uns cacos de vidro, encolhido e indefeso me deu um bagulho sinistro.

-Por um momento eu me vi nele tá ligado? Já fui aquele pivete no chão machucado,sozinho, assustado, vítima de quem me pôs no mundo.

-Nem sei o que me deu mas só queria cuidar, proteger ele sacou?Peguei o mesmo com todo cuidado coloquei no carro e chamei a Rafaela pra vir junto e meti o pé pro Postinho.

-Parei na frente de qualquer jeito, entrei com ele no colo, Rafa foi pedir ajuda, minha mente só repetia "não morra".

-Levaram ele mas ninguém podia entrar,tempo passava e nada de notícias, uma angústia, um nó na garganta, um aperto fudido no peito.

-Rafaela sentada do meu lado de cabeça baixa chorando pra caralho, Casagrande me liga e diz que já descobriram tudo, o pai do pivete vai rodar e não tem mais ninguém pra cuidar dele.

-Conto pra Rafa da ligação pior ela fica, se culpa pois desconfiava que tinha algo errado mas não fez nada.

Bravo: -Me fala do moleque Rafa, como ele é?- pergunto.

Rafa: -Cara ele é um menininho triste, quieto assustado, mas esperto, carinhoso.-diz com olho brilhando.

Bravo: -Tu gosta dele pra caralho né?-falo.

Rafa: -Muito, nem sei explicar, mas a gente tem uma conexão de alma, comigo ele se solta, se abre um pouco, só tenho vontade de dar amor e carinho pra ele,abraçar e dizer que vai ficar tudo bem.-diz emocionada.

Bravo: -Te falar uma parada, quando vi ele só tive vontade de cuidar e proteger tá ligada?- falo.

Rafa: -Sei como é, algumas coisas são inexplicáveis.-fala mais calma.

Bravo: -Eu já fui ele Rafa!-digo de cabeça baixa

Rafa: -Como assim foi ele?-pergunta confusa.

Bravo: -Já fui um menino machucado por quem devia ter me cuidado. Fui quebrado e destruído por quem me deu a vida e depois queria tirar.-falo baixo.

Rafa: -Nossa! Fernando, eu sinto muito de verdade.- diz triste.

Bravo: -Já passou, esquece isso falou?-digo.

Rafa: -Se um dia você quiser falar a respeito eu tô aqui tá bem?-afirma.

Bravo: -Ele vai ficar sozinho no mundo tendeu? -digo a real.

Rafa: -Eu entendi! Preciso fazer algo por ele! -fala preocupada.

Bravo: -Então, não sei como vou fazer mas quero cuidar do moleque, ser o pai que eu não tive, me ajuda?-pergunto pra ela.

Rafa: -Caramba!!! Nunca imaginei isso vindo de você! Eu também não sei como fazer isso mas quero ser uma mãe pra ele.-diz.

Bravo: -Tu é uma dona foda demais! Tem todo meu respeito real!-falo sincero.

Rafa: -Só me importo muito com ele, sinto um carinho fora do normal! A gente vai dar um jeito, tipo guarda compartilhada,kkkk.-diz e ri.

Bravo: -Agora a gente tem que falar com ele né será que o moleque vai topar?-falo nervosão.

Rafa: -A gente só vai saber tentando né? Mas vou te avisar que ele é bem arisco com figura masculina você deve imaginar.-diz.

-Nisso o médico veio falar com a gente, falou que Hiago vai ficar bem, mas precisa de uns dias em observação porque tá machucado e tem que fazer alguns exames.

-Disse também que o menino tinha acordado e permitiu visita, a Rafa foi primeiro conversar com ele e depois disse que eu podia entrar, fui na calma pra não assustar o moleque.

Bravo: -E aí Hiago, suave?-disse sentando longe pra ele se acostumar comigo.

Hiago: -Oi tio, qual seu nome?-pergunta.

Bravo: -Sou o Fernando mas todo mundo me chama de Bravo.-falei calmo.

Hiago: -Meu pai era muito bravo, tia Rafa disse que ele foi morar no céu.-fala triste.

Bravo: -Eu não sou igual teu pai não!-digo.

Hiago: -Eu sei tio, vejo no teu olho, mas vi também tanta dor, que nem eu sinto quando meu pai me machucava.-diz com lágrimas.

Bravo: -Minha mãe também me machucava, sei o que você sente.-digo com nó na garganta

Hiago: -Por quê eles fazem isso tio?-pergunta.

Bravo: -Não sei moleque, tem coisa na vida que nem tem explicação sabe?-digo.

Hiago: -Eu não tenho raiva dele tio, só tenho medo de alguém me machucar de novo.-fala.

Bravo: -Tu consegue confiar em mim? Bota fé que eu não vou te machucar nunca?-pergunto.

Hiago: -Não sei por quê mas confio em você tio!-diz sorrindo tímido.

Bravo: -Então presta atenção no que eu vou te falar, apartir de hoje eu vou te proteger de tudo e todos, ninguém mais vai te machucar, tu deixa?-pergunto ansioso.

Hiago: -Deixo tio, confio em você e na tia Rafa. -fala.

Bravo: -Então agora eu e a Rafa vamos cuidar de tu e ser tua família fechou?-digo esticando a mão pra ele.

Hiago: -Fechou tio!-diz sorrindo.

-Não sei nem por quê to fazendo isso, nem eu entendo só sei que tudo me diz que esse é o certo e vou fazer.

À Flor da PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora