Capítulo 122

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Flávia

-Os dias têm passado lentamente, acho que tô anestesiada sabe? Já senti tanto medo e dor que já nem sinto mais nada, vivendo no piloto automático.

-Sei que muitas pessoas vão me julgar,apontar o dedo e dizer que minhas decisões estão sim erradas, mas quem tem telhado de vidro não joga pedra no dos outros não é mesmo?

-Sabe quando é pra julgar a vida do próximo brota juiz até da terra, queria saber se essas pessoas são assim tão perfeitas, maduras e realizadas.

-Até porque empatia a maioria enfia lá onde o sol não bate, a não ser claro que a situação seja contigo né aí tudo é compreensível.

-Eu não me separei, eu amo o Diego mas esse nosso amor tem machucado muito, pedi um tempo no sentindo da gente colocar a cabeça no lugar e ver o que realmente quer e vale a pena.

-Pra se for de ficar juntos que seja inteiros e não pela metade, empurrando relação falida com a barriga.

-Filho não prende homem imagina mulher né? Só quero paz, criar meus filhos e claro viver o meu amor, mas será que isso é possível?

-Tudo entre nós começou estranho e de forma errada, fico pensando se algo que começa da errado pode acabar dando certo.

-Sim eu sabia com quem estava casando,sei dos riscos, fiz essa escolha até porque nessa época eu só queria salvar minha mãe.

-Mas se a gente parar pra pensar bem os ataques mais sérios que sofri, com maiores consequências foram de mulheres com quem ele se envolveu e não pelos inimigos.

-Tudo bem que ele era solteiro,as pessoas não vem com placa de identificação dizendo se prestam ou não mas é difícil bancar a plena e não pensar que ele fez as escolhas eu paguei o preço.

-Por essas e por outras insisti tanto pra dar um tempo do Morro, parece que algo me alertava, sexto sentido sei lá.

-Só quem passa todo dia pelas situações que sempre rolam aqui da mulherada afrontando, fazendo fofoca, fake, mensagem de número desconhecido, ainda por cima grávida que a gente fica mais sensível é difícil, abala sim o psicológico.

-Eu não pedi pra ninguém largar o tráfico e ir viver comigo na Disney, sou ciente de onde entrei mas queria demais um tempinho num lugarzinho tranquilo pra ter meu filhos, tava errada?

-Olha o tanto de merda que rolou, meus bebês indefesos, viveram 42 dias naquela caixa sem contato com a gente, lutando e passando por coisas que muitos nem imaginam.

-Hoje é um grande dia, pois Bernardo e Safira ganharam alta, finalmente vão pra casa, sou muito grata por isso, só não posso dizer que a felicidade é completa pois vai faltar um coroa careca naquela casa.

-Não tem sido fácil sem ele, saudade já bateu a ponto de eu levantar da cama, trocar a roupa e sair na rua pra ir procurar por ele, a sanidade voltou a tempo e não fui.

-Afinal pra quem não queria aceitar a ideia de tempo, Diego tá cumprindo com excelência, ele continua indo ver os filhos sempre mas agora uma vez no dia.

-Soube pelos fakes da vida que ele andou até em baile, enchendo a cara e saiu carregado por Ogro e Cerol.

-Se saiu com alguém nos meus ouvidos ainda não chegou nada mas vai saber, dizem que ele vive naquela boca e afundado na bebida.

-Claro que sofro em ouvir essas coisas mas tá tudo tão confuso e complicado,preciso estar firme e forte por dois seres indefesos que necessitam de mim.

-Na verdade eu só oficializei a situação pois afastado ele já estava, sei lá se foi imaturidade ou mecanismo de defesa, a gente colocou a culpa um no outro e a revolta gerou distância.

-Eu durmo agarrada numa camiseta que tem o cheiro dele, eu vejo as fotos,ouço uma música ou outra que me lembra de nós e desabo.

-Mas tô tentando acreditar que se for pra ser a gente vai ficar junto, mas por agora as feridas têm que cicatrizar e a gente liberar o perdão.

-Ainda nos falamos o necessário, mas nunca fui atrás tentar ajudar pois estou fraca,usando o que sobrou de energia e força pelo bem dos meus filhos, de coração não quero ir lá e vê-lo mal e nem posso administrar mais isso agora.

-Liguei pra ele avisando da alta e fez questão de ir nos buscar no hospital, quando chegou lá ele já tinha comprado tudo pra carregar eles em segurança no carro, achei fofo.

-Fomos o caminho até o Morro no mais puro silêncio, observei ele algumas vezes, abatido, olheiras, tá mais magro, vontade de pegar mo colo e cuidar desse brutamontes.

-Coração é inimigo da razão já dizia minha falecida mãe, pra ajudar no rádio do carro começou a tocar Gustavo Lima pra acabar de vez com a pessoa.

🎶 ON:

Ontem te encontrei
Você estava tão bonita
Demais
Parecia até que nada aconteceu
Jeito de quem está feliz
De quem está de bem com a vida
Sei lá
Mas alguma coisa não me convenceu

E ainda faz de conta que não está
Nem ai pra mim
Mas você não me engana sei
Que você ainda tá afim
Me diz pra que fazer assim

Você pode ter um tempo pra pensar
E uma eternidade pra se arrepender
Tá na cara dá pra ver no seu olhar
Tô fazendo muita falta pra você

É loucura não ouvir o coração
Desse jeito a gente pede pra sofrer
Eu não quero te ver na solidão
Tô fazendo muita falta pra você

-Nosso olhar se cruzou rapidamente e acho que vi um sorriso de cantinho naquele rosto, mas depois o silêncio permaneceu junto com o aperto no meu peito.

-Chegamos em casa, ele me ajudou a colocar as criancas no berço, trouxe as bolsas e pediu pra falar comigo,liguei babá eletrônica e desci.

Flávia: -Tá tudo bem Diego?-pergunto sem jeito.

Casagrande: -Se disser que sim vou mentir mas o assunto é outro.-diz calmo e sério.

Flávia: -Pode falar.-digo.

Casagrande: -Seguinte, sei que tu pediu o tal do tempo mas isso na incluía meus filhos né?- pergunta.

Flávia: -Óbvio que não!-falo revirando o olho.

Casagrande: -Então, queria ver com tu pra eu ficar por aqui no quarto de hóspedes pra viver esse primeiro momento com eles, pra se acostumarem comigo e também te ajudar.-fala

Flávia: -Eu estava pensando em como me virar quando os dois resolverem chorar juntos, mas pensei em uma babá pra dar uma ajuda.-falo.

Casagrande: -Namoral Flávia não é maneiro colocar gente estranha dentro de casa, esse começo de vida deles já foi difícil, tem que ter a família por perto, até porque tu não fez filho sozinha e tô aqui pra ajudar!-diz sério.

-Fico muda sem saber o que dizer, uauuuu por essa não esperava, como resistir com ele dentro de casa, tortura produção?

-Agora a atitude dele merece nota 10, não posso e nem quero negar aos meus filhos viver isso.

-Mas dá vontade de falar vai me ajudar como se vive bêbado na boca, mas guardei pra mim, quem sabe estar com eles não vai dar a força que ele precisa pra reagir?

Flávia: -Tudo bem Diego, desde que a gente se respeite pra viver na tranquilidade pode vir até porque a casa é sua, eu que devia ter saído.- digo sincera.

Casagrande: -Vou nem te falar nada hein, a casa era nossa! Mas valeu mesmo por entender.-diz.

Flávia: -Tranquilo, você é o pai, jamais tentaria te afastar, ainda mais se você faz questão de estar perto deles!-falo calma.

Casagrande: -Jaé então! Vou buscar minhas coisas e já broto aí.-diz saindo apressado.


À Flor da PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora