Capítulo 64

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Flávia

   -Mais um dia de luta, a pobre levanta e vai agir pra vida, Diego cai da cama e parti pra aquela boca. Dar minhas aulinhas, ver meus pestinhas, amoooo. Rafa e Mari passam e a gente segue naquele ritmo fofocando até chegar, nos despedimos e vai cada uma dar suas aulas.
    -Sempre chego mais cedo pra ir em organizando, escuto um choro e vejo umas das minha alunas a Kelly chorando de cabeça baixa. Vou até lá e passo a mão nos seus cabelos vermelhos, ela se assusta.

Flávia: -Oi Kelly, que houve querida?-pergunto.

Kelly: -Eu tô tão ferrada professora!-chora

Flávia: -Mas por quê menina?-fico preocupada.

Kelly: -Tô grávida! E o pai disse que não é dele, porque eu já sai com outras pessoas, mas eu tava curtindo aquele desgraçado e só tava transando com ele.-diz soluçando.

Flávia: -Poxa Keelly, sem camisinha? Já falei tanto pra vocês!-falo sincera.

Kelly: -Ahhh Prof. sabe como é né esquenta e a cabeça para de funcionar.-fala.

Flávia: -Daqui a 9 meses a cabeça vai ter que funcionar fazendo conta, quanto de fralda, de leite e por aí vai!-eu e a falta de filtro.

Kelly: -Poxa Prof. eu tô perdida! Minha mãe tem 4 filhos, a gente mora num barraco com 2 quartos e meu padrasto é um bêbado que mal põe comida em casa, não tem como adicionar um bebê.-volta a chorar.

Flávia: -Calma, vamos ver como posso te ajudar tá? Quem é o pai?-pergunto.

Kelly: -É o Feio ele é vapor do teu marido!-diz.

Flávia: -Menina, feio é o que mais têm naquela boca, uns judiados real.-sou realista, ela ri.

Kelly: -Feio é o vulgo Prof. ele até é bem bonitinho!-a gente da risada.

Flávia: -Bom por enquanto a gente faz assim, vou pedir ao Casagrande que bata um papo com esse Feio bonito aí,kkkk. No final da aula vou com você até sua casa contar pra eles da gravidez e dizer que vou te apoiar em tudo que puder. Com a Patroa junto eles te bater não vão, agora juízo garota! Se não te largo de mão!- falo franca e ela pula me abraçando.

Kelly: -Obrigada, obrigada, obrigada! A senhora é a melhor!-diz me enchendo de beijos e bate o sinal.

Flávia: -Vamos a aula!-digo sorrindo.

(...)

   -Depois da aula fui com a Kelly até a casa dela, realmente é bem humilde o lugar. A mãe dela chorou, bem preocupada e o tal padrasto chegou e não tava puro quis engrossar mas ativei o modo Patroa e baixou a bolinha rápido.
    -Volto pra casa e vejo muitas mensagens das meninas combinando de ir na igreja mais tarde e quer saber? Eu vou mesmo. Tô precisando renovar minhas forças porque é luta em cima de batalha!
    -Chego em casa mando mensagem para Casagrande avisando que vou sair com as minhas amigas. Ele me responde, em seguida parto pro banho.

(...)

   -Chegamos na igreja, povo fica olhando, alguns coxixam, tudo normal. Sentamos lá atrás quietinhas num cantinho e aguardamos começar. Começou o culto fechei os olhos e fui conversando com Deus, chorei a beça. Foi lindo, a palavra tocava na gente. Pra finalizar eles cantaram louvores, até que começou um que me arrepiei toda, dizia assim:


Os planos que foram embora
O sonho que se perdeu
O que era festa e agora?
É luto do que já morreu

Não podes pensar que este é o teu fim
Não é o que Deus planejou
Levante-se do chão, erga um clamor

Restitui
Eu quero de volta o que é meu
Sara-me e põe teu azeite em minha dor
Restitui e leva-me as águas tranquilas
Lava-me e refrigera minh'alma
Restitui

E o tempo que roubado foi
Não poderá se comparar
A tudo aquilo que o Senhor
Tem preparado ao que clamar
Creia porque o poder de um clamor
Pode ressuscitar

    -Quando vejo o pastor está na minha frente e diz pra mim:

Pastor: -O tempo que te será roubado filha vai ser difícil, muita luta longe dos teus mas o Senhor não te abandonará e a tua volta será grandiosa. Creia sempre e na dificuldade clame o senhor ouvirá tua voz.
“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu.” Eclesiastes 3:1
Posso orar por você filha?-assinto.

    -Assim ele fez, orou por mim e voltou ao púlpito. Finalizou o culto e se despediu. Eu ainda tava em choque com tudo que ouvi, confesso que não entendi bem parecia um aviso do que vai acontecer e fiquei arrepiada e impressionada. Fomos embora todas impactadas e caladas.
    -Cheguei em casa Diego tava na sala, corri e abracei ele que não entendeu nada mas retribuiu, ali eu chorei de novo, uma sensação de que não ia vê-lo por muito tempo, que loucura tudo isso. Contei pra ele tudo que aconteceu hoje e ficou me zoando que fui pra igreja ficar bem e voltei pior, palhaço.
     -Quando estava mais calma, pedi ajuda dele no caso da minha aluna, o mesmo me contou que ela e as amigas vivem na volta dos vapor da boca, menina tem 16 anos gente, não julgo mas gostaria muito de ajudar essas meninas novinhas e sem cabeça que ficam atrás de mavambo como tábua de salvação.
    -Subimos pra dormir que amanhã começa cedinho. Diego faz um cafuné gostoso até pegar no sono.

À Flor da PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora