Capítulo 9

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Giulia Salvatore

É incrível como um encontro pode gerar tanta antipatia instantânea. Eu mal conheci Jos Verstappen e já sinto uma raiva intensa por ele. Além de me olhar de cima abaixo quando Max me apresentou como sua namorada, ele teve a audácia de puxar meu namorado para o lado e falar de mim.

E como sei disso? Porque Max gritou que não queria ouvir nada relacionado a mim, então ele saiu. Após o primeiro treino, Jos brigou com Max, criticando seu desempenho e insinuando que eu era um empecilho. Mas esse cara não entende que um problema com a asa traseira do carro não tem nada a ver com seu filho.

E aqui estou eu, tendo que lidar com o mini surto de um velho que nunca foi um grande piloto e agora quer dar pitacos.

— Por que você não cala a boca? — Espanto-me ao perceber que fui eu quem disse isso.

Todos os olhares se voltam para mim. É o que acontece quando a língua age antes do cérebro.

— Desculpe, mas você está falando comigo? — Ele se aproxima, com um sorriso sarcástico no rosto.

Levanto-me rapidamente e encaro-o de frente. Se ele pensa que vou me amedrontar facilmente, está muito enganado.

— Tem mais algum idiota nesta sala? — Lanço um olhar rápido para Horner, que parece surpreso. — A culpa não é de Max, o tempo dele foi ótimo. Com um carro melhor amanhã, ele será incrível, e eu tenho certeza disso. Você deveria saber disso. Então, em vez de agir como uma criança mimada e gritar, por que você não vai embora? — Minhas palavras são firmes. — Seu filho é melhor que você, como piloto, como homem e, com certeza, será um pai melhor.

Jos dá mais um passo em minha direção, mas antes que possa fazer algo, Max se posiciona entre nós e empurra seu pai, surpreendendo-o com sua atitude.

— Fique longe dela. — Max aperta o maxilar, segurando minha mão, enquanto observamos Jos irado avançar em nossa direção.

Neste momento tenso, percebo que essa briga está apenas começando. E estamos prontos para enfrentar ela juntos, não importa o que aconteça.

— Olha quem resolveu defender a namorada, não acredito que você vai fazer isso por uma qualquer. - Jos cospe as palavras.

Nesse momento, Max me segura firmemente, pois antes que eu perceba, estou prestes a voar no pai dele.

— Qualquer aqui só se for você, que além de ter sido um piloto patético, também foi um pai ainda pior. Você só está nesse meio graças ao seu filho aqui, porque, se não fosse por ele, você não seria ninguém, seu idiota. — Max me puxa com tanta força que bato em seu peito. — Você nunca será um terço do homem que seu filho é. Portanto, antes de chamá-lo de moleque, dê uma boa olhada no espelho, aposto que no reflexo verá o perdedor e a porcaria que você é.

Antes que Jos possa responder ou se aproximar ainda mais, Horner intervém, dizendo um "já chega", e arrasta Jos para fora da sala.

Max não me solta, e só consigo ouvir nossas respirações pesadas se misturando. Eu sei que preciso me preparar para o segundo round com ele.

Afinal, eu acabei de discutir com o pai dele. Apesar de tudo, ele ainda é o pai de Max. Mas eu simplesmente não aguentei mais ouvir ele gritando com Max. Perdi a cabeça quando o vi apontando o dedo na cara dele.

— Eu... — Respiro fundo, sentindo as bochechas molhadas. — Desculpa.

É tudo o que consigo dizer antes de segurar minha boca para conter as lágrimas. Estou chorando de raiva, e eu sei disso.

Max simplesmente me solta, e eu me viro, limpando minhas bochechas com as costas das mãos. Seu rosto também está vermelho. E quando ele abre a boca, já espero um grito.

Mas isso não acontece. O piloto à minha frente puxa minha mão tão rápido que acabo batendo em seu corpo. Max me envolve em um abraço, e eu retribuo, apertando minhas mãos ao redor de sua cintura.

— Você não deveria ter feito isso, mas obrigado, Giu. — Sua voz soa abafada.

— Ele não vai fazer isso com você enquanto estivermos juntos. — Me afasto e olho para cima, encontrando os pares de olhos mais azuis que já vi na vida. — Eu odeio seu pai.

Max acaricia minha bochecha e ri do meu pequeno comentário. A verdade é que ele não merecia aqueles gritos.

— Vai me defender todas as vezes? — Ele me questiona, ainda com uma das mãos em meu rosto.

— Todas as vezes.

Era a coisa mais verdadeira que já tinha dito a Max. Eu enfrentaria Jos todas as vezes possíveis pelo bem de seu filho.

O homem à minha frente apenas assente com a cabeça, passa uma mecha do meu cabelo para trás e puxa meu rosto em sua direção, colando nossas testas.

Seu polegar desenha pequenos círculos em minha bochecha, e eu fecho meus olhos ao sentir sua respiração próxima aos meus lábios. A pequena distância entre nós chega a ser torturante, mas nenhum de nós tem coragem suficiente para rompê-la.

Pelo menos, eu não tenho. Digo "eu" porque ele se aproxima, mas antes que ele consiga finalmente diminuir a distância entre nós...

Horner abre a porta.

The Contract • Max Verstappen Onde histórias criam vida. Descubra agora