Capítulo 66

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Giulia Salvatore 


Meus olhos oscilavam entre Max, que segurava minha mão e suspirava profundamente, e o médico diante de nós, examinando os resultados dos exames que eu havia feito mais cedo. Eu passei a mão livre sobre minha barriga, buscando um conforto que apenas meu filho parecia poder me oferecer. A verdade é que não me sentia bem, mas tinha certeza de que estar aqui era parte do problema.

— Seus exames estão mostrando algumas alterações. — O médico disse, lançando um olhar para mim. — Sua febre pode ser uma resposta do seu corpo à infecção que parece estar presente. Vamos iniciar o tratamento hoje e manter um acompanhamento mais próximo.

O turbilhão de emoções persistia, levando-me de uma preocupação para outra, enquanto eu tentava me concentrar em melhorar para Max e nosso pequeno, que, apesar de tudo, permanecia estável.

— Quanto tempo até sabermos se o tratamento funcionou? — Max perguntou, avançando um passo. — Tenho uma viagem marcada para os próximos dias e preferiria não deixá-los.

— Infelizmente, não podemos dar um prazo, senhor Verstappen. Precisaremos monitorar sua esposa e seu filho e ver como o corpo dela reage ao tratamento.

Como um balde de água fria sobre nossas cabeças, Max simplesmente saiu do quarto, me deixando sozinha com o médico. Ele estava tentando aprender a lidar melhor com suas frustrações e emoções, mas nem sempre conseguia digeri-las tão bem. Quando as coisas não saíam como planejado, ele se afastava para ter seu momento.

— Ele está apenas... — Suspirei, olhando para o médico. — Processando. Planejávamos ir juntos para o próximo Grande Prêmio.

O médico me lançou um olhar compreensivo antes de se aproximar da cama.

— Precisamos cuidar dessa infecção primeiro. — Ele disse calmamente, e eu assenti. — Se precisar de um momento para processar, basta me avisar e peço para ele voltar mais tarde ao quarto.

Balancei a cabeça negativamente, e antes que ele saísse, ele apertou levemente minha mão, mostrando que estava ali, tanto para mim como para o meu bebê.

Eu não queria processar tudo sozinha. Da última vez que fiz isso, acabei nesta cama, lembrando-me nitidamente da luz brilhante do carro atingindo o meu, seguida pelo vazio. Acordei depois no hospital. Eu não estava com vontade de ficar perto de carros novamente, pelo menos não tão cedo. Então, no fundo, estava aliviada por não precisar ir à próxima corrida. Só de pensar na multidão, nos carros, nos repórteres, nas câmeras, meu coração acelerava mais do que o de Max nas pistas. 

Não sabia como expressar para Max que já não me sentia tão conectada com este mundo, o mundo dele. Não era por causa dele, mas por tudo o que o rodeava. A última vez que mergulhei nele, tudo aconteceu tão rápido. Eu sabia que esse universo era implacável, especialmente além das pistas, e não queria introduzir meu pequeno nele tão cedo.

Como se Max pudesse sentir que eu estava me afogando em meus próprios pensamentos, ele entra silenciosamente no quarto antes de se aproximar. Seus olhos vermelhos e suas mãos levemente marcadas me indicam que ele chorou, que descontou sua frustração em algum lugar.

— Nós vamos ficar bem, babe. — Eu digo quando ele se deita na cama ao meu lado, e eu me aconchego com todo o cuidado do mundo, colocando minha cabeça em seu peito.

Havia coisas que eu queria compartilhar com ele, mas não sabia se era o momento certo. Decido afastar esses pensamentos da minha mente enquanto ele acaricia meu cabelo, como se esse gesto pudesse curá-lo tanto quanto me curava.

— Você sabe que te conheço o suficiente para perceber que há algo que você não me contou ainda. — Max diz após alguns minutos de silêncio. — Por Deus, Giu. Tem um pedacinho de nós aí dentro, e eu sei ler você perfeitamente bem. Você não consegue ficar em silêncio por mais de dois minutos ao meu lado. 

E antes de falar eu solto uma pequena risada, sabendo exatamente que ele estava mais que certo.

— Nao vou mentir. — Digo me ajeitando em seu peito. — Fiquei aliviada de saber que não posso ir a próxima corrida, não que eu queria estar com uma infecção, mas eu não queria ir, babe. — Me levanto um pouco para o olhar em seus olhos. — Eu quero muito estar la por você, mas agora eu não consigo. — Suspiro. — Pelo menos não agora.

E ele nao demostra nenhuma reação, Max apenas parece absorver todas as palavras que haviam saído na minha boca. E eu me preparo para comecar uma discussão, mas ele me surpreende dizendo:

— Eu entendo, Giu. Está tudo bem se estiver com medo. Eu também estou. Mas estamos nisso juntos, lembra? — Ele segura minha mão suavemente. — Vamos superar todos os obstáculos, como sempre fizemos. E vamos garantir que nosso pequeno tenha um mundo melhor para crescer.

Um conforto profundo toma conta de mim, e um sorriso involuntário brota em meus lábios.

— Você não precisa fazer nada com que não se sinta à vontade, Giu. Eu te amo. E mais que isso, eu respeito cada uma de suas decisões. Você é a pessoa mais importante na minha vida, e eu sei que você é o amor da minha vida. Sempre vou te respeitar, linda. Então, fique tranquila. Esteja onde estiver, sei que estará comigo. Porque meu coração é seu desde o primeiro dia em que você entrou na minha vida.

— Eu te amo. — É a única coisa que consigo dizer, enquanto lágrimas escorrem suavemente pelo meu rosto. — Eu e nosso filho estaremos torcendo por você, então é melhor você vencer essa corrida!

— Por que isso parece uma ordem, Salvatore? — Max responde com um sorriso nos lábios, e por um instante, parece que voltamos àquele dia em que estávamos apenas começando nossa jornada juntos. Mas em nenhum cenário, poderíamos imaginar que hoje estaríamos assim.

— Porque é uma ordem, Verstappen.



The Contract • Max Verstappen Onde histórias criam vida. Descubra agora