Capítulo 53

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Max Verstappen

A quinta consulta que Giulia desmarcou naquela semana estava começando a me deixar à beira da insanidade. Eu não conseguia entender por que ela estava evitando tanto o médico. Minha paciência estava se esgotando quando a vi sair correndo de mim após nossa discussão no paddock.

— Giulia Salvatore! — Gritei, irritado, enquanto ela corria. Mas, para minha surpresa, ela logo parou, parecendo tonta e cansada. Suspirei aliviado, esquecendo minha raiva por um momento. — Você não consegue nem correr três metros que fica assim?

Ela me olhou com um misto de cansaço e teimosia. Antes que eu pudesse retrucar, percebi que ela estava realmente ofegante e parecia pálida.

— Max, eu... estou me sentindo meio estranha. — Ela disse, tentando recuperar o fôlego.

Minha preocupação imediata substituiu minha raiva anterior. Eu estava ao seu lado em um instante, e minha expressão passou de irritação para alarme.

— O que você quer dizer com "estranha"? — Perguntei, já a guiando para o carro da equipe. — Você está se sentindo mal?

Ela balançou a cabeça, incapaz de formular palavras. Em vez disso, ela se apoiou em mim, a pele esfriando visivelmente sob o meu toque. Sem pensar duas vezes, peguei-a no colo, ignorando qualquer protesto fraco que ela pudesse fazer.

— Max, o que você está fazendo? — Ela conseguiu perguntar enquanto eu a carregava em direção ao carro.

— Indo para o hospital neste instante. — Respondi com determinação, sabendo que não havia espaço para negociação. — Sua saúde é mais importante do que qualquer treino.

Saio andando com ela nos braços e, sem dúvida, todos os olhos se voltam para nós, mas honestamente, eu não me importo nem um pouco com a atenção alheia.

— Se você tivesse sido um pouco menos teimosa, não estaríamos nesta situação agora. — Deixo escapar assim que a coloco no carro.

Ela responde com um resmungo, sua expressão emburrada e teimosa.

— Eu só me senti mal porque estou com fome! — Ela protesta, batendo na minha mão enquanto tento prender seu cinto de segurança. — Eu posso fazer isso sozinha! — Ela bate de novo na minha mão.

Reviro os olhos, ligeiramente irritado, enquanto seguro o cinto de segurança no lugar.

— Você mal consegue ficar em pé direito, Giulia, não me provoque! — Falo, puxando o cinto com uma certa impaciência. — Está tentando me desafiar?

Ela cruza os braços no peito, desafiadora como sempre.

— Sabe por que estou assim? — Ela pergunta com um olhar feroz. — É o nervosismo que você me faz passar!

Dou uma risada, incapaz de resistir à sua natureza marrenta.

— Você certamente não parecia nervosa na noite passada ou mesmo esta manhã. — Respondo com um sorriso malicioso.

Ela reage batendo levemente no meu ombro, seus olhos faiscando com uma faísca de diversão. A maneira como ela conseguia mudar de uma teimosa irritada para uma parceira brincalhona sempre me surpreendia e me encantava. Era mais uma razão pela qual eu a amava tanto.

•••

Giulia Salvatore

Max já tinha aprontado suas palhaçadas pela quinta vez, e a cada uma delas, eu não hesitava em dar um tapa brincalhão no seu braço. Era um misto de nervosismo e diversão, afinal, não havia necessidade de estarmos em um hospital, mas ele não me dera chance de falar com o médico. Toda vez que eu tentava, ele simplesmente cobria minha boca, e a única saída que encontrei foi morder de leve o seu dedo.

Ele havia ampliado todos os meus sintomas para níveis absurdos. Uma leve tontura se transformara em desmaio, e um enjoo, bem, tornou-se um episódio digno de uma novela.

Sério, por que ele precisava ser tão dramático?

— Devíamos estar na coletiva de imprensa agora. — Eu murmurei, olhando o relógio na parede em frente à maca em que estava deitada. Max tinha feito questão de me trazer ao hospital e insistir que fizesse todos os exames necessários, o que resultou na minha internação até a obtenção dos resultados. — Seu pai já não gosta muito de mim, e agora ele vai me odiar ainda mais por te tirar de mais um treino.

Max deu de ombros, voltando a se sentar ao meu lado.

— Eu lido com meu pai. E você sabe que você é mais importante. — Ele passou carinhosamente a mão no meu cabelo antes de me dar um beijo na testa, um gesto adorável. — Pode ser que estejamos transando, e você passa mal, imagina?

Aquilo bastou para desferir o sexto tapa em seu braço, seguido por uma risada ainda mais alta dele.

— Puta que pariu, você é chato para um senhor caralho! — Exclamei em português, e Max parou de rir por um momento.

— Ei, não vale xingar o namorado em palavras que ele não entende! — Max brincou, fingindo uma expressão séria enquanto apontava o dedo para mim. Em resposta, mostrei o meu dedo médio para ele.

— Aposto que colei um chiclete na cruz no meu passado. — Resmunguei, e ele gargalhou, desviando habilmente de um dos travesseiros que joguei em sua direção.

E tudo se desenrolou quando o médico adentrou o quarto, folheando os resultados na prancheta. Max se aproximou de mim, percebendo a tensão que eu tentava disfarçar. Sempre odiei hospitais, e minha única reação foi apertar sua mão com firmeza enquanto o médico examinava aquelas páginas, parecendo uma eternidade se desdobrando diante dos meus olhos.

— Doutor, vá no seu tempo. — Max forçou um sorriso amarelado. — Mas, se puder falar logo, ela vai esmagar minha mão, e eu preciso dela para correr no domingo.

O médico soltou uma pequena risada e abaixou a prancheta. Ele olhou alternadamente para mim e Max, com um sorriso tranquilizador no rosto. Mesmo assim, eu não conseguia parar de apertar a mão de Max.

— Tenho boas notícias, senhorita Salvatore. — Ele começou, e finalmente afrouxei meus dedos na mão de Max. — Não encontramos nenhuma alteração nos seus exames...

— Eu sabia! — Virei-me para Max, triunfante, enquanto ele revirava os olhos.

— Nem nos seus exames, nem nos do bebê.

Foi nesse momento que Max e eu tivemos exatamente a mesma reação, olhando para o médico e dizendo em perfeita sintonia:

Bebê?

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