04. Sequestrada ⚓

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━━ 𝐊𝐈𝐀𝐑𝐀 𝐌𝐀𝐑𝐓𝐈𝐍𝐈

Dessa vez fui cedo para o centro da cidade, voltando para a minha busca de achar algum emprego. Ontem não foi mesmo como o esperado e eu já sabia disso. O dia começou cedo e até agora, só consegui uma possível vaga para trabalhar como secretária em um consultório, mas essa vaga só ia se abrir, daqui alguns meses. Então, acho que posso considerar ela desclassificada. Suspiro, não tendo sucesso no vigésimo comércio que entrei.

Perdi as contas em quantos lugares fui, procurando qualquer vaga de emprego e não consegui nenhuma. Olho ao redor, não tendo ideia de onde ir. Ando pela calçada, sem um rumo certo e sem ter ideia para onde ir e tentar minha sorte, até que avisto uma sorveteria a poucos metros de mim. Decido ir até lá. Olho o horário no relógio, sentindo minha fome começar a chegar, por estar perto do meio-dia. Acho que vou voltar para casa e voltar com as minhas buscas amanhã.

Me aproximo da sorveteria e eu me frustro, vendo que está fechada por alguns minutos e que logo abriria de novo, segundo a placa escrita com caneta e colada na porta. Querendo descansar, permaneço ali parada, esperando a pessoa que colocou esse aviso chegar. Mexo no celular, avisando meu papà que não tinha conseguido nada até agora e que em breve voltaria para a casa. Ergo a cabeça, guardando o celular na bolsa e vejo que tem um mercadinho na frente da sorveteria, que me faz pensar em ir lá e ver se tem alguma vaga para trabalhar.

Mas antes que eu atravesse a rua, sinto um pano cobrir minha boca e meu nariz, me fazendo inalar o cheiro daquilo, que me deixa tonta. Grito, tentando me debater contra o agarre de um par de braços fortes, não sabendo de quem é, mas eu começo a perder as forças e fico zonza, que na consequência disso, apago, não enxergando mais nada além de preto.

....

Eu abro devagar os olhos, sem nenhuma claridade me incomodando, mas volto a fechar os olhos e me levanto de onde estou, que parece muito ser um colchão por ser fofo. Coço os olhos, tentando colocar os pensamentos no lugar e abro eles, me deparando com um quarto desconhecido. Me assusto, vendo tudo a minha volta e só então tenho a recordação do que aconteceu. Alguém me agarrou e enfiou um pano contra minha boca, que me fez desmaiar.

Ah, meu Deus!

Salto para fora da cama, correndo em direção a porta daquele quarto estranho, querendo apenas sair e ir embora daqui. Puxo a maçaneta para baixo, mas não consigo abrir a porta. Está trancada. Estou trancada aqui. Tento de novo abrir, mas sem sucesso algum. Olho desesperada para a porta, me sentindo apavorada por estar presa em um lugar que eu não conheço, em uma casa que eu não conheço, em um lugar completamente desconhecido.

— Socorro! Alguém me ajuda! — bato na porta apavorada, não escutando nada de resposta. Decido gritar mais alto. — Socorro! Alguém me ajuda, por favor! — exclamo, batendo forte na porta, fazendo um barulho alto, mas nada. — Alguém me ajuda! Eu tô presa! — volto a gritar, não pensando em nada mais do que sair daqui.

Me viro, encarando o quarto inteiro, tentando achar algum lugar que dê para mim escapar, mas não tem. A não ser uma. Corro em direção a janela do quarto e abro, me deparando com árvores por perto, como se a casa em que estou, fosse isolada da cidade. E acho que realmente é isso. Olho para baixo, mas é alto demais para pular. Saio da janela, procurando outro lugar, desesperada. Eu não quero chegar na conclusão do que estou pensando. Não quero.

Abro a segunda porta que tem no quarto, me deparando com o banheiro e com uma janela perto do box, mais alta, onde não consigo subir e pular. A queda no chão vai ser maior ainda. Volto para o quarto, indo até as gavetas dos móveis que tem no quarto, procurando esperançosa por alguma chave que abra essa porta, para conseguir fugir daqui. Tremo com os milhares de pensamentos que enchem minha cabeça, tentando me acalmar e pensar direito em alguma forma de sair daqui e ir embora.

𝐍𝐎𝐒 𝐁𝐑𝐀Ç𝐎𝐒 𝐃𝐄 𝐔𝐌 𝐌𝐀𝐅𝐈𝐎𝐒𝐎Onde histórias criam vida. Descubra agora