21. Vergonha ⚓

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━━ 𝐌𝐀𝐓𝐓𝐄𝐎 𝐁𝐄𝐑𝐓𝐎𝐋𝐈𝐍𝐈

Passo o dedo pelo copo, circulando a boca, enquanto encaro todos em volta da mesa, esperando o assunto ser trocado. Ontem recebi a notícia que a máfia havia marcado uma reunião e era óbvio que esperavam pela minha presença, porque afinal, era minha obrigação como chefe. Reuniões desse tipo não aconteciam muita vezes, então era de se esperar que algum assunto importante seria discutido. Olho para o relógio de pulso, onde marca o tempo que estou aqui, contando mais de uma hora. Reviro os olhos, impaciente.

— Muito bem, mais um assunto encerrado. — Marco declara, que para minha felicidade, indicava que o fim dessa reunião se aproximava. — Agora, quero voltar a um assunto da reunião passada. — seus olhos miraram em mim. — Conseguiu o que mandamos fazer, Matteo?

— Não foi difícil.

— Então me conte como foi. — se ajeitou na cadeira, ficando à vontade, querendo ouvir mesmo a história em como arranjei minha noiva, porque era esse o assunto da conversa agora.

— Pedi minha namorada em casamento e ela aceitou. — resumo a mentira, ainda girando o dedo indicador pela boca do copo, me distraindo. Marco trinca o maxilar, não ficando convencido com o que disse.

— Namorada? — disse lentamente, não acreditando que falei essa palavra. Todos sabem que nunca me envolvi com mulher alguma, que chegou a ser um relacionamento.

— Estava me envolvendo com uma mulher algum tempo. E que eu saiba, não tenho obrigação nenhuma de comunicar vocês disso. — respondo ríspido, fechando mais minha expressão, encarando Marco do outro lado da mesa.

— Está mentindo para nós, Matteo? — Marco desconfiou e fechou um pouco os olhos, querendo encontrar a mentira que eu obviamente dizia, em algum lugar do meu rosto. Marco era um homem bastante desconfiado. Talvez pelo fato de ser um velho de sessenta anos.

— Haveria motivos? — rebato.

— Quando disse que você teria que se casar, você surtou e agora me diz que já se envolvia com uma mulher antes?  Não tenho cara de idiota, Matteo. — me encarou, sério, não gostando de estar achando que isso é uma mentira, o que na verdade é e muito, mas nunca direi isso.

— Olha só, não tenho paciência para ficar esclarecendo o que é verdade. — digo, sem paciência para sua desconfiança. — Se não acredita, não posso fazer nada, mas saiba que o casamento já está marcado e vai ocorrer como me obrigou a fazer. — Marco me encara em silêncio, ainda tentando tirar alguma verdade de mim, apenas pelo meu rosto. — Satisfeito com isso?

— E quem é sua noiva?

— Kiara Martini. Filha do Romano. Devem se lembrar dele. Ex conselheiro do meu pai. — revelo, deixando algumas pequenas pessoas em choque com o que falei, sendo pegos de surpresa, agora outros, nem tanto.

— Está noivo de uma criança, Matteo?! — Marco surta.

— Ela já é de maior, se você não sabe. — retruco grosseiro, não sendo nenhum pouco educado, coisa que nunca fui e nunca serei. — Kiara é adulta e quando se mudou para cá, para ficar com o pai e o irmão, nos conhecemos e nos envolvemos, há cerca de sete meses atrás. — Marco parece se chocar com a notícia, mesmo não transparecendo e sei que ao saber quem era minha noiva e futura esposa, o pegou desprevenido. — Preciso esclarecer mais alguma coisa sobre a minha vida particular ou isso já está bom? — sou estupidamente arrogante ao encarar Marco, tendo que dizer isso, para acabar com suas desconfianças, que ainda existem sobre meu casamento.

— Não quero uma imatura se envolvendo com coisas da máfia, Matteo. Se essa garota fizer alguma besteira quando assumir tudo que é seu e nos colocar em risco, eu arranco o que é mais importante para você. Então aconselho você a guiar muito bem sua noiva, antes que eu mesmo a guie para outro caminho. — ele alerta e meu sangue ferve por dentro, por estar ameaçando Kiara, bem na minha frente. Aperto o copo de Uísque, ainda cheio, querendo esmurrar sua cara.

𝐍𝐎𝐒 𝐁𝐑𝐀Ç𝐎𝐒 𝐃𝐄 𝐔𝐌 𝐌𝐀𝐅𝐈𝐎𝐒𝐎Onde histórias criam vida. Descubra agora