36. Verdade ⚓

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━━ 𝐌𝐀𝐓𝐓𝐄𝐎 𝐁𝐄𝐑𝐓𝐎𝐋𝐈𝐍𝐈

Caralho...

Fecho os olhos, deitando a cabeça para trás, me recordando de tudo que aconteceu na noite anterior.

Marco. A briga. Minhas confissões. Kiara. Nós.

Marco fez meu sangue ferver em menos de um minuto, onde me fez sentir uma sede enorme de enfiar uma bala em sua testa, em seu peito, em qualquer lugar que fosse, mas meu desejo era vê-lo morto. Eu ia fazer isso ontem. Com certeza ia. Mas não fiz. Eu tinha um canivete escondido dentro do meu terno, que nunca saio sem ele e eu poderia ter usado contra Marco, mirando e acertando-o na garganta. Mas não fiz, porque não queria que Kiara visse essa cena. Não queria que visse o quanto posso ser horrível, frio e assustador. Não queria que visse essa parte de mim, matando alguém a sangue frio. Kiara sabe que faço essas coisas, mas não quero nunca que veja quem sou de verdade.

Por isso, optei por arrebentar a cara de Marco, torcendo para que aquilo bastasse, conseguindo matá-lo de uma forma menos horrível de ser presenciada. Não senti o mesmo prazer que queria, por enfiar o canivete em seu pescoço, mas deu para o gasto. A raiva foi tanta pelas palavras que dizia a Kiara, que não me controlei e voei para cima dele, adorando sentir a sensação de um murro meu bater contra sua cara de merda. No final, deixei a casa de Emilio torcendo para que o desgraçado tenha ido visitar o inferno de uma vez.

Minha cabeça estava a mil, pensando em milhares de coisas, milhares de vinganças para fazer a Marco, para fazer ele pagar por cada palavra que disse de Kiara. Disso ele poderia ter certeza, caso tenha sobrevivo. O acontecido de ontem não ficou muito tempo na minha cabeça, quando meu maior foco, minha maior atenção e onde eu estava concentrado, era totalmente em Kiara. Assim que eu a chamei para perto, esse problema e todos os outros pareciam ter sumido.

Na noite passada, eu havia encontrado um momento de paz, pela primeira vez, esquecendo de tudo ao meu redor. Meu foco era apenas ela. Kiara me teve por inteiro na noite passada e deve ter percebido isso, porque eu simplesmente desliguei parte da minha mente, parte do meu eu que costumo ser todos os dias e me dediquei a ela. Eu disse coisas, que só meu eu sabia, só minha mente escondia e sinceramente, eu não me arrependo de nada do que falei. Ou melhor, confessei.

Nunca pensei que o que penso sobre Kiara, da mulher linda que é, do corpo perfeito que tem, dos olhos penetrantes que tem, de tudo, saíria pela minha boca alguma vez. E saiu, e foi justamente para ela. Confessei a dona dos meus pensamentos o que penso sobre ela. Eu a elogiei, confessando e dizendo a mais sincera e pura verdade que tenho em relação a ela. E quer saber? Foda-se tudo. Ela precisava saber o que acho dela, assim como todos devem achar. Mas ninguém a tem, só eu.

Ou quase.

Não acreditei quando me disse que ainda era virgem. No momento que eu a mais desejei, onde eu a tive na minha cama, deitada, apenas com uma maldita camisola preta curta, tendo-a inteira para mim, acreditando que finalmente eu provaria do meu maior desejo, da mulher que atormenta meus pensamentos, que me deixa louco, que me deixa sufocado pelo tesão, não passou de apenas um momento de curto prazer que tivemos. Eu sentiria seu gosto e a resposta para minha pergunta de como era senti-lo na minha língua, finalmente teria uma resposta. Naquela noite, eu apertei um botão de foda-se para literalmente tudo na minha vida, porque o que eu mais queria, era tê-la para mim, mesmo sendo a coisa que eu menos poderia fazer na minha vida.

Até que um "sim", me desmoronou.

Nunca se passou pela minha cabeça que Kiara ainda poderia ser virgem. Mas quando me contou isso, todo meu desejo pareceu congelar e descobrir que sua ideia era perder na nossa noite núpcias e não naquela hora, onde meu único pensamento era me enterrar nela e ter a certeza que todo meu tesão havia sido saciado. Se o telefone não tivesse tocado, com Caio me ligando e dizendo que era uma urgência, eu nem sei como teria continuado aquilo. Dentro de tantas as mulheres com quem transei na minha vida inteira, Kiara era a única virgem. Eu poderia ter tirado a virgindade de outra mulher e nem sequer sei.

𝐍𝐎𝐒 𝐁𝐑𝐀Ç𝐎𝐒 𝐃𝐄 𝐔𝐌 𝐌𝐀𝐅𝐈𝐎𝐒𝐎Onde histórias criam vida. Descubra agora