50. Vingança ⚓

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━━ 𝐊𝐈𝐀𝐑𝐀 𝐁𝐄𝐑𝐓𝐎𝐋𝐈𝐍𝐈

Ergo a cabeça lentamente, depois de escutar alguém se aproximar da porta. Minha mente acusa de ser Viktor, que mais cedo veio me visitar, dizendo provocações em relação a Matteo e me manipulando de certa forma, pensando que eu acreditaria em cada palavra que soltava e me fizesse entrar dentro de um poço e me afundar nele, mas estava enganado. Eu não acreditava em uma palavra sequer que ele imundo soltava. Eu estava um pouco na merda, mas não da forma que imaginava. Matteo não era a pessoa que Viktor disse que era, alegando que o conhecia a mais tempo que eu e que nunca me salvaria.

Viktor pensou errado se achou mesmo que eu acreditaria em qualquer palavra sua. Matteo viria me resgatar e eu acreditava e esperava que logo. Eu não aguentava mais ficar aqui, as horas pareciam que não se passavam, receber as visitas de Viktor era algo insuportável. Eu apenas queria que Matteo não acreditasse no absurdo que Viktor disse, porque não existe possibilidade nenhuma daquilo ser real.

Para meu desagrado, Julio entra no quarto e sorri a cena que me encontra: presa na cama, com um pano cobrindo minha boca, me impedindo de dizer qualquer coisa. Meus braços doem por estarem presos na cabeceira de madeira da cama, minha coluna está em má posição, fazendo por corpo doer por inteiro. Passei a noite tendo a parede ao meu lado de travesseiro e minhas próprias roupas sendo meu cobertor, me aquecendo na medida em que conseguiam. Julio se aproxima de mim, depois de trancar a porta e me olha com desprezo. Viro o rosto, ignorando sua presença.

Sinto sua mão em meu rosto, fazendo com que virasse de volta meu olhar na sua direção, tendo uma visão desagradável da sua cara.

— Estou entediado. Que tal conversarmos um pouco? — propõe, dizendo com sarcasmo na voz, adorando me ver nesse maldito estado, estando refém a ele. Julio pega o pano que cobre minha boca e arranca do lugar, esperando que eu responda sua proposta.

Não lhe dou nenhuma resposta. Viro o rosto pela segunda vez, encarando a parede ao meu lado, escutando a movimentação de Julio. De canto, vejo que pega uma cadeira velha que tem ali no quarto e a posiciona ao lado da cama, sentando-se em seguida, aceitando sua própria proposta de conversarmos. Não queria ver esse homem na minha frente nunca mais. Ele me traiu, traiu minha confiança, assim como a de Matteo e os demais capos com quem trabalhava. Não esperava que Julio pudesse se juntar algum dia com o inimigo de Matteo, que também era o meu, mesmo eu não fazendo ideia de quem era antes.

A que propósito fez isso? Qual era sua intenção com tudo que está acontecendo?

— Se Matteo soubesse como está agora, ele ficaria louco. — ele zomba. — Presa, refém e sem ninguém saber onde está enfiada. Já imaginou isso?

Fico em silêncio.

— Sabe... Você bem que mereceu tudo isso. Matteo te protegia e te assegurava demais. Às vezes é bom viver uma aventura, não acha? — questiona, mas não recebe resposta. — De minha patroa para minha refém. Como o mundo da voltas, não é verdade?

Permaneço em silêncio.

— Acho que você quer uma explicação para isso tudo. — diz, sendo proposital para chamar minha atenção. Mesmo não querendo, desejo saber o motivo de tudo que está acontecendo e o porquê de eu estar aqui. — De repente se interessou? — ele ri.

— Independente se me dizer que merda é tudo isso ou não, tenho bem claro em minha mente que você e Viktor não prestam e que não passam de uns filhos da puta, miseráveis. — xingo, exalando ódio em cada uma das minhas palavras. Eu já detestava Julio.

— Adorei os elogios. — é irônico, sorrindo da mesma maneira. Meu ódio por ele cresce.

— Espero que você MORRA. — desejo, do fundo do meu coração, nunca pensando que falaria isso para alguém.

𝐍𝐎𝐒 𝐁𝐑𝐀Ç𝐎𝐒 𝐃𝐄 𝐔𝐌 𝐌𝐀𝐅𝐈𝐎𝐒𝐎Onde histórias criam vida. Descubra agora