48. Culpa ⚓

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━━ 𝐊𝐈𝐀𝐑𝐀 𝐁𝐄𝐑𝐓𝐎𝐋𝐈𝐍𝐈

Meu corpo e minha cabeça doem.

Com dificuldade, eu abro os olhos, não reconhecendo onde estou. Minha visão fica turva, embaçada, fazendo minha mente se revirar e doer, como se fosse uma enxaqueca forte, me causando desconforto. Levo minha mão até a cabeça, na medida em que tento abrir meus olhos novamente e tentar enxergar algo. Olho a minha volta, encontrando um lugar completamente desconhecido, abandonado, escuro e gelado.

Eu me sento devagar, ainda sentindo as dores pelo corpo todo, como se tivesse levado uma surra. Reparo que estou em uma cama, dura, suja e contendo apenas um colchão velho e destruído. O quarto, ao que pelo menos parece ser, não tem mais nada além de uma cama e uma janela quedrada, mas que contém grades.

Sentindo a ficha cair, de que estou em um lugar completamente desconhecido e mal fazendo ideia de onde fica, meu coração acelera, sendo atropelada por lembranças de momentos passados, me recordando aos poucos de como posso ter vindo parar aqui. Pisco, tentando colocar os pensamentos no lugar, organizando eles, mesmo com minha mente ainda doendo.

Eu estava com Julio no carro, depois de me dizer que Matteo chamava por mim. Assim que saímos de casa, me recordo de Matteo me ligando, parecendo estar desesperado por algo. Ele parecia não saber sobre o que Julio havia me dito, muito menos deve ter pedido a ele que me levasse até o galpão. Tudo estava muito confuso na minha cabeça. Lembro de Matteo ter me pedido para sair do carro, de um jeito desesperado, que me preocupou e me fez ficar com medo, só pela maneira que me mandava abrir a porta do carro e pular para fora dele.

Depois tudo aconteceu rápido demais. Quando fui perceber, três homens entraram no carro, sendo um colocando um pano preto sobre minha cabeça, depois de arrancar o celular da minha mãe, tampando toda minha visão do que acontecia, outro amarrando meus braços e o outro se sentando ao lado de Julio, que ainda permanecia no volante, mas andando de forma acelerada, como se estivesse dando uma fuga na polícia.

Depois disso, tudo se forma um borrão e eu não me lembro de mais nada.

Desesperada, detestando o sentimento de estar presa em um lugar, na qual não faço a mínima ideia de onde seja, muito menos a que distância estava da minha casa. Um flashback aparece em minha mente, me recordando de quando me trancaram em um quarto pela primeira vez, onde também acordei sem ter ideia de onde estava e o desespero era o mesmo. Só que agora, parecia ser muito pior. Eu havia sido sequestrada. Alguém havia me sequestrado e eu não fazia ideia do motivo. Apenas sabia que Julio estava comigo e eu não sei porque permitiu que isso acontecesse, quando eu esperava que me salvasse e me protejesse.

Matteo me sequestrou por causa de um propósito, então qual era o dessa pessoa?

Volto a olhar ao meu redor, me lembrando do lugar em que eu me encontrava. O ambiente exalava um cheiro ruim, era frio e muito mal cuidado, parecendo ser um quartinho abandonado. Não continha mais nada além da cama, na qual eu estava sentada. Eu ne levanto, sentindo minhas pernas franquejarem e minha visão se embaralhar de repente. Quem me sequestrou, com certeza havia me dado algo, porque na primeira vez isso aconteceu, não me lembro de acordar desta forma. Eu me sentia estranha, drogada.

Corro em direção a porta, sendo ela de uma madeira dura, parecendo ser resistente a qualquer coisa. Pensando o óbvio, tento abrir a porta, tendo a esperança de que esteja aberta e que isso não passou de uma brincadeira. Mas nada. A porta parece estar mais do que trancada. De alguma forma, tento abrir, fazendo toda a força que consigo para tentar ter sucesso, mas nada. Estou presa.

Me lembro da janela, voando até ela, que mesmo sendo alta para mim, eu tento a todo custo subir e tentar ter visão de onde estou e chamar por socorro. Pulo, tentando alcançar a janela, na tentativa de me empulerar nela e ter sucesso de algo, mas é falho. Caio no chão, depois de perder o equilíbrio e a força, tendo como consequência eu torcendo meu pulso, ao segurar meu corpo durante a queda, impedindo que eu me machucasse, mas não adiantou muita coisa. Gemo, sentindo a ardência e o desconforto na região, fazendo com que as expectativas que tive de conseguir sair daqui de alguma maneira, fossem embora no mesmo instante.

𝐍𝐎𝐒 𝐁𝐑𝐀Ç𝐎𝐒 𝐃𝐄 𝐔𝐌 𝐌𝐀𝐅𝐈𝐎𝐒𝐎Onde histórias criam vida. Descubra agora