Capítulo 16- Não Planejamos As Coisas.

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🌺Eliza🌺

Já é noite, estou tentando criar coragem para dar banho no Damián, tem dois dias que ele está comigo, mas está sendo um desafio.

Álvaro- Eliza, está tudo bem?- desvio o olhar da banheira diretamente pra ele.

Eliza- Está sim- balanço a cabeça positivamente.

Álvaro- Quer ajuda pra dar banho nele? Parece que está relutante pra fazer isso- diz e eu respiro fundo.

Me levanto disfarçadamente, pego o Damián no coloco e o coloco na banheira, o que o faz chorar novamente. Coloco ele em meu peito e me sento, sem saber o que fazer.

Eliza- Eu não sei o que fazer, eu tô perdida- começo a chorar- No hospital o médico me perguntou se de alguma forma ele havia se afogado, pois haviam resquícios de água em seus pulmões, eu não soube responder, pois eu não estava presente para saber o que houve. Mas naquele mesmo dia, no momento em que fui dar banho nele, eu vi em seus olhos o medo que eu sentia de quando o Graham chegava perto de mim.

Álvaro- Acha que o Graham bateu nele?

Eliza- Não é isso, eu estou dizendo que o mesmo medo que eu tinha dele, o Damián tem da água, de alguma forma, no banho ou de outra maneira eles afogaram ele e não o levou ao médico, por isso o medo dele de tomar banho...e eu não sei o que fazer- o olho com o rosto lavado de lágrimas.

Me sinto uma tola por demostrar meu lado vulnerável pra ele, mas não sei o que fazer, nunca lidei com isso antes.

O Álvaro se retira e eu solto o ar de meus pulmões, o ar que eu sequer sabia que estava segurando. Logo em seguida ele volta com um patinho, uma tartaruga, uma baleia e um dinossauro. Ele coloca na água e começa a falar com o Damián tentando o encorajar a brincar.

Damián começa a rir com sua gargalhada gostosa de se ouvir. Então pra aproveitar o Álvaro o pega do meu colo e o coloca na banheira o segurando, os brinquedos acaba distraindo meu irmão. Enquanto o segura com uma mão, ele me estica a outra para que eu possa por o sabonete.

Eliza- Na boca não, rapazinho- ele sorri me desobedecendo.

Ele começa a bater as mãozinhas na água quase deixando nós dois encharcados.

Álvaro- Já pensou se vai aceitar trabalhar comigo?- faz com que eu o olhe.

Eliza- Eu não sei, provavelmente terei que aceitar, já que decidi entrar na justiça pela guarda do Damián. Não irei conseguir deixa-lo com eles novamente. Já me sinto culpada o suficiente.

Álvaro- Por qual motivo culpada? Nada disso foi culpa sua!

Eliza- Se eu ainda estivesse lá, quem estaria pagando o preço por ter nascido seria eu e não ele. Como podem ser irresponsáveis com um bebê? Ele só vai fazer nove meses ainda.

Álvaro- Algumas pessoas tem merda no lugar do cérebro, desculpe o palavreado.

Eliza- Você tem razão, tem tantas formas de se prevenir e evitar uma gravidez indesejada, por que não usam todas?

Álvaro- Sempre ficaremos curiosos com a tolice alheia- coloca o Damián na toalha- Agora é minha vez, até mais- simplesmente se retira.

Eliza- Ele é estranho, meu amor- Damián sorri- Porque tenho a sensação que você me trocaria por ele?- ele sorri ainda mais.

Deixo ele na cama com as coisas em volta dele e sigo até o banheiro. Deixo na água gelada, pois está bem calor hoje. Demoro no máximo uns cinco minutos, não posso deixar ele sozinho por muito tempo. Assim que saio do banho, encontro o Damián em um profundo sono de beleza. Vou até minhas coisas e coloco um pijama preto de corações com estampas de pizza, suco...etc.

Deixo ele dormindo e desço até a cozinha

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Deixo ele dormindo e desço até a cozinha. Me deparo com o Álvaro apenas de calça moleton e um avental.

Álvaro- Gosta do que vê?- chama minha atenção.

Eliza- Não vejo nada de mais- sigo até a geladeira- Precisa de ajuda ou sabe cozinhar?

Álvaro- Quando meu chefe estava de folga, sou eu quem cozinhava.

Eliza- Quem pode, pode...quem não pode se sacode.

Álvaro- Era apenas um cozinheiro.

Eliza- Mas você tinha o poder de escolha, se queria ou não cozinhar.

Álvaro- Todos tem essa escolha.

Eliza- Eu não. Em casa eu chegava do trabalho, não tinha nem tempo de tomar um banho demorado, pois tinha que aprontar a janta logo.

Álvaro- E a sua mãe? Não fazia isso?

Eliza- Era bem raro...eles só se viravam com o almoço já que eu comia fora por conta do trabalho.

Álvaro- Se sente mais confortável estando aqui eu preferia lá?

Eliza- O bom de estar aqui é que eu não apanho mais, ou quase. Irei pegar umas laranjas pra fazer suco- já volto.

Álvaro- Eliza volte aqui e me explique isso direito- ouço e começo a rir.

Pego umas seis laranjas, mesmo com um pouco de medo, pois a luz não chega em baixo das laranjeiras. Assim que vou passar do jardim pro pátio, uma cobra passa em minha frente, fazendo meu corpo gelar.

Álvaro- O que vo...está pálida, o que houve?

Eliza- Uma cobra, eu vi uma cobra lá fora- coloco as laranjas na pia com as mãos trêmulas.

Álvaro- Qual é a história por trás disso? Impossível só susto causar isso.

Levanto minha perna e mostro uma marca de picada acima do meu tornozelo.

Eliza- Graham tinha uma cobra de estimação, um belo dia eu estava limpando a casa, não a vi no chão e você pode imaginar o que tenha acontecido...ai ela me picou.

Álvaro- Que pessoa em sã consciência tem uma cobra de estimação e ainda deixa solta pela casa?

Eliza- Sabendo como o Graham é, não achei que isso te surpreenderia- rimos.

Álvaro- Não achei que ele fosse tão fora da casinha.

Pego o espremedor e preparo o suco. Logo ouço um pouco de gritos vindo do quarto e subo correndo ver o que é.

Eliza- Ai que susto, menino- falo com a mão no peito enquanto vejo o Damián puxando a meia do seu pé.

Pego ele no colo e desço até a cozinha novamente.

Álvaro- Que sono é esse cara? Não dormiu nada- Damián começa a rir.

O Álvaro preparou uma carne cozida com batata, arroz, feijão, salada e o suco que eu mesmíssima preparei. Enquanto eu tentava comer, o Damián queria comer mais que eu, então tive que dividir, um pouco pra mim e um pouco pra ele. Pra um menino desse tamanho come muito.

❤️❤️❤️

Amanhã É Outro Dia [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora