Nova Missão: Fazer o mauricinho se acalmar.

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Point Of View – Sara Jones.

Sinto que estou em uma espécie de transe bizarro, como se estivesse observando alguma cena pelos olhos de outra pessoa. Como se eu não estivesse presente nesse momento, nessa situação.

Quando o mauricinho me trouxe para um parque de diversões eu tive a pior impressão que se pode esperar de alguém, senti que essa era a pior coisa que poderia acontecer e que eu ia ter que agir o tempo todo como se estivesse me divertindo. Não me entenda mal, eu sou muito boa com atuações, mas pensei que isso iria exigir muito dessa minha habilidade. Eu senti que não poderia agir de modo indiferente aqui, que não podia atrapalhar algo que notoriamente era importante para o mauricinho.

Eu vi como ele havia ficado após receber o animal morto, eu vi o quão vulnerável ele estava e o quanto o medo estava consumindo cada parte do seu corpo. E enxerguei perfeitamente essa vinda ao parque como um escape, uma maneira de fugir da realidade na qual ele estava afundado, sem chance alguma de sair.

Justin precisava distrair a mente e decidiu que vir a um parque, seria a melhor maneira de resolver isso.

E como eu poderia atrapalhar algo assim?

No início o plano era me esforçar para me divertir minimamente, mesmo odiando cada parte dessa ideia; mas em algum momento, eu simplesmente comecei a me divertir. O mauricinho fez algo que eu não via acontecer há muito tempo, ele fez eu abrir mão de toda a minha cautela, o meu cuidado, a minha observação.

Eu simplesmente me esqueci de qual era o meu propósito aqui hoje, me esqueci que eu tinha apenas uma meta: proteger o Justin. E me deixei levar pela diversão do momento.

Isso para alguém como eu, é assustador!

Eu não menti quando disse que tinha sido o melhor dia da minha vida, essa foi uma das coisas mais sinceras e mais difíceis que eu já tive que admitir. E para ser sincera, não precisaria de muito para um dia ser considerado o melhor na minha vida. Talvez só bastasse ser um dia que fugisse completamente da minha rotina.

Hoje eu tive o vislumbre de como é abrir mão de tudo e apenas aproveitar o momento, e acho que gostei disso mais do que deveria. Talvez exista um pequeno charme em se deixar levar de vez em quando. 

Justin permite que eu dirija a Porsche no caminho de volta, então assim que me ajeito e coloco o cinto, dou partida no carro. O homem ao meu lado deita um pouco o banco e parece ficar confortável, enquanto os seus olhos estão fixos em mim. Ele parece exausto após ter gasto o dia inteiro no parque, e eu sei que o cansaço não está batendo diferente para mim. Tenho a impressão que dormirei bem rápido essa noite. 

Algo havia mudado no olhar do mauricinho nessa tarde e não saber exatamente o que era, estava acabando comigo. Ele parecia ter um olhar mais leve em minha direção, um olhar mais encantado. E as minhas suposições em relação a isso, não eram nada boas. Acho que prefiro quando o Justin me encara com confusão, ou quando espera ter alguma reação diferente do normal. Não é possível que ele esteja começando a sentir coisas por mim. 

Porque uma pessoa normal e em sã consciência, jamais se permitiria se apaixonar por alguém como eu.

Mas como eu disse, é apenas uma suposição e eu espero estar errada em relação a isso. Com certeza eu estou, ele não se apaixonaria fácil assim. 

- Coloque o cinto. – falo sem olhar para ele.

Percebo que ele abre um sorriso de lado, como se estivesse feliz com a minha fala. 

Não procuro entender a razão lógica para isso, porque não tem. 

- Não quero, ele vai me apertar. - fala e tenho a impressão que estou dialogando com uma criança. 

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