Nova Missão: Descobrir quem está mentindo.

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Point Of View – Sara Jones.

A primeira coisa que eu ouvi no meu treinamento, quando decidi que queria ser uma agente da CIA, foi: “Você tem a noção exata de onde está se metendo? Ser uma agente vai muito além de andar armada, se infiltrar nos lugares e aprender artes marciais; a partir do momento em que você se comprometer com o governo, todos os dias da sua vida você estará correndo risco de morrer. Todos os dias poderão ser o seu último dia de vida."

E, bom, eu sei que a intenção na época era me assustar, me fazer recuar e repensar a minha decisão; mas a verdade é que foi exatamente essa fala que me fez ter ainda mais certeza do que eu queria, foi essa fala que me convenceu da profissão que eu gostaria de seguir.

Eu nunca tive medo de morrer, nem por um segundo sequer. A morte para mim sempre pareceu a paz, o sossego, um descanso depois de um longo percurso. Hoje eu entendo que a minha falta de medo, de nada teve a ver com a minha personalidade fria e distante – que era a ideia que eu sempre tive guardada comigo.

A minha falta de medo vinha da ideia de que eu nunca tive nada a perder, se eu morresse, eu não iria perder momentos especiais com pessoas, não iria perder oportunidades que nunca tive e vivências que eu nunca sequer sonhei em viver. Mas agora, eu verdadeiramente sinto que tenho algo a perder, mesmo que seja algo considerado banal. Porque eu prometi para o mauricinho que salvaria a sua vida, eu prometi que o ajudaria nessa investigação, e juntos, descobriríamos quem está por trás de todo o esquema sujo que coloca a sua vida em risco.

E graças a isso, eu estou com medo de morrer. Estou com medo porque eu não quero morrer agora, eu não posso morrer agora.

Fecho os meus olhos com força, pensando rapidamente em alternativas que possam me livrar dessa situação. Eu tenho treinamento, é claro que posso sair disso, talvez não ilesa, mas pelo menos viva.

Agarro o revólver contra a minha mão com mais força, mantendo o meu corpo abaixado contra o banco de couro, enquanto ouço os passos lá fora ficando cada vez mais altos, indicando que a pessoa estava cada vez mais próxima do veículo.

- Que tal você sair do carro para a gente bater um papo? – a voz é carregada de deboche e de um sotaque carregado e bem arrastado.

Sotaque esse que eu não conheço.

- Nós ficamos sabendo que você está mexendo a onde não devia, que está se envolvendo em uma investigação que não é da sua conta. – ele fala mais alto e começa a arrastar algum objeto contra a lataria do carro, causando um barulho agudo insuportável. – Nós jamais teríamos vindo atrás de você, se você fizesse apenas o seu trabalho de assistente. O seu chefe era o único que iria morrer, mas agora, nós temos que nos livrar de você.

Quase quero rir do que ele fala.

Ergo um pouco a minha cabeça, apenas o suficiente para que eu pudesse olhar para o retrovisor do carro e enxergar o homem, ou parte dele.

- E aí, você vai sair desse carro, ou vai querer que eu te arranque dele a força?

Ele para entre a porta do motorista e a porta de trás, continuo o observando pelo retrovisor, antes dos meus olhos irem para a porta do passageiro.

Agora eu tenho duas opções: eu posso permanecer aqui dentro e arriscar que ele vai somente abrir a porta e tentar me arrastar para fora, porque se a sua intenção for somente essa, eu posso pegá-lo de surpresa e efetuar um disparo antes mesmo que ele tenha a chance de me tocar. Ou eu posso fugir do carro pela porta do passageiro e me esconder entre as árvores que tem aqui por perto.

E apesar da segunda opção ser mais “segura” ela me deixaria em uma sinuca de bico, já que eu teria que ficar me escondendo desse homem, até encontrar a oportunidade perfeita para me livrar dele, o que não aconteceria na primeira opção. E supondo que ele não esteja sozinho aqui, o que eu tenho certeza que não está. Seria um a menos para mim.

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