Nova Missão: Organizando os pensamentos

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Point Of View - Sara Jones.

Para mim sempre foi muito fácil ler as pessoas, identificar quando elas estão mentindo, quando estão tentando criar uma história para me enganar. Mas dessa vez, eu não consigo nem uma pequena dica do que acabou de acontecer diante dos meus olhos.

Até hoje, Robert era tão fácil de se ler do que qualquer outra pessoa, mas agora tudo que eu enxergo nele é uma tela em branco.

E a sensação é péssima, quase esmagadora, de tão incomoda. Porque eu me sinto presa em uma sinuca de bico, presa no tipo de situação que qualquer agente odiaria. O tipo de situação que te deixa de mãos atadas, completamente exposto a uma narrativa que você não sabe o que é e o que poderá se tornar. Eu não tenho ideia do tamanho do risco que estou correndo, essa é a verdade. 

Porque pela primeira vez, eu não sei se a pessoa está mentindo para mim. Ou se tudo não passa de uma paranoia que a minha mente inventou.

- Jones, por que você está me encarando assim? - a sua voz suave surge diante do turbilhão de informações que correm pelo meu pensamento, fazendo um barulho quase insuportável.

Tudo em que consigo pensar agora é que preciso ligar para o meu superior e o avisar sobre cada detalhe do que aconteceu aqui. Ele precisa saber que o Robert pode fazer algo contra mim, ele precisa saber que a missão pode estar sendo comprometida pela pessoa que nos chamou. 

Ele precisa saber que um “dos nossos” caiu. Nathan fazia parte da investigação. 

- Assim como? – é a única pergunta que consigo formular.

Meus olhos passam pelo corpo do Robert com atenção, tentando encontrar qualquer indício de tensão vindo dele, qualquer indício de preocupação, ou qualquer sentimento do tipo.

Mas não vejo nada.

Cadê aquele homem humano, cheio de sentimentos e apegos? O homem que costumava criticar a minha frieza constantemente.

De repente ele virou uma nuvem de fumaça e simplesmente desapareceu. Se transformando em algo que eu desconheço, e pior, algo que não consigo entender. 

- Como se não estivesse acreditando em mim. – a mão que segura o revólver é abaixada de forma brusca e a sensação que tenho é que ele tenta fingir que está magoado com o fato de eu desconfiar da sua palavra, mas não consigo acreditar nisso, nem por um segundo sequer.

Nada que vem do Robert soa verdadeiro para mim agora.

Aperto o revolver com mais força, lamentando fortemente por estar sem munição. A situação seria bem diferente se eu tivesse o auxílio dessa arma.

- Eu só estou tentando entender o que raios aconteceu aqui, Robert. – falo com calma, dando um passo discreto para trás. Já me preparando para caso precisasse correr.  – Você matou o Nathan. – evito encarar o corpo estirado no chão. Estou extremamente desconfortável com a maneira com a qual ele foi assassinado e pelo olhar que ele me deu antes de morrer.

A minha relação com o Nathan era péssima, desde o momento em que nos conhecemos. O homem era insuportável em todos os sentidos, mas não acho que tenha sido justo o final que ele teve.

Ninguém merece morrer dessa maneira. De uma forma tão covarde e despreparada.

Se você quer atirar em alguém, garanta que essa pessoa esteja olhando em seus olhos e saiba o que está prestes a acontecer, ainda mais quando se trata de alguém com quem você conviveu de perto.

Noto que talvez eu só esteja tendo esse pensamento, porque não acredito na ideia de que o Nathan possa ser o traidor, pelo menos não sozinho. Quem me garante que ele e o Robert não estavam nisso juntos? Afinal, o comportamento dos dois a caminho para cá estava bem suspeito.

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