Nova Missão: Lidar com feridas antigas

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Point Of View – Sara Evans.

Flashback on.

Jogo as minhas roupas com uma certa agressividade na única mala que eu tinha disponível para levá-las, uma mala que eu odiava com todas as minhas forças porque me lembrava da pessoa que eu mais gostaria de esquecer. Minha mãe. E era justamente a pessoa responsável por eu estar arrumando as minhas roupas agora.

- Sara, será que você pode parar com essa rebeldia? – ouço os passos apressados do meu pai pelo corredor, até conseguir vê-lo parado próximo ao batente da minha porta.

Eu sabia que ele não estava levando a sério a minha decisão, sabia que ele estava pensando que esse era apenas mais um dia em que eu arrumaria as minhas coisas para fazer um drama, mas dessa vez é diferente.

Eu não quero mais ficar aqui. Eu preciso ir embora antes que ela chegue e destrua tudo.

- Rebeldia? – solto uma risada nasalada e nego com a cabeça, concentrada na tarefa de guardar as poucas roupas que eu tinha dentro da pequena mala. Torcendo para que todas elas coubessem ali. – Isso não tem absolutamente nada a ver com rebeldia.

- Então é o quê? Mais um drama? – a sua voz é suave e acolhedora. Porque esse era o tipo de pessoa que meu pai era. Muito diferente da pessoa com quem ele escolheu procriar, nunca vou entender o que ele viu nela. Não tinha nada naquela mulher que pudesse ser minimamente encantador. - Eu já estou cansado de assistir essa mesma cena incontáveis vezes, Sara. E toda vez tem o mesmo final, você se arrepende e guarda tudo no lugar. Então por que não podemos pular para a parte em que você se dá conta de que isso é bobeira e vamos tomar um sorvete? – ele sugere sorridente e eu suspiro.

Não. Não dava para agir da mesma maneira. A situação agora era diferente.

- Não vou a lugar nenhum com você. – falo ríspida, mesmo sabendo o quanto isso o deixaria magoado.

- Filha, eu sinto muito que você esteja magoada. Mas eu tive que...- ele entra no meu quarto, finalmente entendendo o quão magoada eu estava com a situação. A sua voz morre em sua garganta e ele parece buscar as palavras certas para me dizer o que precisa dizer.

Talvez quisesse me explicar as suas ações, mas nada poderia justificar o seu convite. Não tinha nenhum bom motivo para ele chamá-la. Nós estávamos bem sem a presença daquela mulher, estávamos melhor sem ela.

- Teve que o que, pai? Chamar ela para um aniversário que ela nunca se importou em vir? – paro com uma peça de roupa em minha mão e o encaro com um certo ódio. – Eu te implorei para não envolvê-la nisso, te pedi com todas as palavras que não a incluísse em um momento que ela fez questão de estragar tantas vezes. E mesmo assim você a ligou e a convenceu de vir. O aniversário é meu, e eu deveria ter o direito de escolher as pessoas com quem eu quero passar.

- Sara, ela é a sua mãe. – ele fala de forma calma e acolhedora. Tentando me fazer entender algo que eu estava me esforçando para esquecer.

Tudo o que eu queria era esquecer que aquela mulher é a minha mãe.

- Não, ela não é. Pode ser no máximo a minha genitora, talvez uma barriga de aluguel. Mas mãe? Nunca foi e nunca será. E você sabe disso. – o encaro com uma certa descrença, como ele pode simplesmente a convidar depois de tudo o que nós passamos juntos? Eu não estive sozinha nisso, meu pai também sofreu as consequências do abandono da minha mãe. Ele deveria entender.

Aquela mulher o abandonou com uma filha que os dois fizeram, sem considerar o mal que causaria tanto a criança quanto aos sentimentos que o meu pai tinha por ela. Ele perdeu o grande amor da sua vida de forma insensível e cruel.

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