A creche era uma construção comprida de um andar. Havia brinquedos do lado de fora e quando chegaram algumas crianças brincavam no escorregador e nos balanços; duas mulheres Novas Espécies os acompanhavam. Outras duas mulheres, humanas, vigiavam dois garotinhos Novas Espécies de cerca de dois anos que brincavam no gramado.
Fiber foi muito bem recebido e algumas crianças foram até ele que os pegava e jogava para o alto. As crianças gritavam numa alegria assustada.
Uma mulher saiu da creche e foi até eles.
— Bom dia, Fiber.
— Bom dia, Luana. - ele colocou uma criança no chão. — Agora vão brincar. - as crianças correram de volta para os brinquedos. — Esta é Aruana Karajá. Ela está fazendo uma reportagem.
— Ouvi falar. - a mulher estendeu a mão. — Muito prazer.
— Prazer.
— Você quer ver a creche ?
— Gostaria.
Luana apresentou as outras cuidadoras e Aruana descobriu que as mulheres com as Novas Espécies eram suas mães e que as crianças tinham pouco mais de um ano.
— Mas eles são enormes!
Luana riu.
— Eles se desenvolvem muito mais rápido que os outros.
Aruana apontou as câmeras para os bebês, porém Fiber segurou o aparelho.
— Não fotografe as crianças, por favor.
— Ah, tudo bem. - ela lamentou, pois as crianças eram muito lindas.
Luana mostrou as acomodações da creche, que eram bem organizadas; mostrou o dormitório, era muito fofo. Havia diversas pelúcias de Novas Espécies.
Aruana notou que Fiber tocava nos objetos das crianças com cuidado e interesse. Ela já percebera que ele gostava de crianças.
— Estamos nos preparando para receber mais bebês. Temos algumas grávidas.
Ela se perguntou quantas seriam gravidezes de Novas Espécies.
Saíram da creche e ela ficou satisfeita em conhecer aquele lugar. Seria bom mostrar o lado doméstico das Novas Espécies para aqueles que ainda não simpatizavam com eles.
Fiber disse que a levaria para o galpão industrial. Ela ficou curiosa. Ao chegar lá viu homens e mulheres, humanos e Novas Espécies produzindo roupas, a maioria uniformes da ONE e também faziam consertos. Fiber contou que os machos estragavam muitos uniformes. Num setor estavam máquinas de lavar e ele explicou que serviam a todos.
— Então lavar, passar e cozinhar são terceirizados?
— Qualquer um pode fazer isso, mas a maioria dos machos e fêmeas moram nas cabanas coletivas e não têm condições de fazer tudo.
— Dormem todos juntos?
— Não. Todos têm quartos conjugados. Espécies gostam de companhia, mas também gostam de sua privacidade. - ela lhe deu um olhar atravessado e ele franziu a testa. — O que é?
— Achei que tudo fosse público.
— Há momentos que pertencem só à pessoa.
— Imagino.
Ele apertou os lábios e não comentou.
Fiber a levou para conhecer os dormitórios e ela encontrou três fêmeas na sala comum. As três acompanhavam um vídeo que ensinava cuidados com bebês. Ele disse que havia uma grande disputa para trabalhar na creche.
Passaram a manhã percorrendo diversos setores e Aruana ficou feliz, pois sua reportagem lançaria uma luz favorável nos Novas Espécies..
O telefone de Fiber tocou diversas vezes e, já no final da manhã, quando ele mostrava os depósitos de suprimentos,ele precisou atender uma ligação demorada. Quando terminou, Aruana comentou:
— Você não quer que outra pessoa me acompanhe?
— Por que diz isso? Não quer que eu te acompanhe?
— Não, que isso? É porque você é muito ocupado.
Ele pareceu pensar.
— Continuarei te acompanhando.
— Não quero te atrapalhar.
Fiber se aproximou dela e Aruana olhou para cima. Ele inclinou a cabeça para ela.
— Estou te incomodando?
— Não.
— Está com raiva de mim?
Ela fez uma careta.
— Eu deveria?
— Não.
— Ah, tá.
Fiber respirou fundo.
— É porque eu compartilho sexo com Leona?
Ela se mexeu, incomodada.
— É porque você diz no presente.- ele inclinou a cabeça, aparentemente sem entender. Aruana bufou. — Você queria que eu fosse mais uma na sua cama.
Fiber balançou a cabeça.
— Desde que te vi em Santa Rosa não desejei outra mulher.
Aruana ficou desconcertada, entretanto cruzou os braços e levantou o queixo.
— E nem se importou com a Leona!
— Não é assim conosco. Compartilhamos sexo, não somos um casal.
— Então não te importa que ela fique magoada?
— Por que ficaria? Sempre foi assim entre nós.
— E ela sabe disso?
— Creio que sim.
Ela pensou que Fiber não entendia as mulheres de seu povo também.
— De qualquer jeito, não vou me meter na relação de vocês dois...
— Não há relação nenhuma.
—... e ficarei poucos dias aqui.
Foi a vez de Fiber cruzar os braços.
— Você também me deseja.
Isso era verdade, mas não daria o braço a torcer.
— Foi um momento, passou.
— Passou?
— Sim.
Ele estendeu a mão e ela recuou, batendo em fardos de cereais.
— Você está mentindo, Aruana.
— Você se acha irresistível?
— Não, mas acho que está mentindo.
Fiber deu um passo e ela se encostou nos fardos.
— Pode se afastar?
— Não.
— Isso é assédio!
— Dane-se!
Ele segurou seu rosto com ambas as mãos e ela arfou. Seu coração acelerando.
— Pare com isso!
Fiber abaixou a cabeça e a beijou.Ele não precisava forçar uma fêmea para ter prazer, nunca precisou. Aquela em especial, contudo o tirava do sério. Ele sabia que ela o queria e o rejeitava por um sentimento que ele não entendia. Estava chateada porque ele praticava sexo? Mas nem mesmo se conheciam!
Lembrou-se dos seus amigos acasalados contando sobre as peculiaridades dos humanos; eles eram muito tímidos sexualmente e costumavam precisar de um relacionamento para compartilharem sexo. Ele teria um relacionamento com Aruana se ela quisesse e não mais compartilharia sexo com outras, enquanto estivesse com ela.
Queria explicar aquilo para a fêmea nervosa, porém ela o irritara bastante. Não era um cretino como ela o chamara mais cedo. Mostraria aquela pudicazinha que ela também poderia ter sexo sem um relacionamento.
Beijou-a profundamente, sem parar. Não lhe daria chance de fugir. Ela tentava desviar o rosto, mas ele não permitia. Apertou-a contra a parede de suprimentos e enfiou uma perna entre as dela. Aruana forçou um ruído que parecia um grito e socava seu peito, entretanto não parou.
Desceu uma mão e segurou um seio, amassando-o em movimentos lentos. Ela grunhiu de novo e ele soltou sua boca.
— Pare... - ela arquejou.
Fiber segurou sua nuca, enquanto acariciava seu mamilo. Ela arfou.
— Está me forçando!
— Estou.
— Você disse que não fazia isso!
Ele desceu a mão de sua nuca e deslizou as unhas pelas costas dela, que a arqueou.
— Eu nunca fiz.
A respiração de Aruana estava descontrolada.
— Por que está fazendo agora?
Fiber sentia seu corpo em chamas. Seu pênis estava tão duro que machucava contra a braguilha. Cheirou o pescoço de Aruana e gemeu. Valiant sequestrara sua mulher, Vengeance seduzira a dele e Lash usara o medo para ter sexo com uma mulher. Ele teria coragem de forçar Aruana?
Ergueu a cabeça e a olhou. Ela o olhava com raiva, porém podia ver medo também.
— Por quê? - Fiber soltou seu seio e pousou as duas mãos nos quadris dela. —Porque eu dormi e acordei pensando em você. Porque a ideia de outro macho perto de você me deixa furioso. Porque estou louco por você e nunca me senti assim. - apertou suavemente a carne dela. — E porque eu não sei o que fazer.
Aruana piscou os olhos rapidamente. Respirava pela boca, enquanto o olhava com espanto.
Ela franziu as sobrancelhas e pareceu refletir.
Depois de um longo instante, ela abriu os punhos e apoiou as mãos em seu peito. Fiber esperou, enquanto ela parecia decidir.
Então ela ergueu o rosto e sussurrou.
— Me beija.Queridas, leitoras. Sintam-se à vontade par comentar e dar sugestões. Beijos. Márcia.
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Fiber: Uma história Novas Espécies 4
FanfictionQuando Fiber foi libertado do laboratório Mercille no Colorado, ele encontrou a sociedade das Novas Espécies estabelecida. Mesmo com todo o apoio da ONE, Organização das Novas Espécies, Fiber sente que não se adaptou totalmente ao mundo. Sente-se ma...