Capítulo 56: epílogo.

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Justice North admirava o tablado na Universidade Stanford onde os formandos sentavam-se ouvindo o discurso do orador da turma. Em pé, atrás da tribuna Elo Colorado discursava. Era a primeira vez que um espécie tinha aquela honra.
Elo era um espécie interessante. Sombrio e tímido como o pai, se destacava pela sua aparência feroz, mas também pela inteligência. Elo fora o aluno número um na Faculdade de Humanidades, seu trabalho de conclusão de curso de Ciências Políticas tratava das relações das Novas Espécies com o mundo humano e já fora comprado por uma editora.
Elo era mais um exemplo da excepcionalidade da segunda geração do seu povo. Havia doutores em medicina, engenharia, bioquímica, geologia e tantas outras ciências. Muitos atuavam entre os humanos. Nas universidades já haviam disciplinas que tratavam do seu povo e mais humanos se abriam para inseri-los entre eles.
Ainda não era totalmente tranquilo para as espécies trafegarem pelo mundo humano, mas agora era mais comum encontrarem Novas Espécies fora das Homelands.
Graças à atração que as fêmeas humanas tinham por espécies e a grande taxa de reprodução a população crescia exponencialmente. A natalidade entre as fêmeas Nova Espécies era muito baixa, apesar da intervenção da ciência. Cada fêmea nascida era considerada como um tesouro para a ONE.
Nas últimas duas décadas os departamentos de imprensa e publicidade investiram pesado em tornar as Novas Espécies mais aceitáveis aos humanos. E Elo Colorado era um exemplo de aceitação. Apesar de muito quieto tinha um grupo de amigos humanos, os quais conseguira permissão para visitarem Homeland. Não passara despercebido para Justice que uma das colegas, uma loura minúscula, absorvia suas palavras como se fosse mel.
Olhou para as cadeiras ao seu lado. Fiber e Aruana assistiam o filho discursar. Fiber estava muito sério, atento, pois não confiava nos humanos. Aruana já sorria, encantada. Dois rapazes e um adolescente, quase cópias fiéis um do outro, acompanhavam os pais.
Justice tinha quase sessenta anos, porém parecia muito mais jovem que um humano da sua idade e esperava ainda ver as Novas Espécies abrirem cada vez mais caminho entre os humanos.
Várias Homelands surgiram na África, Américas do Sul e Central e na Europa; na Austrália já existiam três Pátrias. Agora haviam dezessete Homelands nos Estados Unidos e todas permitiam moradores humanos. Todas as Pátrias possuíam o seu próprio pequeno exército, o que não era bem recebido pelos governos.
Seu filho mais velho, Unity, fora eleito para a Câmera dos Representantes do Congresso Nacional. Gifty Wild era deputado estadual pela Califórnia e o novo município da Reserva elegera seu segundo prefeito Nova Espécie. Jaded já estava no seu segundo mandato no Senado Federal. Nas Homelands do mundo todo haviam representantes nos governos municipais e estaduais. Logo estariam no Governo Federal.
O medo de que as Novas Espécies dominassem o mundo não desaparecera. Ainda existiam muitos grupos de ódio, porém Justice sabia que seu povo não poderia ser parado.
Olhou novamente para Aruana e Fiber. A própria natureza se encarregara de garantir a multiplicação das espécies.
Deu um sorrisinho. Era só uma questão de tempo para o medo dos humanos se concretizar. Eram mais inteligentes, mais longevos, mais fortes e mais férteis do que eles. Em décadas seriam um número de destaque nas lideranças governamentais e se o Deus humano os ajudasse, Jaded seria o primeiro presidente americano Nova Espécie. E logo quantos outros mais não surgiriam no mundo?
Sim, seria apenas uma questão de tempo.

Aruana segurava a mão do companheiro. Mesmo apesar da presença das Novas Espécies em vários setores da humanidade, Fiber não gostava de transitar no mundo humano. Foram necessárias várias discussões para ele aceitar que toda a família iria para a formatura de Elo. Duas dúzias de escoltas estavam estrategicamente espalhados pelo campus, por causa de Justice e deles.
Às vezes era muito sufocante viver entre dois mundos, porém tudo valia a pena. Era uma mulher realizada. A revista Species era popular entre o público mais jovem humano, principalmente entre o sexo feminino.
É claro que seria popular entre as garotas e mulheres. Ela mesma não era um exemplo da atração que aqueles homens-feras podiam ter?
Fiber não parecia mais velho do que ela. Continuava forte e saudável. E quente.
Seu marido era muito quente e fazia questão de manter uma vida sexual ativa. Ela não se fazia de rogada. Se não fosse o uso atento de anticoncepcional, teria muitos filhos. Já achava quatro um número expressivo.
Olhou para o perfil do marido. Ela amava Fiber demais. Nunca se arrependera de ser sua companheira. Ele a amava profundamente e se esforçavam em passar o máximo de tempo juntos. Suspirou e Fiber se virou para ela.
- O que foi?
- Nada.
- Está me amando?
Ela sorriu para ele.
- Sempre.
Fiber sorriu e apertou a mão dela e tornaram a olhar para o filho.
Aruana esperava que seus filhos fossem tão felizes quanto ela e o pai. A existência das Novas Espécies fora uma trapaça científica, porém vieram para ficar e mostrar o seu valor no mundo.
Suspirou novamente, extremamente feliz por fazer parte daquele mundo, de fazer parte do mundo de Fiber, seu amor.
FIM

Fiber: Uma história Novas Espécies 4Onde histórias criam vida. Descubra agora