Capítulo 9

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Fiber acordou e sabia que estava no Centro Médico. Detestava o cheiro que permeava o lugar e seu nariz, além de doer, ardia. Piscou, incomodado pela luz forte.
— Acordou. - uma voz feminina falou perto dele. - Virou o rosto e deu de cara com Aruana, sentada ao seu lado. — Oi.
— Eu apaguei?
— Apagou.
Ele inspirou, porém o cheiro dela estava misturado ao odor do lugar. Ela o encarou.
— Fiquei preocupada.
— Ficou?
— O senhor desmaiou duas vezes.
— Blade me acertou bem.
— A luta de vocês foi horrível. Seu nariz está quebrado.
Ele tocou o curativo com a mão. Um esparadrapo cobria o seu nariz e sentiu uma gaze gessada.
— É um exercício e nós treinamos.
— O senhor teve uma concussão!
— Minha cabeça é dura.
— Nisso concordo.
Fiber sentiu um sorriso no rosto, achando-a engraçada. Tentou se levantar e ela segurou seu braço.
— É melhor ficar deitado.
— Estou bem. - disse, mas se deitou. A mão continuou em seu braço. — Você está bem?
— Eu? Não levei um chute no rosto.
— Uma surra.
— O quê?
— Levei uma surra. - Aruana riu e ele gostou do som que ela fez. — Acha engraçado?
— Bem, o senhor é enorme e acho que muito forte. Então, acho engraçado, sim.
A porta da enfermaria abriu.
— Que bom, está acordado! - disse Josi. — Pensei que ia dormir o dia todo! - o enfermeiro estava com aparelho de pressão arterial na mão. Deu a volta na cama e pegou o braço de Fiber. — Fique quietinho agora.
Fiber deixou o rapaz verificar a sua pressão, sem tirar os olhos da humana. Não sabia porque ela estava ali, mas sentia uma sensação quente no peito.
— Se fosse outra pessoa eu diria que está prestes a ter um acidente vascular, mas como é uma Nova Espécie, a pressão está normal.- disse Josi. Soltou o aparelho devagar e olhou de Fiber para Aruana. — O doutor Bishop já está vindo.
O enfermeiro saiu, mao o médico entrou em seguida. Fiber nunca precisara dele, porém recebia relatórios favoráveis ao seu trabalho.
— Então, Fiber, como se sente?
— Sinto-me bem.
— Não sente nada diferente? Sofreu uma concussão.
— Um pouco de dor de cabeça e sono.
— Tonteira?
— Um pouco.
O médico tirou uma lanterninha do bolso e focou a luz em seus olhos. Fiber, como todo felino, era muito sensível à luz, mas suportou o exame.
— Pode se sentar. - Fiber começou a levantar. — Devagar.
Fiber sentou-se com as pernas para fora do leito e ficou de costas para Aruana. O médico fez alguns exames físicos.
— A tomografia deu normal e, fora o seu nariz, você está inteiro.
— Posso voltar ao trabalho?
— Sei que vocês se recuperam rápido, mas precisa descansar hoje. Talvez sinta tonteira, dor de cabeça e náuseas . Se vomitar me ligue na hora. - Fiber não se via descansando, contudo não discutiu com o médico. — Volte aqui amanhã. Enquanto isso, vou te passar um analgésico.
— Não precisa.
— Tem certeza?
— Tenho.
— Tudo bem.
Fiber se levantou e o doutor Bishop recuou. Aruana deu a volta na cama e ficou ao lado dele. Ela segurava sua camisa.
— Posso te ajudar com alguma coisa?
Ele pensou que não havia nada que ela podia ajudá-lo, porém respondeu com a voz baixa.
— Pode me acompanhar.
— Claro.
O médico o olhou com desconfiança, mas ele ignorou. Caminhou para o corredor e Aruana o acompanhou.
— Não quer que eu chame alguém? Pode ficar tonto.
Ele achou a preocupação dela satisfatória.
— É uma tonteira leve.
Saíram do Centro Médico com todos os espécies que encontraram perguntando por sua saúde. Fiber tranquilizou a todos, torcendo para Aruana não achar que não precisava de acompanhante.
Quando chegaram do lado de fora, ele hesitou e ela segurou seu braço.
— Não caia, não conseguirei te segurar!
— Não cairei, prometo.
— Para onde iremos?
Ele pensou naquilo pela primeira vez. Deveria ir para a sua cabana.
— Só me acompanhe até a minha cabana. - ele a olhou no momento em que falou. Ela estava com as sobrancelhas erguidas. — Não precisa entrar.
— Sou responsável pelo seu acidente.
— Como?
— Eu disse que estava com tempo para o senhor lutar.
Ele a encarou. Admirou o rosto redondo e os olhos puxados; ela era bonita, sim.
— Me trate por Fiber.
— E pode me chamar de Aruana.
— Certo, Aruana. Agradeço sua preocupação.
— É o mínimo que posso fazer.
Ele sorriu para ela e reparou que ela olhava para suas presas.
— Ei, Fiber! - olhou na direção da voz. Era Blade. — Fui te ver.
Fiber lamentou o aparecimento do amigo. Estava tão bom conversar com Aruana.
— Eu estou bem.
— O Bishop disse que precisava de alguém para acompanhá-lo. - olhou para a mão de Aruana em seu braço. — É a companhia dele?
— Sou. Ele está tonto.
Blade o encarou, com uma sobrancelha erguida. Deu uma olhada em Aruana.
— Ainda bem que estou aqui. A senhorita não aguentaria o peso dele. - Aruana ergueu novamente as sobrancelhas, mas Blade prosseguiu, olhando para ele. — Está indo para casa?
— Estou.
— Vou contigo, caso precise.
Fiber queria dar um murro no amigo, mas sabia que ele estava sendo prestativo.
— Certo.
Aruana soltou seu braço.
— Acho que está melhor com o seu amigo.
Foi Blade quem respondeu.
— Pode vir junto, se quiser.
— Ah, não... - ela pareceu indecisa. Mexeu nos cabelos curtos. — Vou aproveitar e almoçar.
— Ainda não almoçou?
— Queria esperar você acordar.
Que linda.
Blade colocou a mão no ombro dele.
— Quer que eu peça almoço pra você, Fiber?
— Posso ir ao Clube.
Aruana balançou a cabeça.
— O médico disse que você tem que repousar.
— Não fará mal.
— Cara, se o médico disse é porque ele sabe. - argumentou Blade. Fiber ficou olhando para Aruana, desejando ficar mais tempo com ela. — Vamos fazer o seguinte: Aruana vai contigo para a cabana e eu busco a comida.
— Pode ser.
Blade a olhou.
— Alguma preferência?
— Se tiver peixe...
— Peixe, certo. - olhou para Fiber. — E você?
— Peixe também.
— Ótimo, peixe para os três. Já volto.
Ficaram sozinhos novamente. Ela o olhou.
— Então vamos?
— Sim.
Fora os pequenos incômodos e a dor no nariz, Fiber se sentia bem. Caminhou na direção das cabanas. A sua ficava entre as cabanas maiores com ad quitenetes dos espécies solteiros; era ao lado da de Cedar. A localização os deixava no centro da aldeia. Foi até a cabana e abriu a porta. — Pode entrar. - ela entrou e olhou ao redor da peqresidência. Fiber sentiu uma sensação estranha ao estar ali com ela. — Preciso tomar um banho.
— Não está tonto?
Ele não estava.
— Um pouquinho.
— Bem, então é melhor não fechar a porta do banheiro.
— Você tem razão.
Ele foi para o banheiro sem olhar para trás. Abriu a porta e a deixou escancarada. Tirou a bermuda e a cueca, imaginando o que ela teria feito se ficasse nu na sala. Entrou no box e abriu o chuveiro.
— Avise se ficar tonto! - ela gritou da sala.
Fiber se divertiu. O que ela poderia fazer se ele desmaiasse?
— Pode deixar.
Deixou a água escorrer por seu corpo. Já tomara banho com uma fêmea, porém só em saber que Aruana estava no outro cômodo, ficou excitado. Seu pênis inchou, mas ele decidiu ignorar aquela parte boba do seu corpo.

Fiber: Uma história Novas Espécies 4Onde histórias criam vida. Descubra agora