Cedar transformou a exposição de fotografias de Aruana num grande evento. As fotografias, em tamanhos variadas, foram expostas no salão do Clube onde serviam petiscos e bebidas.
Aruana ficou encantada com a satisfação quase infantil das Novas Espécies ao se verem fotografados.
A maioria das fotos foram batidas espontaneamente e ela conseguira capturar a força, mas também a doçura das Novas Espécies. Uma foto se destacava, era a de Fiber tocando suavemente uma orquídea. Ela amava aquela foto, o contraste entre o ser de aparência feroz e a planta delicada. Era poética.
Aliás, haviam inúmeras fotografias de Fiber. A sua preferida, porém, ela não expusera; era dele dormindo, o rosto quase juvenil.
Aruana vinha sentindo Fiber diferente nos últimos dias. Ele era apaixonado e atencioso, mas parecia incomodamente reservado. Ele não voltara a fazer sexo selvagem com ela e Aruana sempre se perguntava se estava satisfeito. Não que seus momentos não fossem tremendamente excitantes, mas ela não conseguia esquecer que ele se controlava quando faziam amor.
Aruana estava agitada naqueles dias. Já estava há quase três semanas em Homeland III e sua necessidade por Fiber só aumentava. Passava o dia pensando nele e ansiando pelos momentos juntos. Ele entrara com toda força em seu sistema.
Estava observando Estela admirando fotos dela e da sua família. Ela parecia apaixonada pelo seu companheiro e seu filho. Faziam uma família bonita e feliz. Creek estava com Estela, tecendo elogios às carinhas de Peace, enquanto Vengeance olhava as fotografias em silêncio. Era estranho aquele homem com a aparência tão feroz ser amado pela doce Estela. O amor era estranho...
Aruana desviou o olhar, procurando por Fiber. Piscou os olhos rapidamente quando o viu conversando com Leona. A mulher o olhava com admiração, o corpo inclinado para ele e ria. Seu rosto esquentou e percebeu que estava com ciúmes. Leona era deslumbrante com sua juba ruiva e o corpo atlético fazia Aruana se sentir um menino desengonçado. Um pensamento encheu sua mente: ela transara com Fiber, com ela ele podia ser livre.
Aruana ficou muito incomodada. Desde quando era uma mulher ciumenta e insegura?
Leona jogou os cabelos para trás e segurou o braço de Fiber. Imediatamente, ele se afastou e cruzou os braços. Aruana piscou novamente, dessa vez contente. A mulher Nova Espécie fechou a cara e fez beicinho. Disse algo para Fiber e saiu.
Aruana o viu olhando ao redor e parou, achando-a. Ele deu um meio sorriso para ela e veio em sua direção. Ela sentiu seu coração batendo aceleradamente, esse era o efeito que ele fazia nela.
Fiber segurou sua cintura num gesto possessivo.
— Há muitas fotografias de mim.
— Você foi o meu melhor modelo.
Ele apontou para a fotografia dele com porquinhos.
— Esta você achou bonita?
— Você está uma graça.
Ele deu um sorrisinho.
— Nunca disseram que sou uma graça.
Aruana sorriu para ele. Fiber realmente não tinha nada de doce; sua aparência mostrava dureza, força, mas não fofura.
— Para mim você é.
— Tenho que ir.
— Por quê? - ela perguntou, mas se arrependeu em seguida. Ele pensaria que ela o estava controlando.
— Farei o turno da noite hoje.
— Não virá para casa?
— Não. Você dormirá com Creek.
— Isso não é necessário.
— Já falei com ela.
— Eu vou ficar bem.
Fiber franziu a testa, abriu a boca, mas pareceu mudar de ideia.
— Certo. Nos vemos pela manhã.
Ele tocou seu ombro e saiu. Aruana sentiu um vazio quando ele saiu, mas balançou a cabeça, afastando esse sentimento. Ela e Fiber tinham um relacionamento gostoso e só. Mais cedo ou mais tarde ela voltaria para São Paulo e... E o quê?
Olhou para uma das fotografias que tirara no dia da primeira luta de Fiber e Blade. Os corpos dos dois Novas Espécies brilhavam de suor e seus rostos mostravam ferocidade. Ambos eram enormes, com uma beleza bruta, que ela sabia que incomodava muitos homens. Aruana acreditava que aquela foto seria capaz de ganhar um prêmio.
Andou um pouco pela sala e parou na foto dele com a flor. Ela mal o conhecia naquele momento e o achava muito intimidador, porém já estava impressionada pela sua masculinidade. E continuava impressionada. Entregara-se à Fiber tão rápido e com tanta intensidade que sentia medo. Ele a queria como companheira, como esposa; queria possuí-la e ser possuído por ela. Era demais... Entretanto, ficara ressentida com o que ele lhe dissera sobre controlar-se com ela. Queria ele todo.
Mas não estou disposta a assumir um compromisso tão sério... - pensou. Afinal, tinha uma vida, tinha planos para sua carreira.
— Você conseguiu envolvê-lo direitinho.
A voz repentina a sobressaltou. Virou-se e olhou para cima. Era Leona.
— O que disse?
— Eu disse que você envolveu Fiber.
Aruana não se encontrara mais com Leona depois que se envolvera com Fiber. Creek lhe dissera que ela ficara muito magoada, por isso evitava espaços onde ela estava. Tentou ser compreensiva e falou com cuidado.
— Nós nos envolvemos, Leona.
— Você não está envolvida de verdade.
— Como é?
— Você o insultou com o macho Felipe.
— O quê?
— Rain viu você com o humano. Você trouxe vergonha para Fiber.
— Olha, esta conversa está muito sem sentido para mim. Com licença.
Leona entrou na sua frente.
— Fiber precisa de uma mulher que o ame e o coloque acima de qualquer coisa.
— Leona, acho que já deu.
Aruana deu um passo para o lado, contudo a mulher segurou seu braço.
— Por que não volta para o seu mundo logo? Ele não se acasalou com você, eu sei.
— Pode tirar a mão de mim?
— Você não pode dar tudo o que ele precisa.
Uma pessoa surgiu por trás de Aruana.
— Leona, solte Aruana.
Aruana se virou. Era Creek.
— Ela é uma intrusa.
— Ela é de Fiber.
— Se fosse já seriam companheiros.
— Isso é com eles. Solte.
Leona fez um esgar e mostrou as presas. De repente, as Novas Espécies ao redor começaram a prestar atenção. Aruana tentou soltar a mão que machucava o seu braço, porém Leona era muito forte.
— Eu escolhi Fiber. Ele era meu para cuidar. - a mulher falou com a voz trêmula.
Cedar apareceu ao lado delas.
— Recue, Leona.
— A mulher roubou o que é meu.
— Deixe disso, fêmea.
Agora todos estavam com a atenção na discussão. Aruana fez uma careta quando o aperto da mão ficou mais forte.
— Me solte! - Aruana gritou, sentindo o braço queimar.
— Leona, se afaste agora. - Cedar esbravejou.
— Eu tenho o direito de reivindicar o amor de Fiber.
— Ele já escolheu sua mulher.
— Você deveria estar do meu lado, Cedar. - Aruana começou a suar com a dor no braço e com o medo que a dominava. — Ela já fez o seu trabalho. Por que não a manda embora?
Uma mão segurou a de Leona. Firmness a encarou.
— Leona, Fiber ficará com muita raiva quando souber disso. Solte a fêmea agora.
Firmness puxou a mão de Leona que agarrou o outro braço de Aruana, que tentou lutar, em vão. Leona era mais alta e mais forte do que ela. Olhava-a com raiva.
— Vá embora! Volte para o seu mundo! - Leona gritou e lágrimas escorreram por seu rosto.
Cedar se colocou por trás de Leona e, segurando seus braços, forçou-a soltar Aruana. Leona rosnou, mas Cedar era mais forte.
Quando ela a soltou, Aruana sentiu seus joelhos dobrarem. Firmness a segurou para que não caísse.
Leona explodiu num choro sentido e Cedar a abraçou. Ele fez sinal para Sky e andou para a porta, saindo para a noite.
Sky pigarreou.
— Bom, o problema acabou, pessoal. Tem muita comida e bebidas e muitas fotografias para ver. Vamos deixar Aruana em paz.
Ele começou a afastar as pessoas.
Firmness carregou Aruana até uma cadeira.
— Creek, pegue um pouco de água.
Creek foi na direção das mesas e Firmness observou o braço de Aruana.
— Vamos colocar gelo e tudo ficará bem.
Aruana estava em choque. Aquela mulher Nova Espécie pretendia mesmo machucá-la!
Creek voltou com a água e lhe entregou. A mão de Aruana tremia tanto que derramou um pouco.
Estela sentou-se ao seu lado.
— Aruana, agora está tudo bem, tá?
— Ela...
— Ela não voltará. Cedar cuidará disso.
Bebendo a água, Aruana se forçou a se acalmar. Não acreditava que aquilo acontecera.
Firmness franziu os lábios.
— Eu disse que ela estava apegada ao Fiber.
— Isso não é desculpa. - retrucou Creek.
— É duro para ela ver Fiber com uma humana.
— Ela tem que aceitar.
As duas continuaram a debater e Estela as interrompeu.
— Vou levar Aruana para minha casa.
— Eu posso ficar com ela. - ofereceu Creek.
Estela meneou a cabeça.
— Ela precisa de uma mulher como ela, Creek. Sem querer ofender.
— Eu entendo.
A pequena multidão fingia admirar as fotografias enquanto ela terminava de beber a água. Firmness segurou o joelho de Aruana.
— Se você não ama o Fiber, deixe-o para Leona.
— Firmness...- avisou Creek.
— Estou sendo sincera. Leona tem razão: se Aruana amasse Fiber já seria sua companheira.
Aruana não tinha forças para responder. Olhou para Estela que a entendeu.
— Firmness, ache Fiber. Diga que Aruana está comigo.
— Não o chame, por favor. - pediu Aruana.
Firmness balançou a cabeça.
— Aruana tem razão; não precisamos de um macho de cabeça quente agora.
— Está bem. Então veja quem está de plantão no Centro Médico e mande para minha casa.
— Tudo bem. - falou e saiu correndo.
Um rosnado baixo chamou a atenção para Vengeance.
— Fiber não gostará nada disso.
Aruana olhou o homem enorme com o filho no colo. Estela apaziguou.
— Depois você pode chamá-lo, Ven. Deixe Aruana se acalmar.
Vengeance não parecia muito convencido, mas a companheira o ignorou. Segurou Aruana e a ajudou a se levantar.
— Consegue andar?
— S-sim.
— Então vamos.
Creek se levantou também.
— Vou com vocês.
Enquanto caminhavam para as residências, Aruana tinha a mente cheia. Sentia medo, porém o maior sentimento era de desânimo. Tanto Leona quanto Firmness pareciam não acreditar que sentia algo verdadeiro por Fiber. Será que passava a todos aquela impressão?
Pensou em Fiber e como ele estava distante nos últimos dias. Pensou que ele pensava a mesma coisa.
Respirou fundo e continuou a andar. Tinha que se acalmar e... precisava pensar.
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Fiber: Uma história Novas Espécies 4
FanfictionQuando Fiber foi libertado do laboratório Mercille no Colorado, ele encontrou a sociedade das Novas Espécies estabelecida. Mesmo com todo o apoio da ONE, Organização das Novas Espécies, Fiber sente que não se adaptou totalmente ao mundo. Sente-se ma...