Capítulo 45

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Fiber estava sentado na cama, nu como viera ao mundo , as pernas flexionadas abertas e Aruana estava entre elas.
Ele passava um spray antisséptico nas feridas e soprava, enquanto ela reclamava.
— Isso arde muito!
— É para limpar as feridas.
— Você é venenoso, por acaso? - ele riu. — Não ria! Foi você que fez isso!
— Eu queria me arrepender , mas seria  hipócrita.
Ela recostou-se no seu peito. Fiber a mordera por um instinto feroz, queria marca-la para ele. Não pensara na reação dela e agora estava agradavelmente surpreso. Ela não gritara com ele, não o chamara de nomes feios, apenas aceitara o que fizera.
— A pomada vai arder?
— Não. - ele riu novamente. — Eu tiro sangue de você e reclama do curativo?
Ela resmungou e ele pegou a pomada antiinflamatória. Passou com cuidado, não querendo que doesse mais do que já devia estar doendo.
Aruana segurava os seus joelhos, acariciando-o. Fiber sentia uma felicidade tão grande que temia que seu peito explodisse.
— Obrigado.
Ela ergueu o rosto para ele.
— Por ter voltado?
— Por ter voltado, por ter suportado meu mau humor. - espalhou a pomada. — Por isso.
Aruana ficou um momento de silêncio. Beijou o queixo dele e sussurrou.
— Sei que foi importante para você.
— Muito.
Fiber cobriu as feridas com gaze e prendeu o esparadrapo. Abraçou-a com carinho.
— Eu pensei que seria infeliz para sempre. - ele confessou.
Aruana se virou e ele a pegou no colo.
— Eu sinto muito por te fazer infeliz. Eu não tinha certeza do que eu queria.
— Agora tem?
Ela acariciou seu rosto.
— Agora tenho, amor. Quero ficar com você.
Ele engoliu em seco.
— Viverá aqui comigo?
— Se você quiser...
— Eu quero, Aruana. Minha vida perdeu o sentido sem você.
— Ah, Fiber... - ela se aconchegou nele. — Eu te amo tanto...
Fiber a fez deitar-se e deitou ao seu lado. Acariciou o rosto do qual sentira tanta falta.
— Você não sentirá falta da cidade e do seu trabalho?
— Eu gostaria de continuar trabalhando... Não no ritmo que tenho hoje, mas gostaria de continuar a fazer trabalhos freelancers.
— Ser minha companheira mudará a sua vida. Nenhuma companheira sai das nossas instalações sem uma escolta de, no mínimo, quatro oficiais.
— Sempre?
— Sempre. Apesar do mundo saber das Novas Espécies há de dez anos, ainda somos atacados pelos grupos de ódio. Várias das nossas companheiras foram colocadas em risco.
— Eu acompanhei sobre a esposa de Jaded Wild.
— Eu não sou alguém visado como Jaded, mas se souberem que é minha companheira você também poderá correr risco.
— Se eu saísse para realizar uma reportagem esses oficiais iriam comigo?
— Sim.
— Eu nunca passaria despercebida numa investigação.
— Infelizmente, sim.
Aruana abaixou o olhar e ele pensou se ela não desistiria dele por causa da profissão. Ela tornou a olhá-lo, acariciando o seu peito.
— Não sei como resolveremos isso, mas seja o jeito que for, eu estarei com você.
Ele riu e a abraçou, emocionado. Beijou o topo de sua cabeça, esfregando o rosto nas mechas grossas.
— Quando eu estava em Mercille, nunca imaginei que existiria uma vida como eu tenho agora. - segurou-a pelo queixo e levantou seu rosto. — Eu sou feliz por ter você.
Ela o beijou delicadamente, plantando beijinhos nos cantos de sua boca e por todo o rosto. Fiber sentiu seu pênis responder e ela riu, com a boca em seu queixo.
— Nem pense nisso. Ficarei dias sem andar.
— Eu te machuquei?
— Foi bem intenso.
Ele tentou se afastar dela, mas Aruana o agarrou. Fiber estava constrangido; não quisera machucá-la.
— Me desculpe, amor. Eu serei mais cuidadoso da próxima vez.
Aruana deslizou a mão pelo corpo dele.
— Eu adorei e vou querer mais.
— Mas te machuquei.
— Estou um pouco dolorida, mas logo vou ficar bem.
Fiber abriu a boca para retrucar, porém ouviu batidas fortes na porta.
— Espere um pouco. - saltou da cama e correu para a sala.
Sentiu o cheiro de dois machos e abriu a porta.
— Ei! - Tree gritou ao vê-lo nu. — Guarde essa coisa.
Os dois carregavam malas e bolsas de viagem.
— Creek pediu para trazer a bagagem da sua mulher.
— Certo. - saiu da frente da porta. — Coloquem ali.
O outro espécie, o louro Wolf, passou se encolhendo.
— Não encoste em mim.
— Caiam fora.
Tree fez uma careta.
— Você é um ingrato.
— Feliz Natal. - disse para os dois.
— Feliz Natal. - os dois machos responderam.
Fiber empurrou os amigos para fora e voltou para o quarto.
— Creek mandou sua bagagem. - deu um sorriso. — Tem bastante coisas.
Aruana sentou na cama.
— Eu vim para ficar, Fiber.
Ele subiu na cama e tentou abraça-la. Ela ergueu as mãos.
— Agora vou tomar um banho, porque estou toda melada.
Ele passou a mão em sua coxa.
— Gosto de você melada com o meu sêmen.
Aruana fez um esgar.
— Isso não foi nada romântico!
Fiber riu e tentou abraça-la de novo, mas Aruana pulou da cama.
— Vou tomar um banho, senhor Fiber Colorado, porque fui convidada para uma festa de Natal.
— Podemos comemorar aqui. - ele estendeu os braços tentando segurá-la.
— Não, senhor. Não perderei minha primeira festa de Natal em Homeland III.
Fiber levantou, na intenção de pegá-la e Aruana saiu correndo. Fiber saltou e pousou na frente dela.
— Ai! - Aruana gritou e ele a agarrou.
Rodopiou com ela e seus risos se misturaram. Ele nunca pensou que seria tão feliz!
Mais tarde, depois que a provou, fazendo-a gozar debaixo do chuveiro, um secou o outro carinhosamente e se vestiram para a festa.
Quando chegaram ao Clube foram recepcionados com palmas e Fiber se encolheu; não podia esquecer que seu povo realmente se preocupava com a felicidade de cada um espécie.
Como a festa dos adultos foi após a infantil, Sky ainda usava sua indumentária de Papai Noel. Abraçou Fiber.
— Eu disse que o Papai Noel te traria um presente.
— Você também estava na conspiração de Creek?
— E Cedar e todos os oficiais do cais e da segurança.
Fiber balançou a cabeça.
— Que chefe de segurança sou se não descubro algo debaixo do meu nariz?
— Nós nos esforçamos.
Fiber o encarou.
— Eu te agradeço, meu amigo.
— Você merece ser feliz com Aruana.

Uma semana depois, Fiber se lembrava das palavras de Sky. Logo seria meia-noite e um novo ano começaria.
Olhou para Aruana que conversava animadamente com New. Perto delas, estava Felipe com uma atenta Rain. Sabia que era irracional, mas sentia ciúmes daquele macho. Ele que não falasse com ela!
Cedar bateu com um garfo numa taça e chamou a atenção de todos.
— É quase meia-noite. Peguem suas taças.
Houve um movimento enquanto alguns espécies e humanos pegavam taças. Fiber sabia que a maioria dos humanos brindaria com champanhe, porém nas taças dos espécies havia o guaraná brasileiro ou o refrigerante de cereja. Espécies raramente bebiam álcool.
Aruana veio para o seu lado e se abraçaram. Ela não era pequena, porém ele gostava da forma que seu corpo era acolhido pelo dele.
— Dez! - soou Cedar.
— Nove! - gritaram todos.
Fiber notou Blade e sua Thainá contando com os olhos fixos no outro.
— Sete!
Aruana tocou o queixo de Fiber e ele abaixou o rosto. Ela formou as palavras eu te amo com os lábios e ele as devolveu para ela do mesmo jeito.
— Quatro!
Fiber não se cansava de olhá-la. Aruana era um presente para ele e, como Sky dissera, ele merecia ser feliz com ela.
— Dois!
Fiber a puxou para perto de si e sorriu.
— Um! Feliz Ano Novo! - todos gritaram.
Aruana segurou seu rosto e seus lábios se uniram. Romperam o ano juntos, num prenúncio do que seria a sua vida.
Em Mercille, Fiber tivera apenas dor, solidão e desespero, mas agora tinha um povo, uma casa e era amado.
Se separaram e sorriram um para o outro. Enquanto davam um gole em suas bebidas, ele teve a certeza absoluta que seriam felizes. Com todas as diferenças e a questão do trabalho de Aruana, ele sabia que seriam felizes. Muito felizes.

Escrevo este capítulo na última noite de 2023, esperando que todas as minhas leitoras tenham um amor como o de Fiber e Aruana.
Os próximos capítulos serão os últimos, dessa história que amei escrever.

Fiber: Uma história Novas Espécies 4Onde histórias criam vida. Descubra agora