Capítulo 16

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Aruana abriu a boca para receber a língua de Fiber. A textura diferente que tornava o contato mais sensual.
A forma como ele confessou a sua confusão a tocou. Nas suas pesquisas descobrira que as Novas Espécies podiam ser brutalmente honestos. Para ser honesta consigo mesma, ela admitia que ficara chateada por sentir ciúmes dele. Até Fiber percebera que ela tinha ciúmes.
Não gostava de sexo casual, mas aquela experiência era diferente de tudo que vivera. Ela queria estar com ele, desejava tocá-lo, queria fazer amor com ele.
Deixou-o beijá-la à vontade. Se colocou nas pontas dos pés e o abraçou pelo pescoço. O corpo quente a pressionou e ela gemeu ao sentir a dureza do pênis contra sua barriga. Fiber segurou sua bunda e a ergueu; Aruana passou as pernas por seus quadris, firmando os calcanhares na bunda firme.
Gemeu novamente quando o pênis se comprimiu entre suas pernas. Teve a certeza que iria para a cama com aquele homem.
Fiber afastou a boca e a encarou.
— Quero muito você, Aruana.
— Também te quero. - confessou. — Quero muito.
— Quer ir para minha cabana?
— Agora? - ela perguntou, sentindo um arrepio gostoso percorrê-la.
— Você não quer agora? Eu sinto sua excitação.
Seu rosto esquentou, mas ela respondeu.
— Estamos no meio de um dia de trabalho.
— Você quer almoçar?
— O quê?
— Almoço. Na minha cabana.
— Ah...
Ela deveria se preservar, afinal mal o conhecia. Ela deveria pensar nele, pois a concussão era recente. Ela deveria pensar que não estava sendo profissional. Mas ela estava derretendo de desejo!
Deu uma risadinha e ele franziu a testa.
— O que é?
— Você quer me almoçar primeiro.
Fiber deu um sorriso amplo e ela o achou lindo.
— Quero, sim. Vamos?
Aruana espantou seus últimos pudores.
— Sim.
Fiber segurou sua mão e caminharam de volta para o vilarejo. Alguns Novas Espécies os olhavam e ela sentiu-se constrangida. Ela não conseguia acompanhar os passos dele e puxou sua mão. Ele se virou para trás.
— Eu não consigo te acompanhar!
— Desculpe.
O que ele fez em seguida lhe arrancou um gritinho. Fiber a pegou no colo!
— O que está fazendo?
— Não quero que tropece.
— É só andar devagar.
— Tenho pressa.
Fiber continuou a andar e ela queria esconder o rosto quando alguém a olhava.
— O que vão pensar?
— Que estou com pressa.
— Isso está pegando mal! - reclamou, muito envergonhada.
Chegaram no vilarejo e as pessoas os olhavam abertamente. O telefone de Fiber tocou, porém ele não atendeu. Sua cabana apareceu e ele andou mais rápido ainda. O telefone tornou a tocar.
Em poucos passos ele alcançou a cabana e abriu a porta. Entraram e ele foi direto para o quarto.
Fiber a deitou na cama e atendeu o celular.
— Fale... Não... Eu estou bem, doutora... Depois... Vou almoçar primeiro... Depois... Estou sendo responsável... Depois, doutora.
Ele encerrou a chamada e colocou o celular em cima da cômoda.
— Quem era?
— A doutora Thainá. - tirou a blusa.
— O que ela disse?
— Para eu passar no Centro Médico.
— E você não vai?
Fiber a puxou sentada e tirou sua bolsa.
— Tire a roupa.
— A doutora Thainá quer te ver. - ela afirmou.
— Sim. - Fiber segurou suas pernas. — Por que não está tirando as roupas?
— Porque estou falando com você!
Ele ajoelhou na cama.
— Não vamos compartilhar sexo?
Aruana detestava aquela expressão.
— A médica quer fazer exames?
— Sim.
— Então você tem que ir.
— Depois.
Ela se afastou dele.
— Se ela falou que precisa ir, então precisa ir.
— Depois. - repetiu.
— Acha que vou transar com você primeiro?
— Não vai?
O rosto mostrou uma decepção tão grande que ela sentiu vontade de rir.
— Fiber, sua saúde é mais importante!
— Não é.- Aruana rolou os olhos e pulou da cama; ele tentou segurá-la e ela se afastou. — Você não me quer? - ele perguntou, num lamento.
Ela lembrou-se da conversa com Felipe sobre a maturidade dos Novas Espécies. Olhou para o homem imenso com uma ereção igual. Ele não conseguia disfarçar a decepção.
— Primeiro você vai no Centro Médico.
— Não.
— Não? - ela passou por ele.
— Onde vai?
— Almoçar.
— Vai almoçar comigo.
— Não vou, não.
Fiber saltou da cama e entrou na frente da porta.
— Não faça isso.
— Vai atender à doutora?
Ele apertou os lábios grossos e as pontas das presas apareceram; o rosto ficou feroz.
— Está falando sério?
Aruana respirou fundo e, mesmo temerosa, se aproximou dele. Espalmou aos mãos em seu peito.
— Te desejo muito, Fiber. Acho que estou sendo maluca ao dizer isso, mas quero muito... fazer amor com você. Mas você precisa ir na médica.

Fiber respirou fundo e segurou Aruana pelos quadris. Estava muito frustrado, contudo quando ela dissera fazer amor, ele se sentiu tocado. Todas as vezes que tivera sexo com fêmeas fora muito bom, mas era apenas um contato físico. Ouvira companheiros acasalados dizendo que fazer amor era muito diferente, que havia sentimentos envolvidos.
Os únicos sentimentos bons que já sentira foram a alegria da libertação e a amizade e companheirismo de seus iguais. Queria saber o que era ter sentimentos por uma fêmea, sentir aquilo durante o sexo. Respirou fundo.
— Certo. Mas você vai comigo. - ajeitou o pênis nas calças.— Vamos almoçar depois.
Aruana riu e ele quis beijá-la, entretanto precisava se acalmar.
Pegou a blusa, vestiu-a e guardou o telefone celular. Estendeu a mão e ela a pegou.
— Não te incomoda que te vejam comigo?
— Não.
— Mas as pessoas vão imaginar coisas. Você não foi exatamente discreto.
— Vão imaginar a verdade.
— Tudo de vocês é muito exposto.
— Você quer fazer escondido?
— Não escondido, só acho...
Fiber soltou sua mão.
— Te incomoda?
— A exposição, entende?
— Certo. - ele a olhou por instantes. — Tentarei ser discreto.
Aruana pensou que era tarde demais, porém não comentou.
Saíram da cabana e foram para o Centro Médico. Encontraram pessoas pelo caminho que perguntavam a Fiber se estava bem. À Aruana os Novas Espécies pareciam muito unidos e atenciosos, apesar da aparência feroz.
Entraram no Centro Médico e foram recepcionados por uma jovem indígena.
— Bom dia, Fiber. Veio ver a doutora Thainá?
— Ela quer me ver.
— A doutora está numa reunião com o Blade.
— Ele está machucado?
— Acho que não.
— Vou entrar.
— Mas ele ainda está lá.
— Certo.
Fiber foi para o corredor onde estavam os consultórios e as enfermarias. Aruana achou que ele foi rude com a moça, mas o seguiu.
Fiber abriu a porta do consultório e ouviu um grito feminino. Aruana olhou para dentro e seu queixo caiu.
Blade estava sentado numa cadeira com a doutora Thainá montada em cima dele. A médica estava sem blusa e seu sutiã arriado. Blade a abraçou, protegendo-a e fez sinal para sair.
— Saia, Fiber.
Fiber fechou a porta e olhou para Aruana.
— É bastante exposição. - brincou.
— A Thainá deve estar horrorizada.
— Por quê? Ela estava gostando.
Aruana balançou a cabeça.
— Você não entende mesmo.
Fiber deu um sorriso de leve.
— As coisas acontecem como têm de acontecer.
— Vocês são muito livres.
A porta abriu e Blade saiu.
— Por que não bateu na porta?
— Pensei que estava numa reunião.
— Estávamos ocupados.
Fiber não comentou e Blade olhou para Aruana.
— E a sua reportagem? Como está?
Aruana pareceu ficar constrangida.
— Está indo muito bem. Já tenho bastante material.
— Bom.
A porta se abriu novamente e a médica os olhou, desconcertada.
— Boa tarde, Aruana. Boa tarde, Fiber. Que bom que veio.
— Tive que vir para poder almoçar.
Aruana pigarreou, pois ele a olhou enquanto falava.
— Então entre.
Thainá saiu da frente e Fiber entrou. Quando ia fechar a porta, Blade a segurou.
— Conversaremos depois, doutora. - afirmou.
— S-sim.
Ele soltou a porta e foi a vez de Fiber segurá-la.
— Fique com Aruana.
— Certo.

Finalmente a porta se fechou e Blade a encarou.
— Você o trouxe?
— Bem, eu pedi para ele vir.
Blade a observou atentamente e Aruana ficou constrangida. Passou a língua no lábio inferior.
— Vou me sentar.
Ela voltou para a recepção e sentou numa cadeira de espera. Blade sentou ao seu lado e ficaram em silêncio.
Ouviu passos no corredor e viu Fiber e a doutora sairem do consultório e entrarem em outra sala. Menos de dez minutos depois eles sairam. Ela voltou para o consultório e Fiber voltou para a recepção. O curativo no seu nariz havia sido trocado.
Ele se aproximou deles e a olhou.
— Fui atendido. Estou bem. Vamos almoçar.
Aruana segurou uma risada.
— Está com tanta fome assim, amigo? - perguntou Blade.
Os cantinhos dos lábios de Fiber se ergueram e Blade o olhou com curiosidade.
— Estou.
Blade  olhou para Aruana.
— Bom almoço, então.
O grande Nova Espécie acenou e saiu. Aruana balançou a cabeça, entre divertida e ansiosa.
— Tem certeza que está bem?
Fiber segurou-a pelo braço e a levou para fora. Soltou-a, mas continuou a andar.
— Não invente desculpas.
— Só estou preocupada com você.
— A doutora me examinou e disse que meus reflexos estão muito bons.
— Estão, é?
Dessa vez Fiber sorriu plenamente.
— Eu vou te mostrar, fêmea. Muitas vezes.
Aruana engoliu em seco e sentiu um calor gostoso subir por seu peito.
Não inventaria desculpas mesmo.

Fiber: Uma história Novas Espécies 4Onde histórias criam vida. Descubra agora