Capítulo 24

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Aruana nunca imaginara que seria capaz de viver em torno de um homem praticamente vinte e quatro horas por dia, mas era o que ela estava fazendo. Passara os últimos três dias vivendo com um homem-fera como se fossem um casal estabelecido.
Fiber acordava muito mais cedo que ela, mas voltava para acompanhá-la no desjejum. Ele insistira com ela para trabalhar no seu escritório, porém não aceitara.
Firmness permanecera como sua escolta, mesmo ela dizendo que ficaria bem sozinha. Aparentemente era protocolo da ONE os visitantes nunca ficarem sozinhos.
Ele ligava para ela no meio da manhã e se encontravam no horário dela de almoço. À tarde, Aruana escrevia, enquanto sua escolta assistia telenovelas brasileiras antigas. Descobrira que as Novas Espécies eram muito ligadas à televisão.
Fiber vinha no final da tarde, entretanto não ficava muito tempo. Levava-a para jantar e voltava para o trabalho. Ele permanecia no escritório até depois das oito da noite, a levava para acompanhá-lo enquanto ele jantava e voltavam para a cabana.
Aruana dormia a noite toda como um chumbo, pois Fiber a esgotava. Faziam amor várias vezes e ele só parava quando ela dizia que estava sentindo algum incômodo. Aliás, não se lembrava de ter tanto sexo em sua vida, nem quando morara com um namorado. Sentia-se como uma garota que acabara de perder a virgindade.
Naquela manhã rejeitara mais uma rodada de sexo, porque estava assada. Fiber se apavorou e queria levá-la para o Centro Médico, mas ela brincara dizendo que seus músculos vaginais apenas precisavam descansar. O olho dele de frustração fora muito engraçado.
Mas não era só sexo. Eles conversavam muito. Ele tinha muita curiosidade sobre sua vida na cidade grande, enchendo-a de perguntas. Na segunda noite que passaram juntos, Fiber lhe contara que estava praticamente morto ao ser resgatado da Mercille do Colorado. Fora usado para testes sobre resistência e passara muita fome. Os ossos de seus membros haviam sido quebrados tantas vezes que ele não lembrava mais de quantas. Explicara as cicatres em suas costa; fora tão duramente chicoteado que as cicatrizes eram profundas.
Aruana chorara muito quando ele contou que um espécie chamado Valiant o carregara no colo todo o caminho até a Reserva, porque não conseguia ficar em pé.
Ela pretendia consolá-lo, mas foi ele que a abraçou, enquanto ela chorava diante da crueldade humana.
Aruana vivera intensamente aqueles três dias. Nada em sua experiência com Fiber tinha comparação com qualquer outra experiência. Não que sua vida fosse sem cor, ao contrário tinha uma vida animada e satisfatória. Mas Fiber...
Já eram dez horas da noite e tomavam banho juntos. Fiber gostava de banhá-la, cuidando de cada pedacinho do seu corpo. Ela correspondia ao cuidado dele, lavando seus cabelos. Fiber estava ajoelhado, permitindo que ela alcançasse sua cabeça.
— É tão longo... - esfregou o shampoo pelo comprimento do cabelo. — Molhado, ele chega no seu bumbum.
— Bumbum?
— É. Essa sua bundinha gostosa.
Fiber deu uma gargalhada que ela adorou.
— Não chame minha bunda de gostosa.
— Mas é. Por isso, eu adoro morder.
— E eu gosto que você morda.
Ela se lembrou da última conversa sobre mordidas e decidiu mudar de assunto.
— Amanhã eu preciso ir nas plantações.
Ele levantou o rosto.
— Para quê?
— Felipe quer falar do curso que está promovendo para as Novas Espécies.
— Você não vai.
— Como? - perguntou, surpresa com o tom dele.
— Amanhã irei com uma escolta buscar Cedar em Rio Branco. Não poderei ir com você.
— Mas o que tem a ver?
— Não vai sem mim.
Aruana ergueu as sobrancelhas, espantada.
— Claro que vou.
Fiber se levantou e ela ficou mais uma vez impressionada com aquela montanha de músculos e pele bronzeada.
— Não, não vai.
Ele começou a enxaguar o cabelo.
— Por quê?
— Já disse: não posso ir com você.
Aruana franziu a testa, não acreditando no que ele dizia.
— Fiber, deixe eu entender. Você decidiu que eu não posso ir, porque você não vai?
— Isso.
— Isso é absurdo. É por causa do Felipe?
— Você é minha.
Ela balançou a cabeça, mais do que espantada.
— Não sou sua. Eu sou...
Fiber a segurou debaixo dos braços e a ergueu. Aruana deu um grito quando não sentiu mais o chão. Ele a ergueu até seus rostos ficarem à mesma altura e ela segurou seus ombros.
— Não diga que não é minha, doçura.
— Mas eu não sou!
Ele a a abraçou, segurando-a pelas costas e pelo traseiro.
— Eu sou seu.
Aruana tentava entender.
— Nós acabamos de nos conhecer.
— E o que tem?
— O que tem é que eu não posso ser sua em uma semana.
— Você é.
Ele a encostou contra a parede e ela deu um gritinho ao sentir o azulejo gelado. Segurou-se em seus ombros e passou as pernas por sua cintura.A água morna caía entre os dois e ela fechou os olhos para protegê-los.
Fiber beijou seu pescoço, deslizando a língua sobre a pele quente. Ele apertou sua bunda e Aruana sentiu o pênis endurecendo.
— Fiber...
Ele se afastou e se inclinou, capturando um mamilo na boca. Ele o chupou e mordiscou. A sensação da água escorrendo e do toque dele a deixou excitada.
Fiber fechou o chuveiro e a encarou.
— Nunca pensei encontrar alguém como você.
Aruana tentou minimizar as palavras dele, mas a verdade era que se sentia da mesma forma.
Eu vou embora daqui a dois dias. Não posso me apegar.
Você sabe que voltarei para São Paulo na terça-feira.
Os olhos dele escureceram.
— Não precisa voltar.
Ela ergueu as sobrancelhas.
— Não poderei ficar mais dias.
— Fique para sempre.
— O quê? - perguntou, quase gritando.
— Estou te pedindo para ficar aqui. Comigo. - Aruana ficou estupefata. Ouvira certo? — Eu escolhi você para ser minha companheira.
— Companheira? - a situação estava complicando.
— Podemos fazer o casamento humano, se você quiser.
Achando que ele só podia estar brincando ela o fitou nos olhos. Fiber a olhava com seriedade. Aruana falou com gentileza.
— Fiber... Você está falando sério?
— Estou.
Ele estava!
— Mas... - ela segurou o rosto tão grave. — Tudo entre nós tem sido muito intenso... Mas nos conhecemos há seis dias apenas.
Fiber inclinou a cabeça, como se procurasse entendê-la.
— Você me quer, eu sei.
— Sim, eu quero, mas... Um casamento é feito quando duas pessoas se conhecem muito e querem viver juntas.
— Um acasalamento é quando um macho e uma fêmea não conseguem mais viver sem o outro e ficam juntos para sempre.
Aruana mordeu o interior da bochecha.
— Não é assim tão simples.
— Para mim é muito simples. - ele caminhou para fora do banheiro e Aruana se grudou nele, a boca na curva do seu pescoço, sentindo a pulsação forte.
Fiber a levou para o quarto e subiu na cama, deitando-a. O corpo dele, molhado e muito quente a cobriu.
— Quando me resgataram eu pensei que a liberdade era tudo o que eu queria. Vivi com meus pares, aprendi sobre o mundo dos humanos, suas armas, sua tecnologia e me tornei importante para a ONE. Não era infeliz, mas me faltava algo... Quando você entrou na minha vida, eu fiquei... paralisado...  pelo... pelo sentimento...Nunca pensei em ter uma companheira, mas quero você. Quero muito você, Aruana.
Ela engoliu em seco, hipnotizada pelos olhos amarelos-brilhantes. O cabelo molhado caia sobre seus seios, fazendo a água escorrer por sua pele.
Intenso... Muito intenso...
— Eu também te quero muito, Fiber.
— Então fique comigo.
Seria tão simples se entregar àquela paixão. Ela era livre, adulta... Por que não?
Acariciou o rosto dele que beijou a palma de sua mão, sentindo o coração batendo tão forte que parecia que a iria sufocar.
Então, lembrou-se de que tinha uma vida, seu emprego, seu apartamento... Não podia deixar tudo por uma loucura.
Respirou fundo.
— Talvez, apenas talvez, eu possa antecipar minhas férias e ficar mais um tempo com você .
— Mas voltaria para São Paulo.
— Sim. Minha vida é lá. - Fiber franziu as sobrancelhas e Aruana achou seus olhos intimidadores. — E eu poderia vir de vez em quando.
— Não basta.
— É só o que posso prometer, Fiber.
Ele abaixou o rosto e falou contra sua boca.
— Não. Basta.
E a beijou.

Fiber: Uma história Novas Espécies 4Onde histórias criam vida. Descubra agora