Aruana fotografava pequenos indígenas saltando na água no cais de Santa Rosa. Ela estava escrevendo uma reportagem sobre as mudanças que a proximidade com Homeland III causara na pequena cidade.
Essa reportagem viera em resposta a que fizera para a Many Tribes. Não sabia como sua convivência com as Novas Espécies se tornara pública, desconfiava da editora da revista no Brasil, mas estava tirando proveito daquilo.
Ao seu lado, Fiber e Wolf vigiavam os arredores acompanhados de mais dois espécies, o que era difícil, pois os homens Novas Espécies chamavam a atenção de um grande grupo de pessoas. Ela estava de olho, pois as figuras imensas e de longos cabelos despertavam o interesse de algumas das mulheres da cidade e elas ficavam por ali, tentando puxar conversa com eles.
Uma mulher jovem, indígena, fazia perguntas para Fiber. Ele as respondia secamente, no seu português com sotaque do oeste dos Estados Unidos. Num momento, a mulher bonita estendeu a mão e tocou Fiber, que recuou rapidamente. Aruana achou que estava na hora de encerrar o papo da jovem mulher!
Se aproximou de Fiber e o abraçou por trás. Ele se virou e a abraçou.
— Eu terminei aqui.
— Já acabou com as fotos?
— Sim. Tenho uma entrevista com o prefeito.
— Certo. Vou avisar aos outros. - fez sinal para os parceiros.
A mulher olhou para Aruana.
— Você está com ele?
— Ele é meu.
— Ah... Que sortuda.
— Sou mesmo.
Dando um olhar sedutor para Fiber, a mulher se afastou. Foi até as outras mulheres e fez algum comentário que as fez olhar para Aruana com admiração.
Ela agarrou a mão de Fiber e caminharam para fora do cais. Ele deu um sorriso.
— Está com ciúmes?
— Só quis mostrar que você é meu.
O sorriso dele se ampliou.
— Eu iria dizer que era seu.
— Ainda bem.
Foram até a prefeitura da cidadezinha e Aruana entrevistou o prefeito. Precisara pedir que os Novas Espécies esperassem do lado de fora do gabinete do prefeito, pois ocupavam um grande espaço na sala. Fiber se negara, era claro.
O prefeito, que era descendente de indígenas insistira em mostrar a fotografia do filho que ele achava muito parecido com Fiber. Aruana olhou a fotografia e realmente o rapaz enorme tinha uma semelhança com seu companheiro.
— Não são parecidos? - perguntou orgulhosamente. — Meu filho é do Exército.
— Que interessante!
— É o meu orgulho. - olhou para Fiber. — Quer ver a foto?
Aruana olhou para Fiber e piscou para ele. Fiber estendeu a mão e pegou o porta retrato.
— Ele é forte. - devolveu a fotografia.
Aruana segurou o sorriso. O seu companheiro não era mesmo de conversar.
O prefeito fizera questão de mostrar como o comércio e as pequenas indústrias foram beneficiados por Homeland III, além dos santa-rosences que trabalhavam na colônia ou moravam lá. Ele mesmo levara Aruana e sua escolta até esses lugares.
Aruana achara engraçado, e um tanto inconveniente, que uma pequena multidão os seguia. As crianças cercavam Fiber e o tocavam, rindo quando conseguiam. Fiber sorria para elas e, no final da visita, já colocava algumas no colo. Ele gostava muito de crianças e qualquer filhote que encontrava.
Quando voltaram para Homeland, cada um dos Novas Espécies carregava flores que as crianças haviam presenteado e vários papeizinhos com números de telefones que a mulherada dera.
Aruana não podia recrimina-las. Os homens Novas Espécies tinham uma masculinidade bruta, uma beleza estranha e um sex appeal evidente.
Ao chegarem na colônia, Fiber a deixara com Firmness e voltara para o escritório da segurança.
Naquelas semanas em Homeland III ela resolvera suas pendências com o jornal com o qual estava trabalhando. Logo depois vieram outras propostas de trabalho. Estava sempre ocupada, mas reservava sempre um tempo para Fiber. Ele gostava quando ela aparecia de surpresa na segurança e ela amava os momentos que passavam na natureza.
Fiber a levava sempre para nadar no rio e pescar às vezes.Ele preparava o peixe para ela e jantavam sozinhos na cabana. Viam-se durante o dia, contudo ela achava esses momentos especiais.
Ela e Firmness foram até a creche, pois Rosângela, uma companheira que fora contratada pela ONE como enfermeira d pedira que Aruana tirasse fotografias de seu filhinho, Órion. Aruana aproveitou e tirou fotografias do outro bebê espécie, Toriba. A mãe, Kaune, que era indígena, explicou que o nome significava felicidade.
Aruana amava que os nomes que as Novas Espécies colocavam em seus filhos dizia muito sobre seus sentimentos ou circunstâncias do casamento.Peace remetia ao que Estela trouxera para Vengeance e Órion porque seu pai, Starlight, era fascinado por estrelas. Toriba fora a primeira criança a nascer em Homeland III, apenas seis meses depois que a colônia fora fundada.
Fiber lhe contara que a gravidez dos bebês Novas Espécies durava apenas cinco meses e ela imaginou que no ritmo que os homens se acasalavam e logo geravam crianças, rapidamente a população deles seria bem grande.
Fiber lhe contara que todos da ONE viam as crianças como dádivas e as cercavam de cuidados. Ela mesma vira como os três menininhos eram disputados e paparicados por todos, principalmente pelas mulheres Novas Espécies.
Aruana nunca desejara ser mãe. Não se sentia vocacionada para a maternidade, porém a fotografia do filho do prefeito a fizera pensar numa cópia de Fiber, como ele lhe dissera que seria um filho seu.
Um pensamento cruzava sua mente desde aquela manhã. Estavam no final de janeiro e ela não menstruara. Não deveria se preocupar, pois sempre lembrava Fiber do preservativo. Ocorre que no dia em que voltara para Homeland III nenhum dos dois sentira falta da camisinha, se entregaram à fome que sentiam um do outro.
E não era possível que justamente no dia que esqueceram a camisinha, ela estivesse ovulando. Pelas suas contas, não estava.
Voltou a fotografar as crianças e decidiu olhar depois no seu calendário; talvez estivesse enganada sobre sua última menstruação.Fiber estava numa grande sala onde seus oficiais limpavam as armas. A segurança mantinha uma rotina minuciosa, sempre preparada para defender sua terra. Ele não tivera a intenção de viver fora dos Estados Unidos depois da França, mas Justice achara que ele merecia uma experiência mais tranquila.
No resgate de Cecília Wild, Fiber se destacara como o mais violento. Ele não tinha nenhum remorso de ter, literalmente, destroçado aqueles bandidos. Uma fotografia de Jaded com a esposa no colo e ele ao lado, coberto de sangue, circulara em todos os noticiários e ainda podia ser vista na internet. Ele imaginava que Aruana já a tivesse visto, porém nunca conversaram sobre aquilo.
Sua vida estava tão maravilhosa! Nunca pensara que amar e ser amado fosse tão bom. Suportava qualquer inconveniente de morar no Acre, porque Aruana estava ao seu lado.
Uma ruga apareceu em sua testa ao pensar em como ela estivera naquela manhã. Parecia preocupada e, quando ele quisera saber, ela dissera que não era nada., contudo ficara bastante silenciosa. Às vezes se perguntava se ela se cansaria logo de viver em Homeland III.
Seu telefone celular tocou e viu que era Cedar.
— Cedar.
— Fiber, recebi uma ligação da Polícia Federal. Receberam a denúncia de que a tribo Janerawa foi invadida por garimpeiros.
— Como? Eles não passaram pelo rio.
— Eles entraram pela fronteira com o Peru. A polícia pediu permissão para chegar à tribo pelas nossas terras.
— Pela Zona Selvagem? Os machos lá não aceitarão à presença humana.
— Por isso nós iremos juntos.
— Quando?
— Eles estarão aqui em uma hora. Prepare dez homens. Esses garimpeiros provavelmente estarão armados.
— Certo.
Fiber encerrou a ligação e em poucos minutos montou sua equipe. Junto com seus homens, traçou a rota que fariam e os mandou se equiparem.
Cedar chegou na segurança, trazendo Sky e Blade.
— Starlight quis vir, mas a ordem do Conselho tem que ser respeitada.
Fiber pensou que se ele e Aruana tivessem assinado os papéis de acasalamento ele teria que ficar na base; companheiros, principalmente pais, não eram colocados em risco.
— Starlight é um ótimo lutador e exímio atirador.
— Temos vários lutadores excelentes na equipe, você é um. - disse Cedar.
— Certo. E Blade é o melhor atirador de nós.
Fiber verificou o relógio.
— Preciso falar com Aruana.
— E eu com Thainá. - lembrou Blade.
Cedar balançou a cabeça.
— Fico feliz em não ter uma mulher.
— Não morra de inveja. - zombou Blade.
Os dois saíram e Blade foi para o Centro Médico. Fiber decidiu que perguntaria à Aruana sobre seu comportamento estranho naquela manhã.
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Fiber: Uma história Novas Espécies 4
FanficQuando Fiber foi libertado do laboratório Mercille no Colorado, ele encontrou a sociedade das Novas Espécies estabelecida. Mesmo com todo o apoio da ONE, Organização das Novas Espécies, Fiber sente que não se adaptou totalmente ao mundo. Sente-se ma...