Fiber levou Aruana novamente ao ginásio. Ele mostrou os esportes que eram desenvolvidos, mas ela se interessou pelo treinamento de luta.
Como fora na luta entre Fiber e Blade, Aruana confirmou que o treinamento era muito violento.
Ela vira no ano anterior os Novas Espécies reagindo a um ataque na França; a luta fora animalesca e os terroristas não tiveram a mínima chance.
Ela deu uma olhada no homem ao seu lado, imaginando-o lutando como um animal selvagem. O mesmo homem que quase a matara de prazer mais cedo.
Ele a deixou tirar fotografias e ela fez questão de tirar muitas dele. Queria ter algo para recordar quando voltasse para São Paulo.
Fiber balançou a cabeça.
— Por que tantas fotografias minhas?
— Porque você é lindo.
— Hum. - resmungou, mas tocou seu rosto. — Acabou?
— Vai me mostrar o treinamento com armas?
— Não.
— Então acabei.
— Preciso voltar para o escritório. Quer voltar comigo?
— Não irei te atrapalhar?
— Não.
— Eu gostaria de escrever um pouco. - ela notou o olhar de decepção dele e falou rapidamente. — Só preciso buscar meu notebook.
— Certo.
Passaram pela cabana de Creek e Aruana pegou seu notebook e outro cartão de memória para uma das câmeras.
No caminho para os escritórios notou que Fiber foi parado várias vezes por outros Novas Espécies. Ele parecia ter muitas responsabilidades e ela se perguntou se não o estava atrapalhando.
— Você é muito ocupado, não é?
— Sou.
— E me acompanhar não está atrasando o seu trabalho?
Ele lhe deu um olhar curioso.
— Estela não pôde, então prefiro que seja eu.
Aruana torceu a boca.
— Para me vigiar de perto? Acha que eu xeretaria por onde não pudesse?
— Com certeza.
Ela parou de andar. Ele notou e se virou para ela.
— Vocês acham isso mesmo?
— Temos cuidado com a imprensa.
Aruana pousou as mãos na cintura.
— Têm dúvidas das minhas intenções?
Fiber hesitou um instante.
— Não é sobre você.
— Há algo aqui que eu não posso ver?
Ele se aproximou dela.
— Te mostrei toda a colônia.
— Por que ter cuidado, então?
— Nossas interações com humanos não são sempre boas.
Ela o encarou. Sabia quando escondiam algo dela.
— Eu prometo que serei muito justa na minha reportagem.
Estendendo a mão, Fiber acariciou o seu rosto. Aruana se arrepiou com a mão rugosa.
— Nem sempre o justo é o certo.
— O que você...
— Vamos. Preciso checar uns relatórios.
Ela o acompanhou, mas sua curiosidade foi despertada. O que as Novas Espécies receavam que fosse descoberto? Lembrou que eles esconderam a existência das suas crianças por anos.
Chegaram no prédio dos escritórios e Aruana pediu a Fiber para passar no departamento de TI.
— Oi. - ela falou para um Nova Espécie. — Queria notícias de Estela.
— Oi, estou aqui. - falou Estela saindo de uma saleta.
— Não sabia se estaria aqui.
— Peace quis ir para a creche. Ele não gosta de ficar sem amiguinhos.
— Ele está bem?
— Está ótimo. Meu filho tem uma certa facilidade em se machucar. Puxou ao pai.
— Fico feliz.
— Posso te acompanhar amanhã. - ela olhava para Fiber enquanto falava e algo a fez completar. — Se Fiber achar que está bom, claro. Aruana olhou para Fiber, esperando sua resposta.
— Posso acompanhá-la.
Aruana teve uma ideia.
— Será meu último dia. Acho legal ter a visão de uma mulher.
Ele franziu a testa.
— Não quer que eu te acompanhe?
Um silvo soou na sala e Aruana procurou sua origem. Em uma mesa no fundo da sala, Leona os olhava, os olhos dourados brilhando perigosamente. Estela pigarreou e segurou o braço de Aruana.
— Faça o seguinte: me avise mais tarde.
— Tudo bem.- olhou para Fiber. — Vamos?
Os dois saíram para o corredor e Aruana esperou entrarem no escritório dele para comentar.
— A Leona parecia bem chateada. - ele apenas arqueou uma sobrancelha. — Tem certeza de que não tem um relacionamento com ela?Fiber encarou Aruana. Tinha sido claro com ela e estranhou que perguntasse novamente.
— Eu te disse: somos amigos.
— Mas ela está chateada.
— Não pertenço a Leona.
Ela o olhou, parecendo confusa.
— Não precisa pertencer para ter um caso.
Ele se sentiu incomodado com o comentário. Queria que Aruana lhe pertencesse.
— Eu não estou mentindo. Não me acasalei com ela, apenas compartilhamos sexo algumas vezes. - os lábios de Aruana se torceram. — O que foi? - ele perguntou.
— Você costuma compartilhar sexo com suas amigas?
— Sim.
Ela abriu a boca.
— Com amigas daqui?
— Sim, com algumas.
— Nossa!
— Qual o problema?
— Todos os Novas Espécies curtem amizades coloridas?
— Coloridas? - ele não a estava entendendo.
— É. Amigos com benefícios... sexuais.
— Entendo. - respirou fundo. — Os espécies veem o sexo como algo bom que pode ser compartilhado para agradar a si mesmo e à fêmea.
— Sei... - ela balançou a cabeça e colocou seu equipamento sobre o sofá. — Preciso começar a trabalhar.
Ele deu um passo para ela.
— Sei que as humanas são diferentes sobre sexo.
— Muitas humanas pensam como vocês.
Fiber franziu o cenho. Aquilo não o agradou.
— Me disseram que as humanas são mais reservadas.
Aruana apertou os lábios.
— Eu fui reservada?
Ele não respondeu. As fêmeas espécies eram livres para ter sexo com quem desejassem, mas de repente se sentiu afetado pela pergunta dela.
— Não.
— Então está tudo certo. Você transa com suas amigas, eu transei com você... Amanhã poderemos transar com outros.
— Não.
— Não?
— Amanhã você só terá a mim.
Ela o encarou por um instante e depois bateu as mãos nos quadris.
— Esqueça o que eu disse. Não tenho que me preocupar com isso. Amanhã irei embora e você pode voltar para Leona.
Ele estendeu as mãos e a puxou para si.
— Não sinto vontade de compartilhar sexo com outra fêmea.
— Não tenho nada a ver com isso. Você é livre.
Fiber segurou sua nuca.
— Não quero mesmo.
Ele sabia que estava sendo muito sincero. Não conseguia se ver fazendo sexo com outra.
— Mas depois vai querer.
— Por que diz isso? - sentiu seu temperamento aflorando. — Quer ter sexo com outro macho?
Ela o encarou atentamente.
— Eu... Um dia eu terei alguém.
Um rosnado escapou de seus lábios.
— Não.
— Fiber, depois de amanhã seguiremos nossas vidas.
— Não fez amor comigo?
— Ué, fiz.
— Eu fiz amor com você. Foi a primeira vez.
— O quê? Como assim?
Um sentimento preencheu sua mente, um que nunca tivera.
— Antes, eu só compartilhei sexo.
A boca de Aruana se abriu.
— Você... nunca...
— Foi diferente.
Ela abriu e fechou a boca, mas permaneceu em silêncio. Fiber acariciou seus lábios com o polegar.
— Um amigo meu, Jaded, dizia que uma loucura acometia os espécies por causa das humanas.
— Loucura?
— Sim. Ele também ficou louco; acasalou com uma humana e tem um filho.
Aruana beijou seu polegar e ele abaixou o rosto. Antes que a beijasse, ela segurou seu rosto.
— O que está tentando me dizer, Fiber?
Ele beijou as mãos dela.
— Não sei. Eu sinto... Quero ficar com você, te tocar... Fazer amor com você.
O olhar de Aruana se tornou meigo e ela suspirou.
— Vou embora amanhã...
— Não vá.
— Eu preciso ir... A reportagem...
— Não pode fazer aqui?
Ela ficou em silêncio por um longo instante.
— É loucura...
Ele beijou seus lábios rapidamente.
— Ficaremos loucos juntos, então.
Aruana sorriu, mas parecia perplexa.
— Está falando sério?
— Fique mais um tempo.
— Mas...
— Fique. - ela mostrava no olhar sua confusão.
— Fique, doçura.
Fiber capturou os seus lábios e a beijou, tentando passar para ela o que sentia. Conheciam-se há dois dias apenas, porém nunca vivenciara aquelas sensações que o dominavam quando estava com ela. Abaixou os braços e segurou seus quadris colando seus corpos. Aruana passou os braços por seu pescoço, aconchegando-se nele.
Ele não sabia quanto tempo ficaram ali, mas quando ela suspirou em sua boca, ele se afastou.
— Fica?
Aruana respirou fundo e, com o rosto muito sério, sussurrou.
— Fico...
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Fiber: Uma história Novas Espécies 4
FanfictionQuando Fiber foi libertado do laboratório Mercille no Colorado, ele encontrou a sociedade das Novas Espécies estabelecida. Mesmo com todo o apoio da ONE, Organização das Novas Espécies, Fiber sente que não se adaptou totalmente ao mundo. Sente-se ma...