Parte 1

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Os pais de Pat e Pran sempre foram amigos, cresceram juntos, estudaram juntos, foram para faculdade juntos.
Mesmo sendo de cursos rivais, isso nunca atrapalhou a amizade deles.

Quando se formaram, ambos foram trabalhar nas lojas dos seus pais. Eles vendiam produtos similares em zonas diferentes da cidade e nunca tiveram problemas, inclusive eles se ajudavam na compra de materiais e indicavam fornecedores e clientes um para o outro.

Suas namoradas ficaram amigas e eles casaram em uma cerimônia dupla, compraram casas vizinhas e, para alegria de todos, as esposas engravidaram na mesma época e as crianças nasceram com poucas semanas de diferença.

Eles eram muito unidos e as famílias se amavam.

Era uma tradição fazer reuniões semanais para jantar e os bebês eram colocados no mesmo berço.

O bebê Pat costumava dormir com o bracinho na cara do bebê Pran, que resmungava um pouco e dormia depois.

Quando o bebê Pat descobriu como apertar o bebê Pran, essa era sua alegria, até o dia que ele revidou, mordendo com os dois únicos dentinhos que tinha. Nessa época, Pat ganhou um bichinho de pelúcia para apertar ao invés do outro bebê.

Pat começou a andar primeiro e adorava ir até o bebê Pran para roubar seus brinquedos e o outro chorava. Um dia, ele descobriu que podia bater no garoto chato que pegava suas coisas. Pat chorava e Pran não se importava. Só um pouco, na verdade.

Suas mães os repreendiam e diziam que eles tinham que ser amigos.

As primeiras palavras de Pat foram: mamãe, papai e Pan, ele tinha dificuldade com a letra R. Pran demorou um pouco mais para falar e aprendeu a dizer: mamãe, papai e Pat-para, pois foram muitas as vezes que ouviu os adultos dizendo "Pat, para! Não faz isso!" Na sua cabecinha de bebê, esse era o nome dele.

Com quatro anos, os dois ganharam bicicletas de Natal e os pais já tinham combinando de se encontrarem na rua para ensinar aos filhos como andar nelas. Pran entendeu rápido como deveria pedalar. Apesar da sua dificuldade, Pat não desistiu e descobriu que podia ser mais rápido do que o vizinho.

Eles viviam disputando corridas na calçada e geralmente Pat ganhava, até o dia que Pran aprendeu a se equilibrar sem as rodinhas laterais.

Pat olhava admirado, porque para ele era assustador andar só em duas rodas. Pran se gabava do seu feito e as outras crianças do parquinho tinham inveja.

"Você tem medo de cair?" Pat perguntou um dia.

"Eu não! Eu sou muito bom!" Pran respondeu com toda convicção que existia dentro do seu corpinho infantil.

"Como você faz?"

Pran não queria explicar para ele, não queria dividir seus méritos e suas conquistas, mas era chato não ter com quem disputar corridas de verdade. Então ele desceu da sua bicicleta e pediu para que Pat subisse, mas ele se afastou com medo. Frustrado, Pran tentou mostrar como ele fazia.

"Eu vou andar e você olha. Tem que segurar forte e pedalar." A bicicleta saiu em zigue-zague e o menino quase caiu; Pat correu atrás dele, mas Pran conseguiu se aprumar e gritou: "Viu? Não é difícil!"

Pat tomou coragem e subiu na bicicleta quando o vizinho voltou. Pran usava toda sua força para segurar a bicicleta em pé, mas Pat mal saía do lugar e já tombava.

"Eu não consigo! Não funciona comigo!" Ele fazia um biquinho chateado.

"Pedala forte, igual quando a gente corre!" Pran deu dois tapinhas nas costa dele.

"Não sei fazer isso!"

"Você é um bobão!" Pran se irritava quando Pat choramingava e sempre perdia a paciência.

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